Vegetarianismo X Veganismo: as dúvidas e as diferenças entre eles

 

A confusão é tão comum que Thiago Fayrdin, do mercado orgânico Solli, em São Paulo, não estranha mais as perguntas que recebe dos clientes. "Já ouvi de tudo um pouco. Tem quem pergunte a diferença entre orgânico e vegano, por exemplo." Com a ajuda dele, esclarecemos algumas das dúvidas sobre o vegetarianismo e o veganismo. Confira!

 

Um vegetariano, em princípio, não consome produtos de origem animal. Dentro do conceito, existem divisões como,,por exemplo, os ovolactovegetarianos (que permitem uso de ovos e derivados de leite), ou ainda que permite o consumo de produtos como mel.

 

O veganismo, por sua vez, é bem mais abrangente do que a alimentação - além de não comer nenhum produto de origem animal (nem mesmo ovos, leite ou mel), também procura evitar utilizar produtos com origem animal no vestuário, produtos de limpeza ou maquiagem testados em animais, entre outros. 

Para quem está começando a deixar a carne de lado no cardápio, Thiago sugere investir menos nos derivados de soja e mais em itens como lentilhas, grão-de-bico, feijões e vegetais com folhas mais escuras (como espinafre e agrião, por exemplo), o que garante o consumo necessário de proteínas para o corpo. E os mineiros podem levantar a placa do "eu já sabia" - o ora-pro-nóbis, erva muito utilizada na culinária do Estado, é uma recomendação de Fayrdin. "Ela pode ser consumida crua ou transformada em farinha, por exemplo", diz. 

 

Há quem sinta falta do visual do bife no prato - afinal, comemos também com os olhos e as memórias afetivas dos pratos são difíceis de abandonar. Nesse ponto, itens que imitam o formato de hambúrgueres, nuggets e linguiças ajudam a disfarçar (e até a enganar os amiguinhos mais carnívoros). O Açougue Vegano (com unidades no Rio e em São Paulo), por exemplo, tem "carne moída" à base de couve-flor, nozes e especiarias e kaftas à base de cogumelo shitake, enquanto a No Bones, em São Paulo, investe em salsichas de tomate seco e nuggets à base de milho, entre outros. 

 

Outro ingrediente que tem rendido grandes receitas, acredite, é a jaca. Devidamente cozida, ela ganha textura e sabor para convencer qualquer um a mudar de opinião sobre o consumo de vegetais (clique aqui para ver uma receita de Coxinha de Jaca). 

 

Vegetariano, Thiago conta que tem algumas dificuldades para se fazer entender com garçons quando ele vai ao restaurante. "Certa vez, na Bahia, foi complicado explicar que eu só não queria a carne, o resto do prato podia ficar como estava. A proteína animal tem a fama de ser protagonista do menu e todo o resto é acompanhamento. Parece que ninguém sabe o que fazer com os vegetais."

 

Outro problema mais específico é substituir a contento alguns produtos específicos. Uma das dores de cabeça de Thiago, por exemplo, são os queijos. "Eles são feitos com nozes e castanhas e são poucos os produtos certificados."

 

Para quem quer dar uma chance à vida sem bifes, uma sugestão é tirar um dia da semana sem comer nada de origem animal. O movimento "Segunda Sem Carne", por exemplo, propõe que o começo da semana de trabalho tenha um menu vegetariano. É uma maneira de experimentar - nem que seja para perder a birra com a ideia de comer legumes fora da salada.