Fetiches quebram as "quatro paredes" e conquistam espaço explícito na moda
O que se faz entre quatro paredes fica entre quatro paredes, certo? Para a moda, não. Provavelmente, você deve ter notado por aí uma constante aparição de máscaras, coletes e espartilhos nos looks do feed do Instagram. Não estranhe, o fetiche está mais em alta do que nunca. E a melhor parte disso é que não há espaço para censuras, as roupas podem ser explícitas de suas próprias formas. Sem qualquer vergonha.
Quem está nos dando amostras de como o fetichismo pode estar presente nos nossos looks do dia a dia é Kim Kardashian. Claramente, poucos de nós temos cacife para bancar um guarda-roupa da Balenciaga, como ela faz, mas suas roupas são vitrine para que o mercado passe a se apropriar desse estilo para garantir uma tendência, digamos, mais popular.
Desde o Met Gala (onde virou meme) até meras caminhadas pela cidade, Kim tem incorporado as máscaras que cobrem todo o seu rosto. Versões certamente mais sexies do que as nossas PFF2. Aos adeptos do BDSM, prática que consiste em amarrações e restrições consensuais no sexo, isso não é tão novo. Já, para muitos de nós, assemelha-se a uma fantasia misteriosa, desvendada pelo uso maciço de couro e látex.
Podemos nos lembrar também do look escolhido por Madonna para a sua mais recente aparição no VMA 2021. A "rainha do pop" nunca tratou do sexo como um tabu e, aos 63 anos, não seria diferente.
Para o evento, a cantora compartilhou com seus fãs um visual que deixava o decote poderoso à mostra e meias arrastão. Tudo combinado convenientemente com o uso de boina, cinto e espartilho. Era possível ouvir o barulho de um chicote estalando, mesmo que ele não estivesse lá.
Se a moda pega no Brasil? Quem pode responder a esse questionamento é Anitta. Preparando-se para lançar sua mais nova parceria internacional, com a cantora Saweetie, a nossa "Girl From Rio" usou, como um dos figurinos para o videoclipe de "Faking Love", um espartilho de couro com detalhes vazados na parte frontal, toda entrelaçada no decote.
"A moda fetichista pode ser associada aos trajes usados nessas práticas sexuais, que buscam diferentes formas de prazer. A maioria dessas roupas trazem o látex e o couro, em cores como o preto e o vermelho, associadas popularmente ao que é 'sexy'", opina a consultora de moda Silvia Monteiro para Nossa.
"Para mim, a popularidade é uma resposta ao confinamento, período que nos redescobrimos, e agora queremos colocar isso para fora, como com o que vestiremos".
Ou seja, as vitrines dos sex shops nunca pareceram tão atraentes aos fashionistas.
É importante ressaltar que o público masculino não fica de fora. Entre os nossos ícones-inspiração para aderir ao estilo está o ator Timothée Chalamet. O ator, vestido de Louis Vuitton, nos agraciou com uma forma mais sutil do fetichismo ao vestir um colete brilhante sobreposto à camisa preta.
Em uma versão mais explícita, Evan Mock, o astro da nova versão de "Gossip Girl", adicionou spikes e alfinetes ao terno Thom Browne para o Met Gala. Podemos citar ainda, repetitivamente, o uso da máscara com um moicano (literalmente) espinhoso.
As grifes estão abertas ao fetiche?
Em 2019, a Moschino transformou a passarela de Milão em uma exposição BDSM, evocando palavras como "prazer" e "fantasia" em suas roupas.
Provavelmente, o maior ato da moda fetichista nos últimos anos, como você pode ver na galeria de fotos abaixo.
Agora, em tempos mais atuais, se algumas das marcas que desfilaram na Semana de Moda de Paris se personificassem em uma pessoa, provavelmente seria Christian Grey, de "50 Tons de Cinza" e diriam: "eu tenho gostos peculiares, você não entenderia".
Não necessariamente sensuais à primeira vista, os looks apresentados no evento gritavam "látex, por favor". O uso do tecido não é necessariamente novo, mas foi reapresentado com forte constância nas passarelas parisienses.
Dentre elas, podemos citar a Rokh. O designer londrino Rok Hwang presenteou nossos olhos com um traje que seria facilmente vestido por uma Dominatrix: um vestido todo preto. Facilmente combinado com uma cinta-liga escondida por baixo de todo o tecido e, ainda além, ideal para uma "festa secreta" — se é que você me entende.
Com a Courrèges pudemos testemunhar algo parecido. A grife comandada pelo diretor criativo Nicolas di Felice provou o gosto da "sensualidade nua e crua", como ele mesmo se referiu ao apresentar a coleção. Um desses sabores foi evidenciado por um top preto, que cruzava o busto da modelo com tiras de tecido em X.
Dito tudo isso, agora só cabe a nós mesmos decidir se continuaremos mascarados após a pandemia. Mas dessa vez, por um motivo mais nobre. Ou melhor, sensual.
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