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O primeiro memorial para homossexuais vítimas de guerra fica em Amsterdã
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Considerada uma das cidades mais turísticas do continente europeu, Amsterdã tem também peculiaridades que fazem dela um dos destinos favoritos para viajantes da comunidade LGBTQIA+.
Ela tem uma das Paradas do Orgulho mais icônicas do mundo, que acontecem em barcos por seus canais e é um dos seus maiores eventos, lotando todas as pequenas ruas de gente e de bandeiras do arco-íris.
O evento acontece, geralmente, entre o fim de julho e o começo de agosto. Este ano, será entre 1º e 6 de agosto. Há 4 anos, visitei a cidade pela primeira vez, durante a Pride Amsterdam e foi uma experiência incrível para ter uma visão geral. Mas fiquei com vontade de voltar para entender melhor um monumento "simples", mas que é tão emblemático, que visitei no mochilão que fiz com minha mãe em maio deste ano.
O Homomonument, em resumo muito resumido, é uma homenagem às pessoas LGBTQIA+ que foram vítimas de guerra, especialmente do período nazista, com a união de três grandes triângulos no chão de uma praça, formando um triângulo maior, na cor rosa. É o primeiro memorial queer deste tipo no mundo e que, este ano, completa 36 anos.
A criação do primeiro monumento a homossexuais vítimas de guerra
Em 1979, Bob van Schijndel, um membro do grupo gay de um partido político holandês teve uma insônia das bravas no Dia da Memória (4 de maio) tentando entender por que os gays (neste caso, especialmente homens gays mesmo) que foram vítimas de guerra não tinham um monumento em sua homenagem, assim como os judeus e os ciganos. Aí a gata escreveu e jogou para o mundo sua indignação. E deu resultado.
Mas o processo levou exatamente 100 meses para ser concluído e ter a obra inaugurada no dia 5 de setembro de 1987. Sim, estamos falando de um monumento em homenagem aos homossexuais na década de 1980, enquanto aqui no Brasil a gente tinha acabado de sair de uma ditadura e estava pensando em ter direitos como sociedade, que dirá gays e lésbicas!
Neste período, muita água rolou. O projeto escolhido por um concurso em 1980 foi o da artista Karin Daan e a Câmara Municipal definiu que ele ficaria na pequena praça Westermarkt, pertinho da turística casa de Anne Frank. Até hoje, lá é uma das áreas de show durante a Pride Amsterdam. O mais curioso para mim é que também nesta praça fica a igreja Westerkerk, a maior igreja protestante e um dos símbolos da cidade, finalizada em 1631.
E sua famosa e icônica torre de sinos ostentava, durante a Parada de 2019, uma bandeira do orgulho gigantesca descendo pelo lado de fora. Aquilo foi surpreendente, para mim.
Definido o lugar, começou uma campanha de arrecadação de cerca de 400 mil florins. Vários governos mais que dobraram o dinheiro arrecadado e a construção começou, de fato.
Um olhar para o passado, presente e futuro da comunidade LGBTQIA+
Hoje, uma placa no local, explica a motivação e o simbolismo do monumento:
"Homomonument. Comemora todas as mulheres e homens já oprimidos e perseguidos por conta de sua homossexualidade. Apoia o movimento internacional de lésbicas e gays em sua luta contra o desprezo, discriminação e opressão. Demonstra que nós não estamos sós. Apela a uma vigilância constante. Passado, presente e futuro são representados pelos três triângulos nesta praça, desenhada por Karin Daan, 1987."
Um triângulo aponta para a casa de Anne Frank, representando o passado. O que entra no canal representa o presente e aponta para a Praça Dam e o futuro é representado pelo terceiro triângulo, elevado do chão como um pódio e apontando para a sede da COC a mais importante organização LGBTQIA+ no Países Baixos.
E, assim, o Homomonument presta tributo aos homossexuais do passado, à comunidade LGBTQIA+ do presente e pauta um futuro de muito orgulho.
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