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Estocolmo, que já teve até rainha intersexo, celebra 25 anos de Pride
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Durante o mochilão com minha mãe pelos países nórdicos, uma das cidades mais encantadoras que visitamos foi Estocolmo. Recortada por água formando um grande arquipélago, a moderna cidade divide espaço com prédios da realeza e locais que remetem ao período medieval.
A capital sueca se destaca em várias áreas: moda, tecnologia, cinema, design, indústria de jogos e, especialmente, música. A terra que nos deu o ABBA é também uma superpotência da música pop dos anos 1990. Foi lá que grandes sucessos de Britney Spears e Backstreet Boys nasceram (vide episódio 3 do documentário "This Is Pop", da Netflix).
É um destino aberto a todas as pessoas há muitos anos. Em 1944, a homossexualidade foi legalizada na Suécia, que, em 1972, foi o primeiro país do mundo a permitir alteração de gênero. Apesar disso (e, talvez, por conta disso), a Parada LGBTQIA+ da cidade completa "só" 25 anos em 2023, menos da metade da primeira Pride em Nova York e com dois anos menos que a de São Paulo.
25 anos de orgulho em Estocolmo
O festival Stockholm Pride acontece desde 1998 e é o maior festival do orgulho da Escandinávia, com cerca de 50 mil pessoas. Em 2023, acontece, entre 31 de julho e 5 de agosto:
- Pride Parade, a "Parada", como conhecemos;
- Pride House, espaço de debates e aprendizados para ONGs, partidos políticos, associações, empresas e demais pessoas interessadas;
- Pride Park, onde acontece o festival, com shows, exposições, restaurantes e bares (entrada paga);
- Pride Young/Pride Family, a programação para jovens de 13 a 25 anos, incluindo seminários e dias temáticos, e para famílias.
Segundo a organização, o evento é um aniversário que relembra os últimos 25 anos mas é também sobre o futuro, já que as gerações futuras colherão os benefícios de hoje.
Não estamos apenas construindo a Pride de amanhã, mas também a sociedade de amanhã. Uma sociedade onde todos são bem-vindos, respeitados e amados. Uma sociedade em que todos queremos viver."
Cristina da Suécia, uma rainha intersexo
A história da realeza sueca com a comunidade LGBTQIA+ começou bem antes da (ótima) série teen "Young Royals". No país onde a guarda real tem homens e mulheres, em 1626, nascia Cristina da Suécia, única filha do rei Gustavo II Adolfo, defensor do protestantismo.
Cristina, que tinha roupas e comportamentos tidos como masculinos, queria que Estocolmo se transformasse na "Atenas do Norte" e sentia "uma repulsa indescritível" pelo casamento e "por tudo o que as mulheres diziam e faziam". Mesmo assim, sua amiga a quem chamava de "amiga de cama", representava tudo isso. E, quando Cristina saiu da Suécia, continuou a escrever cartas de amor para ela (e para outras mulheres).
Alguns historiadores dizem que Cristina era intersexo, pessoa que nasce com características sexuais, incluindo genitais, gônadas e padrões cromossômicos, que não se encaixam nas típicas noções binárias de corpos masculinos e femininos. Ao nascer, foi identificada como menino. Depois, menina. Durante sua vida, deu várias declarações ambíguas sobre sua constituição física. Depois de sua morte, foi feita investigação de seus restos mortais, mas o resultado foi inconclusivo.
Por isso, estou usando o gênero feminino aqui, seguindo o registro histórico. Mas, tenho fé que nossa rainha sueca era intersexo. E você?
As cores de Estocolmo
Sabendo de todo este histórico, fica muito mais legal explorar Estocolmo que, por si só, é um destino incrível. Mas, se você é do tipo que, como eu, caça bandeira do orgulho em toda viagem, vai encontrar várias em Gamla Stan, o centro velho da cidade.
Destaco o Chokladkoppen, um café na praça do Museu do Prêmio Nobel que foi um dos primeiros estabelecimentos "friendly" de Estocolmo, e o Secret Garden, um bar/restaurante que fica ali pertinho e vira balada à noite. Fora de Gamla Stan, as dicas são o Patricia, o Mälarpaviljongen e o Sidetrack Stockholm, um restobar que também vira balada à noite e tem uma clientela fiel.
O metrô de Estocolmo é conhecido como a maior galeria de arte do mundo por ter estações incríveis, incluindo uma mal-assombrada . Mas o arco-íris brilha na estação Stadion, que tem como inspiração as Olimpíadas de Estocolmo de 1912, e que fica pertinho de onde rola a Pride.
Vale pegar uma balsa (ferry) para a ilha Royal Djurgården. Lá ficam os principais museus:
- Vasa: sobre navio viking que naufragou na viagem inaugural, é o museu mais visitado do país;
- Nordiska: um dos prédios mais bonitos, com um apanhado da cultura nórdica;
- Skansen: parque e museu a céu aberto com construções rurais suecas de vários períodos;
Na ilha, também ficam o ABBA the Museum, o Viking Museum e o parque de diversões Gröna Lund.
A melhor vista para o parque fica em outro museu, o Fotrografiska. Além de exposições fotográficas, tem um restaurante no rooftop com boa comida, atendimento, preço e vista incrível do skyline. Vá no fim do dia para ver o pôr do sol.
Tire um tempo para explorar ilhas mais distantes, como a antiga fortaleza militar Fjäderholmarnas ou a Ågesta, que tem uma área naturista e saunas com vista para o lago.
São os melhores lugares para praticar o "fika", o tradicional momento sueco de fazer uma pausa e relaxar. Então, "fiko" por aqui! ;)
Veja a visita a Estocolmo nos stories em destaque no @viajabi. Explore o guia LGBTI do Visit Stockholm e as dicas do Stockholm LGBT.
*O colunista recebeu um passe especial com acesso a transporte e atrações, oferecido pelo órgão de promoção turística, para explorar a cidade. Todas as opiniões expressas aqui são independentes e refletem a real experiência como turista.
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