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Coreia do Norte e Geração Z declaram guerra contra a calça skinny

Kim Jong-un e calça skinny - Getty Images
Kim Jong-un e calça skinny
Imagem: Getty Images

De Nossa

29/06/2021 04h00

Nunca se ouviu tanto a palavra cringe como nos últimos dias. Essa é a forma com que a Geração Z se refere aos hábitos dos millennials — o primeiro dos grupos é composto por pessoas que nasceram entre 1995 e 2010, já o segundo, entre 1980 e 1994. E uma peça em especial foi a estrela dessa discussão: a calça skinny. Ou melhor, o fim delas.

A peça com o tecido apertado nas pernas é vista como quase abominável pelos Gen Z, com diversas matérias que abrigaram essa discussão — como nos jornais The New York Times e The Guardian e na revista Vogue norte-americana.

O fato é que, em resumo, no mundo pós-Billie Eilish, as roupas justas ao corpo já não parecem ser uma peça essencial para o guarda-roupa dos mais jovens. Embora, provavelmente, quase todo mundo tenha uma delas na gaveta de casa. Com isso, as versões jeans mais largas, como pantalonas, se tornam cada vez uma tendência maior.

"A pandemia tem ampliado a consciência ambiental do consumidor e aumentando a busca por produtos duráveis, atemporais e multiuso", diz Nicolle Moraes, expert do futuro na WGSN, em entrevista para Nossa. "A busca por conforto emocional, se reflete também nas decisões de compra do consumidor, abrindo espaço para que cortes finos e retos consumam a fatia do mercado dos modelos skinny.

Moda pop e nas passarelas

Billie Eilish - Reprodução/Vogue - Reprodução/Vogue
Billie Eilish
Imagem: Reprodução/Vogue

Essa ascensão acontece de forma quase simultânea ao hype pelas peças oversized, das quais Eilish, ícone da Geração Z, é praticamente uma porta-voz. Em entrevistas, a cantora reforça ser adepta dessas roupas como uma espécie de manifesto para o que seu corpo, como uma "diva do pop" atual, não seja sexualizado pela mídia.

"As tendências para esta geração estão muito focadas em bem-estar mental, fazendo com que valorizem comunidades e uma juventude consciente", opina Nicolle Moraes. "Além disso, tendências estéticas nascidas nas redes sociais cativaram a Geração Z. Essa estética ajuda esse grupo a descobrir a sua própria identidade, fortalecer sua autoestima, incentivar a criatividade e unir a comunidade".

Já nas passarelas, o reflexo do "fim da calça skinny" também aparece de forma evidente.

Louis Vuitton  - Divulgação - Divulgação
Louis Vuitton
Imagem: Divulgação

De olho nos jovens e no TikTok, onde muitos deles (não) se escondem, as principais grifes do mundo também têm deixado a skinny de lado e voltado seus olhos para as calças cargo — que, há algum tempo, descansavam em paz. Dentre elas, podemos citar a Prada, Louis Vuitton e Balenciaga como algumas das labels que vêm impulsionando a força das peças que possuem diversos bolsos em ambas as pernas.

Balenciaga - Divulgação - Divulgação
Balenciaga
Imagem: Divulgação

Proibição na Coreia do Norte

Mas, curiosamente, a Geração Z não é a única a defender com unhas e dentes o desuso dessa peça. O governo da Coreia do Norte é um aliado nessa guerra.

Kim Jong-un, político norte-coreano que serve como Líder Supremo do país desde 2011, proibiu o uso das calças skinny em território norte-coreano — junto com os mullets, o corte de cabelo do momento, camisetas com slogan e piercings no nariz e nos lábios,

A ideia parte do pressuposto de que banir o jeans skinny serve como uma tentativa de cortar as tendências da moda "decadentes" no estilo ocidental, de acordo com um relatório.

Kim Jong-un proibiu o uso de calças skinny na Coreia do Norte para barrar tendências culturais "exóticas"  - Getty Images - Getty Images
Kim Jong-un proibiu o uso de calças skinny na Coreia do Norte para barrar tendências culturais "exóticas"
Imagem: Getty Images

O líder temia que tendências culturais "exóticas", especialmente difundidas pelos Estados Unidos, pudessem influenciar os jovens e, por fim, levar à perda de poder.

"Devemos ser cautelosos até mesmo com o menor sinal do estilo de vida capitalista e lutar para nos livrar deles", escreveu Kim em um artigo recente para Rondong Sinmun. "A história nos ensina uma lição crucial de que um país pode se tornar vulnerável e, eventualmente, desabar como uma parede úmida, independentemente de seu poder econômico e de defesa, se não mantivermos nosso próprio estilo de vida."

A nova protagonista

Geração Z busca por peças mais confortáveis e fora do padrão - Getty Images - Getty Images
Geração Z busca por peças mais confortáveis e fora do padrão
Imagem: Getty Images

Se o skinny jeans está com os dias contados quem é o substituto? A resposta, para muitos, é o mom jeans, calças de cintura alta e pernas largas, com lavagem clássica.

A modelagem é um clássico dos anos anos 1980 e despontou como uma tendência depois de ser usada por diversas famosas na época, tais como Madonna e a atriz Drew Barrymore. Hoje, quem as vestem são os grandes nomes da moda, como Bella e Gigi Hadid e Kendall Jenner, do clã Kardashian, entre outras.

Um dos pontos para que o mom jeans tenha ganhado tanto destaque é o resgate de tendências do passado para os tempos atuais — o que facilita encontrarmos essas peças em brechós, por exemplo. Outro ponto a se destacar sobre o modelo é o conforto, que vai na contramão ao aperto nas pernas das calças skinny.

Mom jeans - Reprodução/Instagram - Reprodução/Instagram
Mom jeans
Imagem: Reprodução/Instagram

Para Nicolle Moraes, outros dois modelos também devem registrar força nos próximos tempos: as pantalonas e as boyfriends, ambas com cortes mais largos nas pernas.

"O conforto continua em alta, e no caso do jeans, isso se atrela ao toque macio por meio de novas tecnologias de fibra. Além disso, jeans com produção consciente ainda são prioridade para os consumidores em busca de escolhas responsáveis", conclui Nicole.