Mais jovem remador a cruzar o Pacífico a remo é eleito Aventureiro do Ano

Por pouco não termina mal

Na época, a façanha lhe rendeu a admiração até dos maiores remadores oceânicos do planeta e a entrada para o Livro dos Recordes.

E, agora, veio outro prêmio: o de Jovem Aventureiro do Ano de 2024, concedido pela Associação Geográfica da Austrália, título que ele comemorou quase tanto quanto quando terminou aquela longa jornada de 456 dias no mar, sendo 265 deles remando sozinho no maior oceano do globo terrestre.

Mas que, por pouco, não terminou mal.

Foi resgatado nu

No 456º dia daquela viagem, quando já havia enfrentado ventos e correntezas que ora faziam o seu pequeno barco (com casco de madeira e pouco mais de sete metros de comprimento, no qual só havia uma pequena cabine para ele se abrigar) voltar para trás, ora o desviavam completamente da rota original (como quando foi parar em um esquecido atol das Ilhas Cook, onde passou quatro meses aguardando a chegada de suprimentos, para poder seguir viagem), uma onda gigante fez o seu barco virar.

E o obrigou a passar 14 horas sobre o casco emborcado, após pedir socorro por meio de um aparelho eletrônico - o único que ele tinha a bordo, por sinal, já que Tom também fez questão de navegar à forma antiga, com um sextante em vez de satélites e GPS.

Quando o navio de cruzeiro Pacific Explorer, que recebeu o pedido de socorro, chegou para resgatá-lo, Tom tremia descontroladamente de frio, já que ainda por cima estava nu - porque não deu tempo nem de pegar uma muda de roupa, na hora em que o barco emborcou no mar.

"Embarquei no navio completamente constrangido, por estar sem roupa. Mas fui aplaudido pelos passageiros", escreveu ele mais tarde no blog do seu site, onde narra toda a viagem.

Já tinha completado a travessia

Por conta do acidente, a travessia do jovem australiano, então com 24 anos de idade, terminou ali mesmo, pouco antes de ele chegar à Austrália, como havia planejado, já que seu barco teve que ser abandonado no mar.

Mas, tecnicamente, a travessia do oceano Pacífico - 7 500 milhas náuticas, ou pouco menos de 14 000 quilômetros - já havia sido completada, o que lhe rendeu o título de mais jovem remador a realizar tal façanha, além do prêmio de aventureiro do ano, agora recebido.

Nem músicas ouvia

Durante o tempo em que passou sozinho no mar, remando sem parar (para se distrair, nem músicas ele ouvia, porque preferia os sons da natureza), Tom viveu experiências curiosas.

Como quando chegou à ilha de Espírito Santo, em Vanuatu, e o oficial da imigração não acreditou que ele tinha vindo desde o longínquo Peru com um barco a remo.

Ou quando ganhou o nome Mahuta Hoehoe Asanga (algo como "O guerreiro que remou de longe"), honraria concedida pelos habitantes de uma ilhota da Polinésia que não recebia a visita de estrangeiros havia anos.

Comia sempre a mesma coisa

Durante toda a jornada, Tom comeu sempre as mesmas coisas, já que o espaço em seu acanhado barco era bem limitado: uma tigela de aveia no café da manhã, um wrap com manteiga de amendoim no almoço, e comida desidratada no jantar - além de muito peixe cru, que ele ia pescando pelo caminho. Para beber, água do mar dessalinizada, por meio de um aparelho manual e portátil.

"Foi uma viagem maravilhosa, embora desafiadora", reconheceu o australiano, que jamais se arrependeu daquela ideia que teve aos 14 anos de idade, e que parecia maluca demais para dar certo. Mas deu.

Agora, quer dar a volta ao mundo

Tanto que ele, agora, já se prepara para uma ousadia ainda maior e inédita: tornar-se o primeiro homem a dar a volta ao mundo navegando com um barco a remo.

"Eu podia ter escolhido um oceano menor para atravessar, como o Atlântico ou o Índico. Mas escolhi o Pacífico, justamente porque é o maior do mundo. Agora, quero ir além disso", diz o destemido jovem australiano.

O incrível resgate do último a tentar isso

Se conseguir circum-navegar todo o globo terrestre com um barco a remo, Tom Robinson se tornará a primeira pessoa a realizar tal feito.

Outras, porém, já tentaram. Mas ficaram pelo caminho.

A tentativa mais recente aconteceu pouco mais de três anos atrás, quando o americano Aaron Carotta, um ex-repórter de TV de 43 anos, foi obrigado a desistir da jornada ao ter o seu barco virado por grande onda no meio do Oceano Pacífico, como também aconteceu com Tom Robinson.

Ele também precisou ser resgatado no meio do oceano, mas, no seu caso, isso só aconteceu graças a um incrível golpe de sorte, como pode ser conferido clicando aqui.