Caipirinha, Rabo de Galo e além: livro celebra a cachaça com 101 receitas

Apesar de estar tão mergulhado neste mundo de quem domina as coqueteleiras, seu livro tem tudo para chamar mais gente para os dois lados do balcão - não só dos entendidões de sempre. Isso porque o leitor tem acesso não só com receitas, mas também a dicas, curiosidades, fatos históricos e glossário.

Contexto (ou "historinha", como já ouvi alguém dizer) é essencial para um público cada vez maior se apaixonar para além do copo.

Mãos - e copo - à obra

Para quem só se arrisca na caipirinha tradicional, o livro revela um universo de 101 receitas entre versões deste clássico, mais batidas, versões de Rabo de Galo e releitura de alguns clássicos da coquetelaria mundial com a cachaça.

Em papo com a coluna, Marco entrega algumas queridinhas da produção, como a Caipirinha 1584, inspirada em um documento escrito por Sá Miranda para explicar à Coroa Portuguesa um dos hábitos de consumo da época.

Na região do Vale do Paraíba, era comum que os andarilhos, viajantes e bandeirantes bebessem uma mistura de limão, alho e mel amassados e curtidos com cachaça, com o objetivo de ajudar a curar males como gripe, febre, dor de garganta.

Entre seus autorais queridos, Marco dá outra aula de história. Desta vez, bem mais recente.

"Destaco o Alegria, Alegria, criado para a carta de 70 anos do Riviera Bar, em 2019".

O drinque foi inspirado na década de 60, momento de ouro e da efervescência da história do bar icônico de São Paulo, que tinha como clientes os responsáveis pelo nascimento da Tropicália.

Marco destaca também o João Gato, drinque criado em 2015. "Consta nos autos cariocas de 1900 uma prisão na Candelária de um jovem cidadão negro e livre chamado João Gato. O motivo: ele portava uma garrafinha de cachaça".

O drinque, então, foi inspirado nos hábitos da época, misturando, cachaça, café, melado de cana, mel e fumaça de macieira e servido num jarro de argila.

Ode à coquetelaria (e a quem brilha nela)

Além dos clássicos e dos próprios autorais, Marco convocou um time de peso para compartilhar mais receitas à base de cachaça.

São tantas histórias autênticas, potentes e transformadas em drinques que eu me até me emociono em pensar que estamos registrando tanta cultura boa

No "cardápio", destaque para os novos clássicos Macunaíma, de Arnaldo Hirai, e Banzeiro, de Laércio Zulu. Mas também outros menos conhecidos, como releituras vencedoras do Rabo de Galo, Cachaça Acerola, da Mari Mesquita e um dos drinques mais queridos do eterno Mestre Derivan, o Coachela.

O nome disso? União e projetos para além do nicho.

Quando em uma coluna passada falei da "corrente pra frente" dos hermanos argentinos, houve brasileiro ofendidíssimo. Mas reafirmo: não basta o tapinha nas costas, o guest, a fofoca no whats. Que mais e mais enormes iniciativas (como um livro) mostrem a nossa cara e o nosso time.

Série etílica

O e-book é o primeiro de uma série especial chamada 101 DRINKS, produzida e veiculada pelo Mixology News em 2024. A cada mês, um e-book com 101 será lançado com drinques à base de whisky, gin, tequila, vodka, sake, espumantes, vermute e licores.

Para quem quiser começar a coleção, o e book já está à venda a partir desta quarta (7) por R$ 49 no https://mixologynews.com.br/101drinkscomcachaca.

*Trilha sugerida para harmonização com essa coluna: Todo o "Tropicália ou Panis et Circensis"

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