Rafael Tonon

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Jantar de R$ 2,5 milhões quer provar que existe alta cozinha no espaço

Está marcado para 2025: um grupo de seis pessoas vai ter a chance de entrar em uma nave espacial na Flórida e, por algumas horas na órbita da Terra, desfrutar de um menu elaborado por um dos chefs mais celebrados da gastronomia atual.

A um preço de 2,5 milhões de reais por pessoa, o chef Rasmus Munk (do Alchemist, um dos melhores restaurantes do mundo) se uniu com as empresas de viagens espaciais de luxo SpaceVIP e Space Perspective para promover "a primeira experiência gastronômica estratosférica".

O chef Rasmus Munk
O chef Rasmus Munk Imagem: Claes Bech Poulsen

O cardápio ainda não está definido, mas o cozinheiro dinamarquês, que já criou olhos gigantes comestíveis e língua humana de silicone para servir suas receitas, quer mostrar agora que é possível comer muito além de pílulas e comidas de textura duvidosa dentro de uma cápsula espacial.

O jantar milionário e muito exclusivo é, talvez, o primeiro passo para um sonho antigo da humanidade: provar algumas receitas que só astronautas tinham tido a chance até hoje — de preferência, a 30 mil metros de altura, como será o de Munk.

A comida espacial tem estado no nosso imaginário desde que as primeiras missões de descoberta do que há "além-Terra" passaram a dominar um ramo importante da ciência moderna.

Astronautas são capazes de sobreviver dias sem luz, sem gravidade, sem contato com suas famílias. Mas não conseguem passar de alguns dias sem ingerir calorias capazes de manter suas funções vitais.

Por isso, pensar o que eles poderiam comer em ambientes tão específicos sempre foi uma busca importante para nossa conquista espacial — e para entendermos o nosso lugar no vasto universo.

No primeiro pouso humano na Lua, o menu típico incluía itens como cubos de amendoim, pacotes úmidos de peru com molho (quase uma pasta) e brownies que mais pareciam a massa crua de um bolo de chocolate.

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Hoje, cerca de 200 alimentos e bebidas catalogados e testados para uso na Estação Espacial Internacional da NASA. Em geral, é uma comida que lembra comida de acampamento e precisa ser reaquecida ou reidratada com água.

Entre aquelas que jea são usadas, estão desde receitas básicas, como cereais e ovos, até pratos mais complexos, como fajitas de frango, macarrão com queijo e crumble de mirtilo.

As tortilhas de milho também se tornaram um alimento comum, já que as tripulações especiais preferem abrir mão de pão em microgravidade para evitar migalhas incômodas.

Um dos maiores clássicos entre receitas já criadas para o espaço, entretanto, é o sorvete liofilizado, desenvolvido nos anos 1960 para a missão Apollo, da NASA. Até hoje ele é vendido online nos EUA, tamanha fama que conquistou.

Na Rússia, máquinas que vendem "comida de astronauta" se tornaram muito populares no país: alimentos espaciais em tubos se tornaram um item fácil de se encontrar em Moscou.

Há desde os sabores como "borsch", a tradicional sopa local de beterraba, até outros mais inusitados, como carne de porco, frango e até frutas. Abre-se o tubo e come-se a pasta saborizada como se fosse uma refeição.

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Mas há muito os tubos foram deixados de lado por pesarem mais que os alimentos que continham. As limitações de peso e volume ao viajar e as condições de microgravidade experimentadas no espaço afetaram as embalagens.

O jantar será a 30 mil metros de altitude
O jantar será a 30 mil metros de altitude Imagem: Divulgação

Outra questão — que o chef Munk quer ajudar a mudar — é a ideia de que comida servida em cápsulas espaciais precisam ser insossas. Ele promete que o seu jantar pode ser um novo capítulo para provar que sabor e condições específicas podem estar juntos.

O trabalho dele com as agências espaciais (entre elas, a NASA) deve ir nessa direção, como prova de que muito antes do que podemos pensar teremos como reservar uma mesa para comer tento a órbita da terra como vista da janela.

Mas ainda estamos longe, talvez, de podermos embarcar em uma espaçonave rumo a Marte para passar férias como quem entra em um navio de cruzeiro — onde o menu quase sempre é all-inclusive.

A viagem de ida e volta ao planeta vermelho deverá durar até três anos, e os astronautas poderão ter que cultivar alguns de seus próprios alimentos nessas condições.

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Entre carnes desenvolvidas em biorreatores e até robôs capazes de plantar hortaliças no solo marciano, há muito trabalho a ser feito até 2030, quando as primeiras missões devem sair do nosso planeta rumo ao nosso (nem tão próximo) vizinho.

Equipes de universidades na Austrália já estão estudando alimentos impressos em 3D feitos de materiais orgânicos, bem como microencapsulação de sabores que são liberados com o tempo, expandindo a sensação de prazer de comer no trajeto até a lua.

Talvez isso seja mais provável de vermos resultados do que cientistas chamam de "agronomia interestelar". Ou de conseguimos juntar dinheiro para provar o menu milionário de Munk.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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