Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.
Cerveja feita para não engordar acabou com o prazer em beber?
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Beber cerveja é, antes de tudo, um tesão. O prazer em sentir descer da boca ao estômago um sabor incrível e a sensação de refrescância ou aquecimento é o que nos guia.
E nem digo que é o ato de entornar, longe disso. Degustar (sem cair e não levantar) é estar nas rédeas de um estilo de vida de simplesmente aproveitar o que aquela deliciosa combinação líquida tem para oferecer.
Ou era.
Algumas notícias e novidades recentes deixaram alguns cervejeiros hedonistas meio preocupados. Nossa bebida agora é fit e pró-tanquinho.
Algumas manchetes arrancaram uns bons risinhos e coçadinhas em nossas barriguinhas salientes: alemães fazendo cerveja para fazer músculo crescer, centro estético comprando fábrica de cerveja aqui no Brasil.
Em abril, estoura a Michelob Ultra, da AMBEV. Seu mote? "Feita para sair da rotina, sem sair da forma!" — sim, com exclamação. Nesse "open bar" da academia ainda temos representantes de Stella Artois e Amstel.
Entre as artesanais, ainda que mais timidamente, as low carb também chegaram, com exemplares da Noi, e Doktor Brau.
A cerveja "leve" não é exatamente nova. Nos EUA, a Bud Light é a cerveja mais popular — num país em que a obesidade já era epidemia há tempos. Mas o brasileiro ainda não conhecia a possibilidade de combinar goles e aquele tanquinho trincado.
Todo respeito aos que batalham contra intolerâncias e rejeitam as produções tradicionais por questões de saúde e não podem fugir das restrições. Aqui mesmo já fiz teste de zero álcool, já falei das sem glúten e sei que low carb é NECESSIDADE para muita gente. Paz.
Nada contra, também, quem faz dieta (não faço), exercício (faço pouco) e busca um estilo de vida corpo são e mente sã (segundo exames recentes, o primeiro até que tá). Mas minha missão aqui, e que me perdoem os colegas de Viva Bem, é defender o hedonismo.
Os slogans das "pouco carboidrato", feitinhos para atrair quem tem a convicção de que cerveja não será inimiga daquele corpo escultural, muque sensual, barriguinha de TikTok, dão uma brochada no que a cerveja realmente representa neste universo: prazer.
Contar calorias e colocar a cerveja na tabela? Hum? não, obrigada. Se for para não sentir nada bebendo cerveja (e, leitor, é o gosto. Sinto muito), prefiro uma aguinha marota.
Cerveja comum engorda e não combate covid
Além de destruir nossos tanquinhos, segundo uma pesquisa do Hospital Shenzhen Kangning (China) e do Southwest Hospital (EUA), o vinho pode proteger do vírus, enquanto a cerveja aumenta os riscos.
Como não acredito em prazer em beber cerveja de olho na balança, também confio mais em combate ao vírus com vacina e não-aglomeração (principalmente em festival cervejeiro enquanto a onda ômicron resiste. Mas talvez seja só eu, quem sabe).
Desde que o mundo é mundo, a gente busca algo que "salve" uma coisa que pode fazer mal — quando em excesso, diga-se.
É assim com o uísque que vovô tomava para baixar pressão, com a tacinha de vinho que faz bem para o coração e com a caneca de helles para hidratar quem chega à linha de chegada da Maratona de Munique. Mas não precisa de uma desculpa saudável para ser feliz.
Aliás, cerveja e vida saudável não são excludentes, acredite: prova disso é a quantidade de cervejeiros convictos que combinam a bebida e exercício. Um exemplo é o projeto Let's Hop Run, que desde 2019 une consumo responsável e corrida de rua. Tudo é uma questão de equilíbrio.
Bons tempos em que beber cerveja era só gostoso. Se seu gole vem com uma dose de culpa ou almejando uma cura milagrosa para qualquer mal do mundo, acabou o amor.
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