A horta do improviso: veja dicas espertas para começar sua "plantação"
Em tempos de corte geral de gastos, nunca tivemos tanto tempo para gastar com as plantas. Para milhares de pessoas no mundo todo, praticar a jardinagem se mostrou uma forma de ocupar a cabeça, de distrair crianças e idosos confinados e, principalmente, de produzir alimento.
Para começar, você precisa dar uma geral no que tem na despensa: procure por grãos secos (soja, feijão, lentilha, edamame, ervilha, grão-de-bico, milho de pipoca), fuce o gavetão de legumes da geladeira (Oi, alho brotando?) e dê uma conferida na fruteira. Quase tudo pode ser multiplicado! Ainda que alguns plantios demorem meses ou anos para render uma colheita, terão servido para desestressar e melhorar a qualidade de vida.
Aqui vai um passo a passo bem basicão para horta improvisada ser o mais produtiva possível.
1. Escolha o local mais ensolarado
Só quem já amargou com enxurradas de cochonilhas, exércitos de pulgões e milhares de moscas-brancas sabe que horta em local sem sol produz apenas... dor de cabeça. Quase todas as plantas comestíveis precisam de 8 horas diárias de sol nas folhas e uma pequena parcela consegue crescer com metade dessa insolação, mas, apenas na claridade, infelizmente, não vai rolar. Se você, como eu, não tem tanto sol assim, avalie uma destas três opções:
- Fazer colheita precoce, antes de a planta começar a chiar.
- Cuidar de sua horta num pátio de prédio, quem sabe com a ajuda de outros moradores?
- Substituir as hortaliças por folhagens de sombra e começar sua urban jungle. Já adotei as três saídas, todas são divertidas!
2. Investigue o ambiente
Antes de plantar, certifique-se de que sabe para que lado o sol nasce, para posicionar o vaso ou a jardineira num local que receba o máximo de sol e o mínimo de sombra. Observe ao longo do dia se o muro do vizinho, a árvore da rua, um prédio grande ou mesmo sua própria casa não sombreiam a área da horta.
Outro ponto crucial é o vento: plantas de folhas delicadas, como alface e hortelã, por exemplo, morrem em poucas semanas se estiverem sujeitas a ventania. Se não houver outro local para horta, avalie primeiro criar um quebra-vento para depois plantar. Dá para fazer isso inclusive com uma planta alta, palmeira ou arbusto, por exemplo, mais resistente a vento, que impeça a corrente de ar encanado de alcançar a horta.
3. Garimpe o que plantar
Em tempos menos turbulentos, eu diria para você ir até um garden e selecionar o que plantar ali, elegendo algumas plantas já grandes, outras, adolescentes, e plantando apenas um terço do zero.
Em épocas de quarentena, a ordem é improvisar com o que há em casa. Gengibre, cúrcuma e inhame podem ser plantados exatamente como vêm da feira: quanto mais velhos e enrugados estiverem, mais rápido pegam. Grãos deixados de molho em água, de um dia pro outro, se hidratam e germinam entre 3 e 7 dias, dependendo do tamanho (semeie em bandejinhas de isopor, porque muitos mofam, só transplante o que vingar).
Sementes em geral podem ser jogadas na terra para germinar in loco, como as de frutas, frutos e legumes. Batata-doce rende uma trepadeira muito bonita e vigorosa, com folhagens de cores variadas dependendo da espécie - não é da batata que se faz muda e, sim, das ramas, então, germine a batata na água e corte algumas ramas para enterrar quando estiverem da grossura de um lápis. Coroa de abacaxi também enraíza na água e, embora seja muito rápida para produzir folhas, leva mais de um ano para frutificar (torcendo pra não precisarmos esperar em casa até que isso aconteça!).
4. Cubra o solo
Depois de semear e plantar o que tiver à mão, cubra toda a superfície da terra com uma camada de pelo menos 5 centímetros de palha - aparas de grama, folhas secas, cavacos de madeira, palha de arroz, piaçava, café, cacau, carnaúba, fibra de coco, capulho de algodão, semente de açaí, serragem, feno.
A lista é gigantesca e seus benefícios também: palha segura a umidade do solo, impede que ele aqueça ou esfrie demais, ajuda no controle de pragas, aduba as plantas, evita a evaporação do nitrogênio, protege de respingos da chuva, economiza nas regas, melhora a vitalidade das plantas, dificulta o surgimento de ervas invasoras. Solo exposto é algo completamente anti-natural, basta caminhar numa mata para você notar a quantidade de folhas secas que há recobrindo a terra. Aprenda a usar as palhinhas protetoras e seja um jardineiro muito mais eficiente.
5. Molhe do jeito certo
Depois de enraizadas, as plantas se comportam de maneiras muito variadas, o que torna inútil qualquer esquema de rega do tipo "receitinha de bolo". Não adianta ensinar a regar duas vezes por semana se uns farão a horta no sol forte e outros à meia-sombra, se uns terão vaso de terracota e outros, cachepô impermeável, se há os que começam com plantas jovens e também os que partem de mudas adultas... Entende a complexidade da coisa? Melhor esqueminha para quem não manja nada de jardinagem é botar a ponta do dedo na terra: se sujou, não molhe. Pense que o vaso vai estar sempre mais molhado na parte debaixo, então, se está úmido na superfície da terra, no fundo está encharcado COM CERTEZA.
Espere sempre que o "dedômetro" acuse terra seca na parte mais exposta para você regar abundantemente de novo. Se tiver palhinha protetora, empurre a palhinha num canto para tocar o solo, depois, devolva a cobertura pro lugar em que estava. Para ter uma base, pense nas fases da planta como se fossem pessoas: mudinhas precisam se manter hidratadas e protegidas de sol forte, adolescentes são mais fortinhos, adultos aguentam passar fome e sede. Quanto mais velha for sua planta, menos ela sofrerá se ficar alguns dias sem água.
6. Adube com sobras da cozinha
Preparar um adubo de liquidificador não exige nem mesmo composteira, só sobras de origem vegetal e cascas de ovos. Bata tudo com o mínimo possível de água e aplique imediatamente em vasos e canteiros, empurrando a palha e cobrindo com ela ao terminar.
Essa papa, chamada adubação laminar, pode ser usada em qualquer planta, mas evite em cactos e suculentas porque retém muita umidade no solo. Regue em abundância depois de aplicar e não se esqueça de cobrir o adubo, porque, exposto, ele atrai mosquinhas. Pode pintar um bolorzinho natural, se acontecer, cubra com mais palha. Esse tipo de adubo ainda está cru, por isso, não pode ser armazenado, vai terminar o processo no solo, com a ajuda de fungos, bactérias e outros seres benéficos às plantas. Em troca, eles decompõem a papa e a transformam num coquetel super equilibrado de nutrientes, que vai garantir boas colheitas na sua horta. Use sem moderação!
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