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Opinião

Mondial ano 10: como é a festa que colocou o Brasil no mapa cervejeiro

Entre idas e vindas da cerveja artesanal no Brasil (do boom das produções nos anos 2000, da multidão de sommelieres e mestres-cervejeiros que se criou desde então e mesmo nos tempos quietos da pandemia), uma coisa não muda: temos um nome no circuito mundial de cerveja.

Não graças à uma parte da nacionalidade daquela empresa gigantesca, nem tanto pelas medalhas conquistadas sempre pelas mesmas representantes pelo mundo, mas porque é aqui no Brasil, em duas cidades e em duas edições anuais, que acontece o icônico Mondial de la Biére.

Mondial de La Biére
Mondial de La Biére Imagem: Divulgação

Quem já é apaixonado pela bebida, tem as edições marcadas na agenda desde 2013. E quem ainda não caiu de amores por esse mundo, a chance em 2023 está acontecendo até domingo (15) no Rio de Janeiro*.

Mas por que o Mondial importa?

... cresceu - e nunca morreu

Acredite, quando se trata de viver de cerveja, a falência está logo ali. Não basta paixão, um diploma, boa vontade. Empreender no Brasil é dureza e é nesse tipo de evento que a gente percebe, ano a ano, como o mundo cervejeiro está respirando.

Segundo a última edição do Anuário da Cerveja divulgada em julho pelo Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) durante o evento "Confraria Sindicerv: Números do Setor", os dados, referentes ao ano de 2022, mostram que o setor cervejeiro cresceu 11,6%, com a abertura de 180 novos estabelecimentos. Ao todo, o Brasil registra 1.729 cervejarias.

Mondial de La Biére de 2013
Mondial de La Biére de 2013 Imagem: Divulgação
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Em 2013, no primeiro ano de Rio, eram 45 cervejarias participantes. Hoje, este número pulou para 120. O público da edição de estreia foi de 14 mil pessoas e em 2023 espera-se, pelo menos, 50 mil visitantes.

Em 10 anos, a festa somou cerca de 500 mil visitantes, 2250 participações de, 16 mil rótulos, 180 patrocinadores e apoiadores. Houve suspensão em 2020, pelo terror covid-19, mas está aí: existe.

Na primeira edição, os visitantes, em sua maioria, eram pessoas que já conheciam cervejas artesanais de viagens internacionais ou dos poucos rótulos que estavam disponíveis no país, conta Gabriel Pulcino, que está na organização do evento desde 2013.

As garrafas do Mondial de La Biére de 2013
As garrafas do Mondial de La Biére de 2013 Imagem: Divulgação

"A evolução do público acompanhou a rapidez com que nosso mercado amadureceu, quando comparamos aos EUA, o Brasil em 10 anos evoluiu o que eles demoraram décadas", opina.

... demonstra que há novidade e criatividade

Se lá em 2013 os estilos predominantes eram IPA e Imperial IPA, hoje a aposta está nas Sour e na brasileiríssima Catharina Sour, predominantes nos taps de quem já acompanha o mercado.

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A delícia, porém, é ir além do que está na prateleira do dia a dia e no bar mais perto da sua casa (aquele da cerveja mais fresquinha).

Mondial de La Biére
Mondial de La Biére Imagem: Divulgação

Há uma verdadeira profusão criativa como demonstram as caçulas do evento Brassaria Matriz e sua Mati-Taperê, uma IPA com cupuaçu; a Veranear, e uma Gose com goiaba e maracujá; a Colonus com a Colonus No.7 (Belgian Blond Ale com extrato de whiskey).

Entre os veteranos, a Bodebrown, de Curitiba, que participa do festival desde a primeira edição, inova com uma German Lager com espinafre; a Elbers, com três Belgian Ales especiais: duas com cogumelo e uma com Pinhão, além de uma ALE temperada com coentro.

... ele nasceu fora do eixo

Há dez anos no Rio, o Mondial acontece em mais três cidades pelo mundo, que, como a capital carioca, também estão fora dos pólos clássicos das escolas-mãe da cerveja (Alemanha, Bélgica, Reino UInido e EUA): Montreal, no Canadá, onde o Mondial foi lançado em 1994, Paris, na França, e São Paulo desde 2018 (somos o único país a ter duas edições ao ano).

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No Brasil, o evento é promovido e organizado pela GL Events Exhibitions, multinacional francesa, que trouxe o Mondial para o Rio de Janeiro.

... ele faz parte da história de todo mundo que ama cerveja

Não é porque esta coluna enveredou para outros mares que a cerveja deixou de ocupar um espaço enorme no meu coração, nos meus copos, nos meus papos e, inegavelmente, na minha história.

Quando me formei sommelière e depois mestre em estilos de cerveja, o Mondial já tinha 2 anos. Quando esta coluna nasceu, ainda blog, ainda em Universa, o evento já contava 4 anos.

Mondial de La Biére
Mondial de La Biére Imagem: Divulgação

Quando visitei a primeira edição de São Paulo, em 2018, a sensação era de que muito havia se perdido no calor e nas especificidades (como disse na época, todo mundo já nasce bebendo. Só falta aprender a degustar).

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Uma festa que se propõe a celebrar um produto indiscutivelmente popular no Brasil (cerveja) com uma necessidade constante de trazer mais gente para a mesa e se livrar das amarras dos nichos e mesmices (cerveja artesanal) precisa também ir além do entretenimento puro e simples. É pra curtir, mas é também para pensar e planejar.

Foi num Mondial que percebi a importância de um festival: ele resiste, se transforma, cresce e deve pensar além do público já conquistado. A cerveja é nossa.

*Serviço:
Mondial de la Bière 2023 - Pier Mauá - Armazéns 3, 4 e 5
Endereço: Av. Rodrigues Alves, 10 - Praça Mauá, Rio de Janeiro - RJ, 20081-250
Ingressos: https://www.eventim.com.br/MondialdelaBiere
13/10 - Sexta-feira: 14h às 00h
14/10 - Sábado: 14h às 00h - ESGOTADO
15/10 - Domingo: 13h às 22h
Mais informações: https://www.mondialdelabiererio.com/

Quem quiser bater um papinho, sou a @sigaocopo no Instagram.

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Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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