Chefs emprestam nome a grandes marcas e causam polêmica
A popularidade dos programas de culinária na televisão trouxe os cozinheiros para outra esfera: agora, além de preparar comida (ou ensinar como fazer), eles também se tornam garotos-propaganda - seja por meio de merchandising ou ainda em campanhas para produtos específicos.
E o membro mais recente do grupo, ao menos no Brasil, foi o chef britânico Jamie Oliver. Em visita ao país, o cozinheiro-celebridade surpreendeu algumas pessoas ao anunciar, entre outras coisas, o lançamento de uma linha de produtos pré-prontos com a Sadia.
Os produtos, previstos para chegarem ao mercado no segundo semestre, demoraram um ano e meio para serem desenvolvidos e vieram com uma lista grande de exigências por parte do britânico. Mesmo assim, a parceria causou uma série de críticas por parte dos fãs do cozinheiro - conhecido justamente por promover uma política de alimentação mais natural e orgânica.
Durante coletiva em São Paulo nesta quarta-feira (6), Oliver diz que compreende quem critica a situação. "Já estive no lugar deles: 'como você pode desejar melhorar as coisas e trabalhar com essas empresas?' Por vinte anos, tive essa mesma mentalidade. Mas se quero mudanças grandes, eu tenho que trabalhar com empresas grandes. Talvez cinco anos atrás eu não teria trabalhado com grupos desse porte, mas creio ter amadurecido após uma década de campanhas por uma alimentação melhor", defende-se.
O chef fez questão de frisar que toda a produção segue à risca sua filosofia - tanto que a empresa precisou investir cerca de R$ 50 milhões para adaptar a criação do frangos que serão vendidos sob a chancela do britânico. "Estamos melhorando os processos de criação animal. E quero ter certeza de que será uma coisa acessível para a maioria das pessoas. Quero que os pequenos produtores se tornem grandes, mas também quero que os grandes produtores se tornem melhores."
Merchã tem hora
O assunto é tão espinhoso que diversos chefs procurados pela reportagem não quiseram se pronunciar sobre o assunto. Garoto-propaganda da marca de laticínios Danúbio há quatro anos, o chef Henrique Fogaça não tem problemas em falar sobre o tema - e explica que a publicidade "tem que sair de uma forma bacana para todos: de acordo com os meus ideais e também os ideais da marca. A campanha tem que ser bem direcionada", diz ele.
Conhecido do grande público como um dos jurados do "MasterChef Brasil" (Band), Fogaça explica que merchandising tem hora e limite e que tem poder de veto sobre o que será divulgado. "Esse é um assunto costuma ser tratado entre a Band e meus representantes, mas sou muito criterioso na hora de escolher meus parceiros. Não acho legal essa coisa de fazer algo sem gostar dos serviços ou sem gostar do produto."
E não há críticas por parte do público sobre parecer "vendido" ou pregar o uso de produtos industrializados? Fogaça diz que até hoje não ouviu reclamações dos clientes. "E existem produtos e produtos. Alguns não são interessantes, mas outros têm uma qualidade muito boa e facilitam a vida. É preciso ter bom senso para entender que, em casa, a realidade muitas vezes é outra: tem coisas que não uso nos meus restaurantes mas utilizo em casa."
É o mesmo argumento utilizado por Jamie Oliver para defender os produtos que lançará com a Sadia. "Você tem os chefs, as pessoas que cozinham muito bem e as pessoas que não tem a menor ideia - são elas que compram produtos processados, que consomem 'fast food' ou pedem uma pizza. Meu objetivo é atrair o público e interessá-los na ideia de preparar refeições. Precisamos garantir que essas pessoas tenham uma boa experiência e fazer com que eles fiquem animados em cozinhar mais."
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