Túnel da época dos templários foi redescoberto graças a privada entupida
32º55'N, 45º04'L
Túnel dos Templários
Acre, Distrito Norte, Israel
A Primeira Cruzada terminou em 1099 com a conquista e o saque de Jerusalém. A vitória cristã foi marcada por uma carnificina: os guerreiros europeus massacraram 70 mil pessoas nas ruas, fossem muçulmanos ou apenas parecidos com eles, em sua visão.
Alguns anos depois, em 1118, os cruzados mais dedicados se organizaram em uma ordem de monges guerreiros, que escoltariam os cristãos que desejassem peregrinar à Terra Santa, agora conquistada pela cristandade. Baseados no Monte do Templo, esses cavaleiros se denominaram templários. Faziam votos de pobreza e descarregavam a fúria contra os sarracenos (termo genérico usado pelos europeus ao se referirem aos muçulmanos).
Em 1187, o domínio cristão sobre Jerusalém chegou ao fim na Terceira Cruzada, pelas mãos do lendário Saladino. O sultão não só recuperou a Cidade Santa como mandou executar prisioneiros templários.
Os monges se estabeleceram em uma cidade portuária chamada Acre, situada hoje no norte de Israel. Lá, construíram castelo, fortes e muralhas. Por um bom tempo, Acre seria o único domínio cristão na Terra Santa.
Em 1291, os sultões mamelucos, que governavam o Egito, conquistaram Acre, marcando o fim das Cruzadas e a vitória definitiva islâmica. Os templários mudaram sua sede para Chipre, mas perderam importância e prestígio. A cidade teve destino semelhante: destruída e abandonada, foi negligenciada até o fim do século 18.
Antes que voltemos ao assunto da coluna de hoje, porque imagino que você, curioso que só, esteja imaginando o que essa antiga fortaleza templária tem a ver com o nosso querido Acre: muito provavelmente, nada. A versão oficial, e a mais difundida, conta que o nome do estado amazônico vem de Aquiri, que significa "rio de jacarés" no idioma dos apurinãs, os habitantes originais do território.
A redescoberta
O plano da ONU para a partilha da Palestina, de 1947, previa que Acre faria parte do futuro Estado árabe. Mas no ano seguinte os israelenses tomaram a cidade e a anexaram a Israel.
Acre voltou a se desenvolver e crescer, e hoje tem uma média relativamente alta de moradores não-judeus: cerca de 32% de seus 49 mil habitantes. A cidade é um importante ponto turístico do país, porque está recheada de atrativos. Um dos mais impressionantes é quase uma obra do acaso.
Em 1994, uma habitante da cidade reclamou aos serviços públicos que seu sistema de esgoto estava entupido. Muita quebradeira depois, descobriram um antigo túnel do tempo dos templários, soterrado em mais de 700 anos de sujeira e detritos.
A cidade limpou a passagem, acrescentou uma passarela, iluminação e plataformas de acesso e, em 1999, abriu o túnel ao público. Graças àquela ligação de uma cidadã em apuros domésticos.
O túnel servia para conectar o principal forte de Acre ao porto. Tem 150 metros de extensão, e hoje, com suas grossas paredes abobadadas, é o remanescente mais impressionante do poderio militar dos templários na cidade.
Do forte e suas torres com muros de 8,5 metros de grossura, infelizmente, não restou nada. Mas há uma porção de outras relíquias históricas em Acre, especialmente do período em que ela esteve sob domínio otomano.
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Uma curadoria diária com as opiniões dos colunistas do UOL sobre os principais assuntos do noticiário.
Quero receberA mesquita Al-Jazzar, o hamam (casa de banho turco) e a hospedaria Khan al-Umdan integram o complexo. O edifício mais espetacular, no entanto, é do tempo das Cruzadas: a fortaleza de outra ordem militar cristã, os hospitalários.
Em suma, Acre é um deleite para fãs de história. Mas a cidade também sofre com descaso. Este mês, autoridades locais denunciaram o estado periclitante de um aqueduto construído há mais de 200 anos, mas o governo deu a entender que não vai fazer nada para restaurá-lo, segundo o "Times of Israel".
Se ele ruir, tudo bem, é só esperar uns sete séculos e alguém o encontrará de novo. Submerso, junto com todo o resto da cidade? Possivelmente.
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