Deixa o vinho pra lá: drinques 'perto do coração' são pedida para o frio
Na hora de escolher aquela bebidinha especial para os dias gelados do inverno, há mais opções do que aquela garrafinha de Malbec quer te fazer acreditar. E se você é dos drinques, não precisa se ater aos velhos clássicos.
Claro que um bom Old Fashioned não é nada de se dispensar nessa vida. Digo, nessa estação.
Há alguns drinques que são como um abraço numa noite fria. O Old Fashioned me remete a uma fogueira, onde cada gole traz um quentinho no coração. Uma base de um bom bourbon, e um toque de calda de amarena traz uma energia linda, que mais pode se pedir?
Quem sou eu pra contestar Bautista Casafús, o sommerlier do Arturito - a velha novíssima casa comandada por Paola Carosella - aliás, você já leu a entrevista concedida por essa potência a esta colunista em Nossa?
O classicão da casa, cujo bar encanta logo da entrada, é à base de Woodford Reserve e sai por R$ 60.
Saia da caixinha
Porém (ah, porém), há muito mais o que explorar nos balcões mais moderninhos de São Paulo - quem quiser indicar bons lugares de biritas pelo Brasil e mundo que essa coluna AINDA não chegou, fiquem à vontade. Área de comentário não é só pra gongar jornalista.
Uma das cabeças mais criativas da cena é Gabriel Santana (o "Rocky" do World Class 2019, como já contei aqui) e seus bares Santana e Cordial.
No filho mais velho, destaca-se o Orange Blazer (R$ 52): Bourbon, Cointreau, bitter de laranja e cordial de laranja caseiro. Ah sim, e fogo!
Pode impressionar de cara, mas tem um pé no clássico Blue Blazer, que leva whisky escocês, água quente, açúcar e casca de limão siciliano. A história toda (como a gente ama uma história) tá neste post do Instagram do bar:
Nada disso: quero surpresa
Quer os dois pés na porta? Fale com Chula Barmaid, que assina drinques acolhedores de inverno no Atlântico 212, como o Chennai (bourbon, xarope de curry, lemon juive, aquafaba - R$ 44), Avellana (whiskey Maker's Mark, creme de avelã, bitter de cacau - R$ 44) e o Seco (rum envelhecido, dry orange liquor, jerez manzanilla, angostura R$ 44).
Sentiu a presença de ingredientes inusitados? Sim, eis a marca do inverno para Chula.
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OLHAR APURADO
Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA estação sempre traz uma coisa muito marcante, ou seja, muito, muito óbvia, que é sobre aquecer. Quando a gente pensa sobre calor, automaticamente vem algo de uísque, rum, bebidas envelhecidas. Porque é essa madeira que ajuda a ser um pouco mais fechado, mais quentinho, explica.
No caso do Atlântico, no entanto, Chula bebeu de fontes inesperadas e referências de outras pessoas da equipe "para eles se sentirem também representados com seus sabores".
O resultado foram drinques com base em destilados clássicos, como uísque e rum, mas com referências "quentinhas" de outros ingredientes, como a avelã - "um produto que traz uma lembrança do inverno de fora, Natal" - e curry - "especiaria muito hindu, muito gostosa, que remete a um curry de frango bem quentinho".
Para Chula, o que não pode faltar nos drinques do inverno é algum tempero, condimento, produtos um pouco mais fechados, que ficam entre a garganta e o peito. "Não só na hora de você colocar no paladar, mas em todas as coisas que você fazem lembrar nessas coisinhas quentinhas", descreve.
Então, acho que são isso, são todos os tipos que focam em sabores que ficam mais tempo na garganta e no peito na hora que descem, que esquentam nessa parte que também está perto do coração. Infeliz ou felizmente, todas as coisas que eu penso na hora de criar têm a ver com uma coisa emocional também.
"Perdão, fiquei falando aí como doida", se desculpa.
Pega nada, Chula. Aqui a gente também bebe por amor e calor, nem que seja abaixo de zero.
*Trilha sugerida para harmonização com essa coluna: "Quero que vá tudo pro inferno", de Roberto Carlos
Quem quiser bater um papinho, sou a @sigaocopo no Instagram.
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