Três verdades que você precisa saber antes de ter sua urban jungle
Mal se distinguem o sofá e o tapete: do teto, pendem samambaias de frondes gigantescas, jiboias contornam janelas, pelo chão, brotam marantas, peperômias e aglaonemas com cores que parecem saídas de Avatar. Tudo viceja tão belo e intocável que parece um paraíso perdido particular — mas é uma sala decorada à moda urban jungle.
A ideia de encher a casa de plantas não é nova — mas mesmo nossos avós e bisavós mais aficionados nunca pensariam em povoar os cômodos com tanto verde. Enquanto no passado era comum as casas terem jardins de fachada, hortas e pomares nos quintais e um ou outro vasinho no parapeito das janelas, hoje vivemos em espaços sem "lá fora".
Aliás, quando existe um "lá fora", rapidamente o transformamos em mais um "aqui dentro", envidraçando as varandas, cobrindo as garagens, fechando as lajes. E é justamente nessa inversão que surge a tendência de urban jungle e, com ela, as alegrias e os desgostos do adensamento de plantas em ambiente interno.
Com 22 anos de cultivo de plantas em ambientes internos (já tive até tomateiros frutificando numa quitinete), posso garantir que espaço não é um impeditivo para ter plantas bonitas. Dá para transformar qualquer cantinho em floresta urbana desde que você aceite estas três duras verdades. Respira fundo e vamos a elas.
1. Ter muitas plantas não é ter QUALQUER planta
A pessoa começa com um vasinho, depois, outro, ganha um terceiro e, quando vê, se sente encorajada a comprar árvores, arbustos, qualquer coisa clorofilada.
É sempre muito gostoso ver a autoconfiança brotar, mas ela cairá por terra se você não levar em consideração que ambientes internos não promovem oito horas de sol por dia, então, nem tudo vai crescer bem na sua sala, não importa quão craque você esteja no cultivo de plantas.
Invista nas espécies de sombra e COLE os vasos no vidro, para que recebam sol nas folhas nem que sejam por duas horinhas na manhã. Quanto mais sol você tiver, maior o leque de plantas, mas não tente ter dentro de casa as espécies de sol pleno porque elas vão viver infelizes (e deixá-lo louco enquanto agonizam).
2. Plantar no cachepô dá ruim
Dá para entender porque as pessoas se animam com cachepô — afinal, ele não suja o chão. Acontece que esse vaso sem furo serve para esconder o vaso verdadeiro (aquele com muitos furos embaixo), e não pra ser transformado em... vaso.
Confuso? Quando você pega essa peça decorativa sem furo e planta direto nela, está tentando tornar o cachepô um vaso — só que, sem ter para onde escoar, a água presa ali dentro vai apodrecer sua planta.
Jardineiros experientes dizem que é só "colocar menos água", e aí começam os verdadeiros problemas. Quanto é "menos água" para uma samambaia? E para uma orquídea? Seria o mesmo para um Ficus lyrata? Já percebeu que vamos para um caminho cada vez mais difícil? Volta pro simples: plante APENAS em vaso com furo.
3. Quase tudo é tóxico se ingerido
Não existe uma lista realmente completa de plantas que podem matar crianças ou bichos de estimação. Isso acontece porque nunca se teve tanta planta DENTRO de casa, então, não se pesquisava muito o perigo das ornamentais e, apenas quando um acidente realmente grave acontecia, aquela planta passava a ser mais divulgada.
Todos nós fomos crianças que crescemos brincando com plantas tóxicas, inclusive nossos PETs — vai me dizer que não tinha alamanda, antúrio ou samambaia na casa dos seus avós? Nenhuma planta vai pular do vaso para atacar alguém, então, se você se sente incomodado com o perigo que elas possam representar, ponha os vasos fora do alcance, em ganchos no teto, suportes de parede ou macramês elegantes.
Entre aquelas sabidamente tóxicas, vale fugir de todas as plantas das famílias Araceae e Euphorbiaceae, qualquer tipo de samambaia, azaleias, lírios, arrudas e rosas-do-deserto. Existem milhares de outras, mas, como disse, há pouca bibliografia a respeito da toxicidade em seres humanos e menos ainda sobre a toxicidade em animais de estimação.
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