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Aeroporto do país menos visitado do mundo vira área de lazer dos locais
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8º31'S, 179º'11'L
Aeroporto Internacional de Funafuti
Funafuti, Tuvalu
No mais recente levantamento da Organização Mundial do Turismo, Tuvalu ostentava o curioso título de país menos visitado do planeta. São cerca de 3 mil intrépidos viajantes por ano. É mais ou menos o que o Brasil, que está longe de ser uma potência em se tratando de quantidade de visitantes estrangeiros, recebe em quatro horinhas.
É evidente, meu ansioso leitor, que estou comparando países de dimensões contrastantes. Toda a população de 12 mil pessoas dessas ilhas da Oceania cabe com folga na Vila Belmiro ou, na medida certa, no Lomantão, em Vitória da Conquista. A área total do arquipélago equivale à área urbana de Itaperuna (sendo que a cidade do norte fluminense tem quase dez vezes mais gente).
Tuvalu é um país formado por atóis, cujo ponto culminante tem 5 metros. A "montanha" mais alta da nação tem a metade da altura da estátua de Borba Gato, em São Paulo, ou um sexto da "Estátua da Liberdade" da Havan (base inclusa) que o vento de Capão da Canoa derrubou no ano passado.
A economia de Tuvalu se baseia no coco, nas remessas de tuvaluanos que trabalham na gringa e na concessão do direito de uso a seu domínio na internet, ".tv", o que deu uma bombada em seu PIB. Hoje ele está na casa dos US$ 49 milhões.
Superisolado e minúsculo, Tuvalu tem um tráfego aéreo extremamente tranquilo. Em janeiro, há somente um voo direto por semana, ligando a capital do país, Funafuti, a Fiji. Em fevereiro, eles passam a ocorrer três vezes por semana. Ou seja, em boa parte da semana a pista fica inutilizada. Mas só pelas aeronaves.
É aí que a população de Funafuti toma o espaço, que não tem grades nem qualquer isolamento, e o transforma em uma praia de asfalto, só para se contrapor às belas faixas de areia com águas cristalinas do atol.
Nos fins de tarde, as pessoas jogam futebol e vôlei, pedalam, andam de moto ou simplesmente jogam conversa fora sentadas em cadeiras. Como se, em São Paulo, o Parque Minhocão invadisse Congonhas.
O aeroporto foi construído pela Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, em 1943. Naquela época, Tuvalu se chamava Ilhas Ellice e era uma colônia britânica unida às Ilhas Gilbert, o atual Kiribati.
Os americanos usaram Tuvalu de base para combater os japoneses, que controlavam Kiribati e chegaram a bombardear a pista tuvaluana. Terminada a guerra, em 1945, os militares foram embora e o aeroporto foi reformado para uso comercial.
Mas não é que ele teve muito uso. Além de Fiji, o único país que já operou voos para lá foram as Ilhas Marshall, outro arquipélago do Pacífico. Em 2021, houve conversas no governo para iniciar voos domésticos entre as ilhas — algo que seria útil, já que a maior distância entre elas beira os 1.600 quilômetros.
Se demorar muito, talvez nem precise mais. Tuvalu pode se tornar inabitável nos próximos cem anos com a elevação do nível da água dos mares. O quarto menor país do mundo, com a terceira menor população e o menos visitado, pode se tornar, também, o primeiro a desaparecer.
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