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Aprenda a degustar tequila e conheça receitas especiais com a bebida

Sergio Crusco

Do UOL, em São Paulo

23/04/2015 17h37

Tequila é a bebida símbolo do México, mas se engana quem acha que se trata de um mero destilado. Produzida a partir do agave, planta do deserto mexicano, a oferta da bebida no Brasil tem aumentado –nada perto das mais de mil marcas produzidas no México, mas já é um bom começo. Mas como diferenciar os tipos de tequila –e como apreciar corretamente o produto?

Se você quiser começar a ser um conhecedor de tequila, bebida símbolo do México, o primeiro passo é reprogramar o cérebro. Em espanhol, tequila é uma palavra masculina – “el tequila”. Por isso, o correto é dizer “o” tequila. “Ouvir um brasileiro dizendo ‘a’ tequila dói no ouvido do mexicano. Assim como dói no ouvido brasileiro ouvir um mexicano dizer que quer bailar ‘la’ samba”, esclarece Hugo Delgado, chef e proprietário do restaurante paulistano Obá.

Pura ou misturada
Há dois grandes grupos de tequila: misto e 100% agave. De acordo com a legislação mexicana, o misto deve conter ao menos 51% de agave azul e o restante de álcool proveniente de outros vegetais (geralmente cana de açúcar). Para ser tequila, a bebida deve ser destilada do agave azul, nos estados mexicanos de Jalisco, Guanajuato, Michoacan, Nayarit e Tamaulipas.

O 100% agave, como o nome já diz, é a pura bebida extraída da planta e, portanto, mais refinada e mais cara.  O agave azul leva de 8 a 12 anos até ficar maduro e poder ser colhido para a produção de tequila. Qualquer outro destilado feito fora da região demarcada ou com outro tipo de agave recebe o nome genérico de mezcal.

Como degustar
Ao servir o tequila numa taça, dê três ou quatro giradas num só sentido e verá uma coroa se formar. Dela devem descer “lágrimas” muito lentas – sinal de que a bebida é boa. Nas tequilas brancas você vai sentir aromas silvestres, cítricos, florais. No paladar, notas minerais, de frutas tropicais, menta, pimenta e, em alguns exemplares, doçura. À medida que avançamos para os tequilas mais envelhecidos, surgem as notas de madeira, caramelo, baunilha, amêndoa e chocolate.

E pode-se tomar tequila com limão? Vai depender do seu gosto. Há a lenda de que beber com limão seria uma forma de mascarar a imperfeição de bebidas de baixa qualidade. Hugo Delgado diz que isso é... lenda: “O mexicano come e bebe tudo com limão – cerveja com limão, taco com limão, salada com limão”. Por isso, não há erro gostar de chupar um limãozinho ou pingá-lo na mão, com sal, enquanto degusta seu tequila. Mas Hugo adverte que a fruta e o sal vão “matar” as características de uma bebida mais refinada.

Embora os tequilas branco e ouro sejam largamente usados na mixologia, há tragos que podem ser reinventados com os exemplares envelhecidos, como ensina o bartender Fabio La Pietra, do SubAstor. Ele prefere os tequilas jovens, frescos e minerais – com eles faz drinques clássicos como o Tom Collins, por exemplo.

LaPietra que os extra añejos são ótimos para coquetéis originalmente feitos com bourbon, como o Old Fashioned ou o Whisky Sour. “Tequila é uma bebida bem mais versátil do que se pode imaginar”, diz Fabio, que criou a carta de drinques com tequila do restaurante mexicano La Central, em São Paulo.