Harmonizar o saquê é um dos caminhos para se apaixonar pela bebida
Cada vez mais, o saquê está se desvencilhando do título de "cachaça do Japão" e conquistando o público pelas versões mais tradicionais e saborosas, hoje mais fáceis de encontrar no Brasil. Um dos primeiros passos para o saquê arrebatar de vez está na mesa, com harmonizações muito mais versáteis do que se imagina.
Precisa de um dia especial para começar a brincadeira? 1º de outubro é o Dia Mundial do Saquê, pois é o começo do outono no hemisfério norte e colheita do arroz, matéria-prima principal da bebida.
O UOL conversou com Celso Ishiy, sommelier de saquê e um dos principais especialistas na bebida no Brasil, para contar como ela pode conquistar você pelo estômago.
Antes de tudo...
Saquê não é tudo igual. Longe disso! Antes de se aventurar pelas inúmeras combinações entre a bebida e comida, é importante conhecer, pelo menos, duas divisões mais gerais, que fazem toda a diferença no sabor do saquê e na combinação gastronômica.
Elas estão bem visíveis nos rótulos dos exemplares premium e superpremium - produzidos somente no Japão e encontrados em mercados e lojas especializadas no Brasil.
- Porcentagem do polimento do arroz (o quanto foi eliminado de gorduras, lipídios e "impurezas") e temperatura de fermentação: ginjo (mínimo de 40% e fermentado a temperaturas baixas), que é mais aromático e complexo, e daiginjo (mínimo de 50% e fermentado a temperaturas ainda menores), que é ainda mais delicado e leve. Os saquês, comuns de mesa, com menos de 30% de polimento, são chamados de futsuu-shu.
- Adição ou não de álcool destilado: honjozo (com adição), que é mais seco, suave e delicado, e junmai (sem adição), que é mais encorpado e ácido.
Só combina com comida japonesa?
Não! É claro que a combinação mais tradicional é certeira, mas o saquê é tão versátil que pode ser uma opção até para quem quer saboreá-lo com uma feijoada, por exemplo.
Vai bem com...
Pratos leves: saladas, grelhados de carne branca, carpaccio, massas sem molhos encorpados, peixes levemente defumados, ou mesmo um tofu (como na foto) e sashimis casam com os ginjos, que complementam sem mudar o prato. Peixes não-gordurosos pedem um daiginjo.
Pratos salgados: podem ser harmonizados com saquês levemente doces. Mas, se o salgado for acentuado, recomenda-se um saquê mais seco, do tipo junmai. Para pratos como peixe assado e massas de molho vermelho, é recomendado o saquê do tipo nigori (outra variedade, não filtrada e ainda mais encorpado).
Pratos cítricos: ceviches e sunomono combinam com saquês mais doces, como nigori ou honjozo, que acentuam o sabor dos pratos.
Pratos temperados, oleosos e/ou encorpados: usando como exemplo um churrasco, o recomendado é optar por um honjozo, para "quebrar" a oleosidade. Carne de panela e feijoada podem ser acompanhados do saquê nigori, que é mais encorpado e realça o sabor acentuado destes pratos.
Pratos doces: podem ser harmonizados com saquê seco, como os honjozos, para destacar o dulçor da comida.
Regra de ouro: esqueça as regras!
Por ter menor variedade de estilos que vinhos e cervejas, os saquês contam com orientações mais básicas de harmonizações - e mais chances de experimentar sem "bitolar".
Celso deixa bem claro que faz parte da cultura japonesa ter o saquê como uma bebida agregadora e o que mais importa é desfrutar de uma experiência agradável. O negócio é provar as sutilezas da bebida com as da culinária como mais agradar ao seu paladar, companhia e momento.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.