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Praia de nudismo, hotel naturista e hostel são opções LGBTQIA+ no Uruguai
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Depois de Montevidéu, que celebra a diversidade sexual até em uma praça, aproveitei o restante das minhas férias para explorar outros destinos do Uruguai e descobri experiências para quem gosta de ficar pelado e até um hostel LGBTQIA+ em uma área isolada que super vale visitar, tudo isso do lado leste do Uruguai, entre Montevidéu e Chuí, a conexão uruguaia com o Brasil.
Antes de seguir essa viagem, aproveito para recomendar a visita à Colonia del Sacramento, que fica do lado oeste do país, a cerca de duas horas da capital. É uma cidadezinha linda, com influências portuguesas e espanholas e que respira charme. Dá para fazer um bate e volta, mas eu escolhi pernoitar por lá e não me arrependi.
Já do lado leste do país, foco desta coluna, o principal destino é Punta del Este mas a ferveção é grande na alta temporada, que começa a partir do fim do ano e alcança seu pico em janeiro e fevereiro. Esse é um destino que vale fazer de carro, pois para além da península, onde ficam os principais pontos turísticos, tudo fica meio distante e o transporte público nem sempre vai te ajudar muito.
Por exemplo, para visitar o museu Casapueblo, um dos principais cartões postais de Punta e que fica na região de Punta Ballena, só com carro alugado ou de aplicativo. Mas é uma visita linda, especial para conhecer a história, a obra e a casa do artista Carlos Páez Vilaró. Vale a pena fazer no fim da tarde para curtir o pôr do sol. Integrado ao museu, fica o Clube Hotel Casapueblo, onde me hospedei por uma noite. É uma experiência incrível e que recomendo. Hóspedes têm desconto na entrada no museu.
Depois de tomar o café da manhã bem servido no hotel, fica perto seguir para a praia naturista Chihuahua, a cerca de quinze minutos de carro, mais próximo do que saindo da península de Punta del Este. Já conto mais da praia em si, mas antes quero contar que é lá que fica um hotel naturista exclusivamente para homens gays, e onde também fiquei hospedado, por duas noites.
O Hotel Undarius foi inaugurado em 2013 pelo casal gay Mario e Francisco depois de uma temporada em Barcelona e tem a proposta de receber viajantes gays — do Uruguai e internacionais — em um espaço acolhedor com cara de hotel boutique. Quase todas as áreas do hotel, com exceção do restaurante e da recepção, são clothing optional, ou seja, roupas são opcionais.
Um jardim com muito verde confere certa privacidade a quem está na área da piscina climatizada a cerca de 26º C. A jacuzzi, colada à piscina, conta com cortininhas de plástico que protegem do vento — vale ressaltar que, no Uruguai, o vento é sempre muito presente — e confere ainda mais privacidade para quem quiser aproveitar sua estadia de outras maneiras.
Mas é uma experiência com uma proposta bem libertária, na verdade. Todas as acomodações, dispostas em um deck superior e no piso térreo, são viradas para a piscina e o jardim. Então, quem quiser privacidade tem, mas quem não quiser, é só não fechar a cortina e a porta, se é que me entendem.
São três tipos de quartos, sendo o duplo, para um casal, o mais comum. O duplo superior, que foi o que fiquei a convite do hotel, tem uma segunda cama de solteiro além da king size e uma bancada com chaleira, frigobar e alguns utensílios de cozinha. O terceiro tipo de quarto é o compartilhado no estilo de hostel. É um quarto duplo e de um lado ficam quatro camas e do outro armários individuais grandes, uma sala de estar, o banheiro e uma ducha dupla.
Para quem busca ferver, é uma pedida ideal no verão, até porque a diversão se estende para a praia. A Chihuahua é uma praia naturista, com nudez obrigatória. Agora, em outubro, com bastante frio, há gente vestida também, mas porque não tem como, é muito vento.
A praia tem faixa de areia larga, como temos costume no Brasil. Para o lado direito, pelo menos nessa época, é onde naturistas encontraram refúgio entre alguma vegetação para se protegerem do vento e conseguirem tirar a roupa.
Esse balneário de Chihuahua tem um outro hotel naturista — esse não focado somente no público gay — chamado El Refúgio. E, pelo que me contaram, é uma região de bastante interesse para a comunidade LGBTQIA+ e para casais héteros adeptos de swing. No verão, fica todo mundo junto na praia e com bastante respeito mútuo.
Mas esta praia não é o único destino uruguaio que tem uma hospedagem focada no público LGBTQIA+. Em Barra de Valizas, perto de Cabo Polonio, mais a leste que Punta del Este, fica o Valizas Hostel, administrado pelo casal Leonardo e Ruben, super simpáticos. Apesar de ter estado pertinho dali, eu não consegui visitar nesta viagem por uma questão puramente logística do meu roteiro.
Mas quero voltar à região de Rocha, onde ficam tanto Barra de Valizas quando Cabo Polonio, no verão, e aí certamente vou conhecer esse hostel, que fica a 100 metros do mar e tem uma vibe de muita diversão e acolhimento, piscina externa e interna e com um público bem mesclado de pessoas gays, trans, lésbicas, bissexuais e, quem sabe, até héteros (não tenho nada contra, tenho até amigos que são).
Uruguai: destino para lésbicas
E sabe o que eu achei mais curioso disso tudo? Valizas é uma região mais distante do fervo turístico principal do Uruguai e, mesmo assim, conta com opções para nossa comunidade. Isso é algo que pode ser visto e sentido em todo canto. Além de ser bastante seguro, sem essa insegurança que sentimos com a violência aqui, é um país extremamente friendly. Arrisco dizer que um dos mais friendly que já visitei.
Mesmo em outros destinos como Colonia del Sacramento e na região leste, como a mística Piriápolis ou a isolada Cabo Polonio, a sensação de insegurança por ser um homem gay que já senti em outros países, simplesmente não existiu.
Talvez por isso eu tenha visto tantos casais de meninas em todos esses destinos. Para além da questão LGBTQIA+, as lésbicas enfrentam ainda insegurança por serem mulheres, em muitos locais. E, sendo um país tão seguro e acolhedor, a liberdade para ser quem se é, e demonstrar isso publicamente, aumenta.
Uruguai, ya te extraño mucho.
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