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Com governo Lula, a bandeira do turismo LGBTQIA+ voltará a tremular em paz?
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Há pouco mais de uma semana, o futuro ex-presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi derrotado nas urnas. Sua saída dá um lampejo de esperança para que o turismo LGBTQIA+ — por quatro anos ignorado e desincentivado (para não dizer destruído) pelo seu governo — volte a ser encarado como um importante meio de atrair investimentos para o país.
E não é pouco dinheiro em vista. Já comentei na coluna "Dá para ter orgulho? Bolsonaro ignora o lucrativo setor do turismo LGBTQIA+" que, segundo pesquisas, 15% da renda do turismo internacional vem do setor LGBTQIA+.
Com a mudança de gestão a partir de 1º de janeiro de 2023, o que podemos esperar, então, para o segmento?
Com a falta de divulgação clara de um plano de governo, fui atrás da Secretaria Nacional LGBT do Partido dos Trabalhadores (PT) para tentar sanar as minhas dúvidas sobre o que estava planejado, quais as propostas, as novidades e as metas para o próximo ano.
Já imaginava que, dadas as circunstâncias, essas respostas não viriam fácil. E acertei.
A nota enviada em resposta a essa coluna pouco esclarece em relação a planos e metas, mas recoloca o turismo LGBTQIA+ na pauta o que, de primeira, já é reconfortante depois de o atual Ministério do Turismo quebrar acordos de cooperação, tirar cartilha para o trade turístico de circulação e sumir com textos de seu site sobre o assunto — além de não retornar nossos pedidos de comentários. Diz a nota enviada pelo PT a Nossa:
Temos o entendimento de que o turismo LGBTQIA+ é um dos que mais crescem no Brasil e no mundo, e que é de extrema importância se debruçar sobre este tema para formular e concretizar ações e políticas públicas que ajudem, deem suporte, fortaleçam e fomentem este turismo"
A nota ainda diz que esse trabalho será feito paralelamente à reconstrução necessária dos projetos sociais de combate à LGBTfobia e ao diagnóstico que está sendo feito do cenário atual durante o processo de transição para o novo governo, que inclui as questões orçamentárias.
A situação — já sabíamos há muito tempo — não é das melhores. Depois de uma pandemia e um destrutivo governo, qualquer figura que assumisse teria como principal missão estancar a sangria de desmonte e seria desafiador implementar novos projetos. Mas a nota ressalta que foi durante o governo Dilma que a Embratur passou a promover cidades brasileiras como amigáveis a turistas LGBTQIA+ mundo afora, o que é verdade.
Mesmo sem planos definidos ainda, a Secretaria Nacional LGBT se comprometeu a retomar essa discussão comigo nos primeiros meses de 2023, com definição de metas, prazos, objetivos e dados, dando a profundidade que o assunto pede. E isso já é algo a se considerar reconfortante depois de anos de absoluto descaso.
Tenham certeza que, nos primeiros meses do próximo ano, voltarei com os questionamentos para o Poder Executivo eleito sobre os planos para o turismo queer, pois, na política, não tenho ídolos, mas pessoas eleitas para servir ao povo brasileiro. E zelar pelo nosso turismo é uma de suas atribuições. Que o turismo volte a ser valorizado, que as pessoas LGBTQIA+ voltem a ter sua vida respeitada e possam, novamente, voltar a sonhar.
Confira a íntegra da nota:
"Temos o entendimento de que o turismo LGBTQIA+ é um dos que mais crescem no Brasil e no mundo, e que é de extrema importância se debruçar sobre este tema para formular e concretizar ações e políticas públicas que ajudem, deem suporte, fortaleçam e fomentem este turismo. Ao mesmo tempo que, paralelamente, precisamos reconstruir os projetos sociais de combate a LGBTIfobia, que garantam visibilidade para toda população LGBTQIA+ além de promover a cidadania e a dignidade humana através da educação, geração de renda, acesso à saúde e todos os serviços básicos e fundamentais. Estes são deveres do Estado que certamente o terceiro governo do presidente Lula irá cumprir.
Neste momento, estamos iniciando o processo de transição democrática para o novo mandato do presidente Lula e, nós da Secretaria Nacional LGBT do PT, estamos acompanhando de perto este processo junto dos demais segmentos sociais, desde os estudos para compreender as estruturas governamentais após as sucessivas reformas promovidas pelo atual governo, até mesmo sobre as questões orçamentárias para 2023 e os demais anos do novo governo.
Por isso, estamos buscando compreender de forma técnica e política, as questões acima levantadas e sobre como os projetos para a comunidade LGBTQIA+ e demais segmentos sociais serão implementados e efetivados. O futuro, entretanto, é muito promissor. Foi nos governos do PT, do presidente Lula e da presidenta Dilma, que a comunidade LGBTQIA+ mais conquistou avanços sociais e onde nossas bandeiras de luta eram tratadas com respeito e dignidade. Foram nos governos do PT que a Embratur passou a promover cidades brasileiras como gay-friendly e certamente no novo governo esta pauta voltará a ser tratada da maneira adequada.
Nos colocamos a disposição para que nos primeiros meses de governo, a partir do ano de 2023, voltemos a discutir essa pauta, inclusive de maneira institucional, de forma profunda e qualificada, com dados, objetivos, metas e prazos, podendo assim nos aprofundar de maneira mais eficiente nos questionamentos que você nos colocou."
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