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Lago na Argentina teria sido refúgio de Hitler (e de outro monstro também)
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40º42'S, 71º41'O
Casa Inalco
Villa La Angostura, Neuquén, Argentina
Há 100 anos, a imprensa argentina e internacional acompanhava empolgada o que poderia ser a descoberta paleontológica do século. Boatos corriam, relatos indicavam e avistamentos apontavam que em um lago do país havia um plesiossauro, animal aquático enorme que habitava a Terra na Era Mesozoica e foi extinto junto com os dinossauros, 66 milhões de anos atrás.
Era uma espécie de monstro do Lago Ness sul-americano, só que o lago em questão era o Nahuel Huapi, no norte da Patagônia. O bichão estava na moda: três tangos foram compostos para ele, dizia o americano "The Evening World" em abril de 1922.
No mês anterior, o "La Prensa" e o "River Plate Observer", ambos de Buenos Aires, noticiaram uma expedição à procura da criatura. A prestigiada revista "Scientific American" publicou uma reportagem a respeito na edição de julho, com o título "Um monstro antediluviano".
A história era antiga. Desde fins do século 19 cientistas da capital recebiam informes que ecoavam antigas lendas dos mapuches que diziam que um monstro enorme habitava o lago. Em 1922, o caso esquentou quando Clemente Onelli, diretor do Zoológico de Buenos Aires, ouviu o testemunho de um garimpeiro americano, que afirmava ter visto um monstro provocando grandes ondas a partir do centro do lago.
As buscas não deram em nada, até que um pessoal de Bariloche, estância turística às margens do Nahuel Huapi, afirmou ter capturado o plesiossauro. A repercussão foi grande, mas era só uma pegadinha: um empresário da cidade encomendara um carro alegórico em homenagem à criatura.
Desde então, o monstro é um assunto mais folclórico do que científico. O Nahuelito (eis seu nome) é parte importante da cultura local, mas as histórias a seu respeito nunca deixaram de aparecer. Conforme Bariloche se tornou um destino turístico mais popular, pessoas de lugares mais distantes passaram a conhecer o mito (e às vezes "avistá-lo").
No ano passado, um filme a respeito chegou aos cinemas. "Bajo Superficie" ("sob a superfície") é um docuficção que mistura depoimentos, imagens de arquivo e filmagens do fundo do lago, a uma profundidade de mais de 400 metros.
"Durante anos, os mergulhadores que trabalham nos lagos da região testemunharam eventos que parecem incríveis. Em 1985, por exemplo, um grupo procurava um avião em um lago e viu formas que assustaram tanto os mergulhadores que eles assinaram um documento recusando-se a descer novamente", contou o diretor do filme, Miguel Angel Rossi, ao jornal "Clarín".
Nos últimos anos, surgiram relatos de novos avistamentos. Mas nada que comprove a existência do bicho.
Adolf Hitler sorri no inferno?
O Nahuel deve ser uma meca dos amantes das teorias conspiratórias, porque além de ser lar de uma criatura carismática e inofensiva, ele também seria a morada de uma criatura carismática e maligna: Adolf Hitler.
Milhares de nazistas viviam na Argentina nos anos 1930, e o país foi um porto seguro para muitos outros após a derrota na Segunda Guerra Mundial. Alguns dos criminosos mais famosos, como Adolf Eichmann, uma das principais mentes por trás do Holocausto, viveram no país no pós-guerra. Eichmann acabou capturado por agentes israelenses, julgado e enforcado em 1962.
Por isso, desde então há quem jure de pé junto que o maior de todos os nazis também tenha escapado de seu bunker e curtido a velhice numa boa na Patagônia. Nessa realidade paralela que nenhum historiador sério leva em conta, Hitler e sua companheira Eva Braun não se mataram em Berlim em 1945, escaparam dos soviéticos e se mudaram para os arredores de Bariloche.
A revista americana "National Police Gazette" e livros publicados nas últimas décadas alegaram que o casal vivia na Casa Inalco, às margens do lago. Eles teriam deixado a Alemanha em um dos submarinos que vinham fazendo a rota para a Argentina, transportando os tesouros pilhados pelos nazistas.
O então presidente argentino, Juan Domingo Perón, eleito em 1946, simpatizava com certos elementos do fascismo e teria facilitado (e enchido os próprios bolsos) a entrada do casal no país. Hitler teria se refugiado em uma fazenda próxima de Bariloche até se mudar para a Idalgo, uma propriedade isolada, em estilo bávaro, onde teria vivido até partir dessa para uma pior, em 1962.
Não é a única teoria a respeito de uma aposentadoria oculta nas Américas. Já houve relatos de Hitler vivendo na Colômbia, nos Estados Unidos e até no Brasil: No livro "Hitler no Brasil - Sua Vida e Sua Morte", Simoni Renée Guerreiro Dias diz que ele encontrou refúgio em Nossa Senhora do Livramento, Mato Grosso. Ele teria chegado lá graças a uma ajuda do Vaticano, que descolou um mapa de um tesouro jesuíta enterrado no local.
Haja imaginação.
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