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Além do arco-íris: Parada do Orgulho LGBT+ mostra força do turismo queer
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Após dois anos acontecendo virtualmente, neste domingo (19), a Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo voltou às ruas em sua 26ª edição em um ano eleitoral e perigoso para a democracia trazendo o tema "Vote com orgulho - por uma política que representa". A ideia é estimular que a comunidade escolha representantes que pautem políticas públicas afirmativas e se engajem na promoção dos direitos humanos.
E o que isso tem a ver com turismo? Mais do que se imagina.
Em 2019, a Parada LGBT+ movimentou mais de R$ 400 milhões para a economia da cidade, segundo a prefeitura. O público foi estimado em cerca de 3 milhões de pessoas pela organização do evento, um aumento de 40% em relação a 2018.
É a maior do mundo. E a programação da Parada conta ainda com feira cultural, debates, palestras, outras marchas e caminhadas e um prêmio da organizadora do evento às pessoas físicas e jurídicas que fizeram algo em prol da comunidade no último ano.
Segundo pesquisa do Observatório de Turismo de SP de 2019, o aumento de turistas para o evento foi de 78% em dois anos e seu gasto médio saltou quase 47%, chegando a R$ 1.634. As visitas incluíram também atrações turísticas como MASP, Parque do Ibirapuera, Rua 25 de Março e a própria Avenida Paulista, que recebe a marcha. Só com turismo, a movimentação financeira foi de R$ 313 milhões.
Ou seja, o impacto é imenso. Não à toa, a Parada LGBT+ é o terceiro maior evento de São Paulo em número de visitantes, ficando atrás somente do Carnaval e da Virada Cultural, segundo o Visite SP. Isso, na maior metrópole do país e uma das maiores do mundo, significa muito para o turismo. No mundo, os eventos de Pride contam com atuação ainda mais forte do mercado turístico, inclusive na divulgação. É chamariz para viajantes.
Por que existe Parada LGBT+?
A história começa no bar gay Stonewall Inn, em Greenwich Village, o bairro gay de Nova York, que foi adquirido pela máfia em 1966. Era crime ser gay em 49 dos 50 estados dos EUA e, para recolher propina, a polícia fazia batidas violentas, chegando a conferir se a genitália correspondia ao visual da pessoa.
Em 28 de junho de 1969, as 205 pessoas que estavam no bar se rebelaram. Foram 5 dias de conflito com mais de 1.000 pessoas dentro e fora do bar e, pela primeira vez, a comunidade saiu vitoriosa. 28 de junho se tornou o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ por conta da Rebelião de Stonewall. A partir de 1970, ocorreram as primeiras marchas do orgulho para celebrar a data.
Parada de todo tipo
Ao longo dos anos, especialmente na América do Norte e na Europa, as Prides cresceram, com luta por direitos unida à celebração do orgulho de ser quem se é. E cada localidade fez suas adaptações. Em Las Vegas, ela acontece à noite por conta do calor. Já em Tel Aviv, em Israel, acontece à beira-mar com megashows — um oásis no preconceituoso Oriente Médio.
Pelo Viaja Bi!, visitei algumas Prides, todas com atmosfera festiva. As marchas latinas, como de Bogotá e Buenos Aires, têm o público ao lado dos carros de som e costumam ser mais politizadas, parecidas com a Parada de SP. São destinos progressistas em legislação, mas com muito a avançar.
Em algumas cidades pequenas não há marcha, como em Naples, na costa oeste da Flórida, que tem um festival numa praça, com presença de toda comunidade, não só LGBTQIA+. Mesmo menores, há atrações como drags do reality show RuPaul's Drag Race.
Já os eventos europeus e norte-americanos em cidades maiores, como Nova York e Fort Lauderdale, costumam ter um desfile que o público só assiste passar e um festival com música e comércios, em sua maioria de membros da comunidade. Nessas Prides, a presença de empresas e ONGs locais é massiva. Já em Amsterdã, o desfile é icônico e acontece em barcos pelos canais.
Deslize a galeria abaixo e veja algumas imagens de Paradas pelo mundo:
Megaeventos de orgulho
Para estimular o turismo, as organizações de Prides começaram a criar megaeventos. É o caso da EuroPride, que ocorre todo ano em alguma cidade europeia. Em setembro, o destino será Belgrado, capital da Sérvia. Já o continente americano terá sua primeira Pride of the Americas em fevereiro de 2023, em Fort Lauderdale.
Em escala mundial, é também celebrada a WorldPride, que já passou por Roma, Jerusalém, Londres, Toronto, Madri, Nova York e Copenhagen. Em 2023, será a vez de Sydney e, em 2025, Taiwan
O impacto no turismo global não se limita às paradas. O Gay Games, uma espécie de "Olimpíadas Gay", também tem um destino a cada edição. Na última, em Paris, a delegação brasileira fez bonito e conquistou 24 medalhas em sua primeira participação.
Com tantos destinos, culturas, pessoas e particularidades, só dá vontade de viajar. Então, viaja, bi!
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