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Reportagem

Destilado favorito do Tio Sam, bourbon conquista o Brasil pelos drinques

Para quem não sabe, estamos no mês do bourbon e, pasmem, essa história não começou com uma marca específica querendo atenção - mas um país todinho batendo no peito para declarar seu amor por um destilado típico.

Setembro foi declarado o National Bourbon Heritage Month pelo senado norte-americano em 2007. Por unanimidade, o republicano Jim Bunning (do Kentucky, claro) emplacou a data-celebração ao mais ianque dos destilados (como outra resolução de 1964, neste mesmo congresso, já declarava).

Se os legisladores já reconheceram a importância da bebida, a festa já começou "formalmente" um pouco antes: desde 1991, também em setembro, acontece o Kentucky Bourbon Festival, estado onde é produzido quase 95% de todo o bourbon consumido no planeta.

Quer saber mais da importância dele para o turismo local? Não por coincidência, minha antiga casinha Nossa publicou uma bela matéria sobre.

Mas que é um bourbon?

Para ser bourbon, há um conjunto de regras específicas, instauradas por lei nos Estados Unidos. O Bourbon tem um caráter de refinamento e pureza - o que o distingue do whiskey (com esse "e" mesmo, pois não se trata do destilado-inspiração, o "whisky" escocês).

Entre as "leis do Bourbon" está a destilação alcançar o máximo de 80% do volume de álcool, o líquido ser envelhecido em um barril de carvalho novo, ter uma mistura de grãos com pelo menos 51% de milho, a fabricação ser exclusiva americana, entre outras especificações.

Além disso, não deve ter aditivos. A água precisa ser a água enriquecida em calcário do Kentucky, pois sua grande quantidade de minerais mantém seu PH elevado, tornando esse um fator que favorece a fermentação.

No seu copo, todas essas coisas aparecem, acredite. Junior Oliveira, embaixador de Woodford Reserve no Brasil, analisa que só uma receita de grãos equilibrada apresenta dulçor, toque seco e pungência no álcool em níveis agradáveis.

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Na minha percepção, aquela leve 'calda de um caramelo amadeirado' que perdura na boca após um gole, é um traço essencial para um ótimo bourbon. O tempo de maturação também é um fator muito importante, pois além da linda coloração, expõe a contribuição do carvalho, essencial para um ótimo whiskey bourbon.

Bourbon em ascensão

E uma das grandes portas de entrada para as delícias do bourbon está nos drinques.

Maurício Porto, aka O Cão Engarrafado, sócio do Caledonia Whisky & Co. (eleito melhor bar do ano pela Folha de S.Paulo) e amigo dessa coluna lembra que a coquetelaria de whiskey foi muito mais significativa nos EUA do que no resto do mundo.

"Então, a maioria dos coquetéis clássicos de whisky são de whiskey americano (pensa em Old Fashioned, Boulevardier, Whiskey Sour, New York Sour etc.)", conta.

E graças aos bares de coquetelaria, o consumo e a diversidade de produtos no mercado só aumentou.

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Bares disseminam a cultura de bebidas para consumidores 'civis'. Então, é meio que uma cascata. Nos EUA o mercado cresceu enormemente, ainda mais com diversos 'craft whiskey' sendo lançados, diz.

Outro momento de crescimento do consumo do destilado e da procura por produtos de destaque foi na pandemia, como aponta Maurício.

Levando em conta números do whisky (sim, o irmão mais velho da Escócia), no período da covid, a procura por single malts cresceu quase 10%, segundo dados da da Scotch Whisky Association.

Considerando que a compra de um single malt não é algo 'leviano', e exige que o consumidor tenha um mínimo de informação, há um amadurecimento do consumidor. E isso reflete em bourbon também. Por isso muitas marcas têm lançado ou focado em produtos mais premium, calcula.

Brasil "whiskeyro"

No Brasil, "o mês do bourbon" passou a ser celebrado em setembro de 2019. Ou seja, não é um amor antigo, mas que tem potencial enorme para conquistar cada vez mais gente.

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Jhonny Depp: Maker's Mark com suco de laranja, chá mate com redução de tamarindo, Contreau e Angostura
Jhonny Depp: Maker's Mark com suco de laranja, chá mate com redução de tamarindo, Contreau e Angostura Imagem: André Salcedo

Néli Pereira, mixologista de Maker's Mark no Brasil, celebra o mês como uma oportunidade para o público conhecer cada vez mais o destilado e ir além dos drinques já clássicos que têm o bourbon como base.

A gente está acostumado com combinações mais robustas, mais alcoólicas, e agora há a chance de explorar coquetéis mais refrescantes e herbáceos. Então a gente vai conseguir ver a versatilidade do bourbon, uma das coisas mais interessantes, conta.

Como lembra Maurício, somente de três meses para cá, foram lançados cinco whiskies americanos 'premium' no Brasil, mais sofisticados e com price point mais alto do que quaisquer outros que já tínhamos (como Woodford e Makers).

São eles: Eagle Rare Bourbon, 1792 Small Batch, High West Rye, High West Bourbon, Basil Hayden - todos mais caros, e uma categoria acima de Woodford e Maker's, que são destaque na indústria no Brasil.

Com uma boa garrafa de Bourbon nos braços, o Tio Sam avisa: "Brazil, I want you".

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Imagem: Reprodução

*Trilha sugerida de harmonização com essa coluna: Kentucky Straight, Johnny Cash.

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Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

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