Topo

Turbulento panorama para o setor aéreo mundial devido à pandemia

Aviões de Lufthansa - Thomas Lohnes/Getty Images
Aviões de Lufthansa
Imagem: Thomas Lohnes/Getty Images

Da AFP

28/05/2020 13h45

Demissões, falências e planos de resgate. A pandemia de coronavírus atingiu severamente o setor aéreo, que tem seus aviões cravados no chão.

O anúncio feito pela companhia aérea britânica EasyJet nesta quinta-feira (28), informando que reduzirá sua equipe em até 30%, é o mais recente de uma longa lista de más notícias.

A Associação de Transporte Aéreo Internacional (IATA, na sigla em inglês) estima que o impacto da pandemia no volume de negócios das companhias aéreas em 2020 será de US$ 314 bilhões, o que representa uma redução de 55% em relação a 2019.

Uma longa lista de recuperação judicial

LATAM, a maior companhia aérea da América Latina, declarou-se em quebra em 26 de maio. A companhia, que tem 42.000 funcionários, pediu apoio à lei de recuperação judicial dos Estados Unidos, o que permite que uma empresa sem condições de pagar suas dívidas possa se reestruturar sem a pressão dos credores.

Duas semanas antes, a Avianca, a segunda companhia aérea da América Latina, recorreu à mesma lei.

A Virgin Australia se declarou inadimplente em 21 de abril, depois que o governo australiano recusou o empréstimo de 1,4 bilhão de dólares australianos para que a empresa se mantivesse em funcionamento.

O coronavírus também afetou as companhias aéreas sul-africanas South African Airways (SAA) e Comair, a britânica Flybe e quatro filiais da Norwegian Air Shuttle na Suécia e na Dinamarca.

Uma cascata de demissões

A Air Canada demitirá mais da metade de sua equipe (pelo menos 19.000 pessoas), a British Airways prevê 12.000 cortes de vagas (30% de seu efetivo), a americana Delta Air Lines espera 10.000 demissões voluntárias (11%), a escandinava SAS, 5.000 (40%), e a britânica EasyJet, 4.500 (30%).

A americana United Airlines também anunciou cortes (3.450 empregos), assim como a britânica Virgin Atlantic (3.150), as irlandesas Ryanair (3.000) e Aer Lingus (900), a Icelandair (2.000), a Brussels Airlines (1.000), a húngara Wizz Air (1.000) e a Fiji Airways (758).

A American Airlines anunciou que cortará 30% de sua equipe administrativa e prevê também uma redução no número de pilotos e tripulantes, de acordo com um documento interno acessado pela AFP nesta quinta-feira.

Já a construtora americana Boeing anunciou o corte de 16.000 empregos, ou seja, 10% de sua força de trabalho na aviação civil, enquanto a fabricante de motores americana General Electric e sua concorrente britânica Rolls-Royce eliminaram 12.600 e 9.000 empregos, respectivamente.

Recursos públicos para o setor

O governo alemão e a Lufthansa elaboraram em 25 de maio um pacote de resgate de 9 bilhões de euros, no qual o Estado se tornaria o maior acionista da empresa. Na quarta-feira, porém, a companhia considerou que as concessões exigidas em troca, por parte da UE, são muito estritas e ainda não aprovou o acordo.

Também na Alemanha, a empresa de transporte Condor, filial do operador de turismo em quebra Thomas Cook, obteve empréstimos garantidos pelo Estado no valor de 550 milhões de euros.

França e Holanda socorreram a Air France-KLM com um plano de entre 9 e 11 bilhões de euros.

A maioria das principais companhias aéreas americanas recorreu a um programa de apoio ao emprego lançado em março pelos Estados Unidos, do qual US$ 50 bilhões são destinados à aviação civil.

A Itália optou, por sua vez, por nacionalizar a Alitalia. A Easyjet obteve um empréstimo público de 600 milhões de libras (675 milhões de euros), e a Suíça garantiu 1,2 bilhão de euros em empréstimos à Swiss e à Edelweiss, duas filiais da Lufthansa.

A Air New Zealand obteve um empréstimo estatal de cerca de 900 milhões de dólares neozelandeses (479 milhões de euros).

Dubai e Turquia anunciaram sem mais detalhes que apoiariam a Emirates e Turkish Airlines, respectivamente.

Em meados de maio, a IATA estimou a quantidade de auxílio estatal às companhias aéreas em US$ 123 bilhões.