Histórias do Mar

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Reportagem

Mortes, mistérios e polêmicas: outros oito iates que deram o que falar

O superiate Bayesian, do bilionário inglês Mike Lynch, que afundou estranhamente após ser colhido por um fenômeno meteorológico anormal no litoral da Sicília, na semana passada - resultando na morte de sete pessoas, incluindo o próprio magnata -, não foi o primeiro barco do gênero a viver uma catástrofe, nem a chamar a atenção do mundo por conta de algo incomum.

Veja aqui outros oito casos envolvendo grandes iates, que, por diferentes motivos e em diferentes épocas, também viraram notícia mundo afora.

Splendour
Palco da estranha morte da atriz

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Imagem: Reprodução

Na madrugada de 29 de novembro de 1981, a atriz americana Natalie Wood, estrela de Hollywood, morreu afogada nas imediações da Ilha Catalina, na costa da Califórnia.

Ela havia ido passar o fim de semana a bordo do iate do seu marido, o também astro Robert Wagner, tendo como companhia no barco, além do capitão Dennis Davern, o também ator Cristopher Walken.

O corpo de Natalie Wood foi encontrado ao lado do bote inflável do barco, no qual ela tentara subir e não conseguira, após cair do iate.

Mas, como ela caiu no mar?

Na ocasião, a morte da atriz foi classificada como "acidental", pela Polícia.

Porém, 30 anos depois, o capitão do barco revelou que havia omitido da Polícia que, na noite em que Natalie Wood morreu, ela havia tido uma discussão com o marido, possivelmente por ciúmes dele contra Cristopher Walken, com quem a atriz estava contracenando em um novo filme.

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Surpreendido pelo teor do depoimento do capitão, Wagner admitiu ter havido uma "leve discussão" com a atriz, antes dela sumir do iate. Mas negou que a tivesse jogado no mar.

Com a suspeita de que a morte de Natalie Wood pudesse ter sido um homicídio, e não um acidente, a Polícia reabriu o caso, e alterou a causa da morte para "fatores indeterminados" - versão que passou a vigorar para sempre.

É certo que Natalie Wood morreu afogada, por não conseguir voltar para o barco.

Mas a pergunta que jamais foi respondida é: como ela foi parar na água?

Isso nunca foi explicado.

Al Mansur
O iate que Saddam Hussein jamais usou

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Imagem: Reprodução
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Os visitantes da cidade de Basra, a terceira maior do Iraque, costumam ficar intrigados quando veem um grande iate enferrujado e semiafundado, na confluência dos rios Tigre e Eufrates, que banham a cidade. O que teria acontecido com aquele que parecia ter sido, um dia, um lindo barco?

Mas, impressionados mesmo eles ficam quando descobrem que aquele barco de linhas elegantes reduzido a sucata é o que restou do Al-Mansur ("Vitorioso", em árabe), um dos ex-iates particulares de Saddam Hussein, o ex-todo poderoso ditador iraquiano, deposto em 2003 - mesma época em que o seu iate foi bombardeado por aviões americanos, enquanto tentava se esconder no porto de Basra.

O Al-Mansur, de 120 metros de comprimento, mais parecia um palácio flutuante. Tinha, inclusive, mobiliários folheados a ouro. Mas, após a deposição de Saddam, foi totalmente saqueado pelos moradores da cidade, como vingança contra os anos de atrocidades sofridas nas mãos do didator.

O mais curioso é que, embora tenha sido construído a mando do próprio Saddam, o ex-líder iraquiano jamais usou o Al-Mansur.

Ele preferia outro de seus iates particulares: o Basrah Breeze, que, entre outras excentricidades, tinha um lançador de mísseis e um corredor secreto que poderia conduzir a um submarino, caso o seu dono precisasse fugir sem ser visto.

Hakuna Matata
Cenário de assassinatos

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Imagem: Reprodução

Em 1999, no auge do sucesso nas quadras, o jogador de basquete da NBA Brian Carson Williams - que brilhava sob o nome "Bison Dele" - resolveu jogar tudo para o alto - a carreira, a fama, os contratos milionários - e sair viajando pelo mundo.

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Três anos depois, quando estava no Taiti, ele decidiu comprar um grande veleiro e viajar com ele até o Havai, tendo como companhia a namorada, a também americana Serena Karlan, e um comandante francês, já que ele não sabia velejar.

Seriam só os três a bordo. Mas, pouco antes de partir, Bison teve uma desagradável surpresa: seu irmão, Miles Dabord, com quem ele não se dava, chegou ao Taiti e pediu para ir junto na viagem.

Bison relutou, mas acabou aceitando a presença do irmão no barco. Ele jamais deveria ter feito isso.

Dez dias após a partida, preocupados com a falta de notícias da filha, os pais da namorada de Bison Dele entraram em contato com a Guarda Costeira, que começou a procurar o barco.

Logo, ele foi encontrado, em uma marina do próprio Taiti, mas com outro nome, depois de chegado sendo conduzido por um homem cuja descrição coincidia com a do irmão do ex-jogador - que foi embora e nunca mais voltou.

Dois meses depois, a família de Bison recebeu um telefonema do gerente de um banco nos Estados Unidos, dizendo que um homem estava tentando comprar uma grande quantidade de ouro em nome do ex-jogador desaparecido, usando para isso o passaporte dele.

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Avisada, a Polícia foi ao local e deteve o suspeito.

Era Miles Dabord, que, no entanto, não foi preso, porque não havia uma acusação formal contra ele.

Mesmo assim, Dabord fugiu para o México, e, de lá, ligou para a mãe, dizendo que não havia feito nada contra o irmão, mas que "não conseguiria sobreviver em uma prisão" - como uma espécie de confissão.

Dias depois, ele foi encontrado, desacordado, perto de uma praia mexicana, vítima de uma tentativa de suicídio, e morreu em seguida, em um hospital, após contar uma fantasiosa versão de que o irmão teria caído do barco no mar, juntamente com a namorada e o capitão francês - algo impossível de se acreditar.

Ao contrário do irmão, que alcançou fama mundial graças ao talento na sua profissão, Miles Dalbord morreu como um infame assassino de toda a tripulação do Hakuna Matata.

Alfa Nero
Abandonado pelo dono

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Imagem: Reprodução
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Quando a Rússia invadiu a Ucrânia, dois anos atrás, nada menos que 12 megaiates de bilionários russos foram confiscados mundo afora, como sanção internacional contra a invasão.

Um daqueles iates foi o Alfa Nero, que pertencia ao bilionário russo Andre Guryev, que, no entanto, sempre negou ser dono do barco.

Abandonado na ilha de Antígua, no Caribe, o Alfa Nero passou dois anos oficialmente sem dono, até que, dois meses atrás, foi vendido, através de leilão, por US$ 67 milhões (quase R$ 370 milhões) ao magnata americano Eric Schmidt, ex-executivo da Google.

O problema parecia resolvido. Mas não.

Dias antes de fazer o pagamento, Schmidt desistiu do negócio, e o lindo iate - cuja piscina, quando vazia, vira pista de dança ou heliponto - voltou a ficar sem dono.

Foi quando apareceu a filha de Andre Guryev, Yulia, alegando que é a verdadeira dona do iate e quer recuperá-lo.

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Para tanto, ela entrou com uma ação na justiça de retomada de posse, que ainda será julgada.

Os próximos capítulos da novela em que se transformou o megaiate sem dono prometem ser ainda mais empolgantes.

Luminosity
Sem dono e sem uso

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Imagem: Reprodução

O megaiate Luminosity, avaliado em cerca de US$ 200 milhões (R$ 1,1 bilhão), também pertence ao russo Andre Guryev, dono não declarado do Alfa Nero (acima).

Mas ele igualmente nega isso.

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O barco havia sido encomendado por um bilionário árabe, que, no entanto, decidiu vender o superiate antes de recebê-lo.

Guryev, então, comprou o barco, mas, antes que pudesse estreá-lo, houve a invasão russa à Ucrânia e o iate ficou preso em uma marina de Montenegro, onde está até hoje, dois anos depois - sem nunca ter sido usado.

Taconite
O barco no qual morreu o rei dos aviões

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Imagem: Reprodução

Pouca gente sabe, mas o americano William Boeing, criador da mais famosa fábrica de aviões da História, que leva o seu sobrenome, morreu no ambiente oposto ao que lhe trouxe fama mundial: o mar, em vez do ar.

Em 28 de setembro de 1956, anos após deixar o comando do maior conglomerado aeronáutico do mundo - e trocar a mansão onde vivia por um bonito barco da época, que passou a ser a sua casa -, Boeing, então com 74 anos, sofreu um ataque cardíaco quando navegava próximo à cidade de Seattle, nos Estados Unidos, e morreu a bordo do seu iate, o Taconite, que ele mandara construir - e que, não por acaso, foi o primeiro barco civil do mundo a possuir radar, equipamento, até então, praticamente restrito aos navios e aviões.

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O homem que passou quase a vida inteira voando, morreu navegando.

Atualmente, o Taconite é alugado para passeios na região de Seattle, e todos querem conhecer a suíte na qual morreu o "Rei dos Aviões".

Amadea
O iate que os EUA querem se livrar

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Imagem: Reprodução

Após ser apreendido, pelos Estados Unidos, quando da invasão da Ucrânia pela Rússia, este lindo iate, o Amadea, do oligarca russo Suleiman Kerimov, se tornou uma batata quente nas mãos dos americanos.

Tudo por que, ao assumir o barco e levá-lo para San Diego, na Califórnia, onde se encontra até hoje, o governo dos Estados Unidos passou a gastar cerca de US$ 1 milhão por mês (cerca de R$ 5,5 milhões) apenas para manter o iate em bom estado.

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Isso fez com que, recentemente, o governo americano tenha pedido à justiça permissão para vendê-lo, e assim se livrar do problema.

Com 106 metros de comprimento, oito suítes e mimos como salão de beleza, cinema e adega a bordo, o Amadea está avaliado em US$ 230 milhões (quase R$ 1,3 bilhão), o que até explica por que sua manutenção custa tão cara.

O caso ainda não foi julgado. E até que isso aconteça, caberá ao governo americano continuar gastando uma fortuna por mês apenas para manter o iate que confiscou do russo.

De certa forma, não deixa de ser uma espécie de vingança do seu ex-dono.

Joyita
O maior dos enigmas

FOTO 8

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Na manhã de 3 de outubro de 1955, o Joyita ("Pequena Joia", em espanhol), ex-iate particular do diretor de filmes de Hollywood Roland West, que batizara o barco em homenagem a sua amante, a atriz Thelma Todd (que, mais tarde, seria encontrada morta dentro de um carro, num episódio jamais esclarecido, mas que teve West como principal suspeito), foi encontrado à deriva, numa região a centenas de milhas da sua rota original e sem ninguém a bordo, após ter sido vendido à um inglês falido, que o transformou em barco de transporte de carga e passageiros no Pacífico Sul.

Mas isso só aconteceu mais de um mês após a data em que ele deveria ter chegado ao seu destino, o que só fez aumentar o enigma do que teria acontecido com o Joyita?

Por que os ocupantes daquele ex-iate teriam abandonado o barco se ele estava repleto de comida e combustível? E o que aconteceu com as 25 pessoas que havia a bordo?

Estas foram apenas algumas das perguntas que jamais tiveram respostas, neste que é considerado um dos maiores enigmas marítimos do Oceano Pacífico, como pode ser conferido por inteiro clicando aqui.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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