Quarentena obrigatória entre a França e o Reino Unido contraria turistas
O anúncio de uma quarentena obrigatória de 14 dias para todos que viajarem da França ao Reino Unido provocou a indignação de centenas de milhares de turistas, alguns dos quais tentavam retornar antes que a medida entrasse em vigor.
A decisão britânica, justificada pelo aumento da epidemia na França, entrará em vigor a partir de sábado às 04h00 locais (00h00 no horário de Brasília), o que deixou pouco tempo para muitos viajantes revisarem seus planos e comprarem as últimas passagens disponíveis de trem, balsa ou avião para fazer o retorno.
Cerca de 160.000 pessoas que estão de férias precisam voltar da França para o Reino Unido, segundo dados do governo britânico. Uma parte dos cerca de 300.000 franceses que vivem no Reino Unido aproveitam o verão para visitar seu país.
O governo francês alertou que o anúncio de Londres provocaria uma "medida de reciprocidade" que afetaria os franceses ou residentes na França que se encontram atualmente em território britânico.
Paul Trower, um aposentado britânico, cancelou suas férias nesta sexta-feira para voltar rapidamente de balsa.
"Voltamos para casa para evitar (a quarentena), porque minha esposa trabalha e eu tenho que cuidar da minha neta", disse à AFP nesta manhã em Calais, no norte da França.
A quarentena será obrigatória também para os viajantes da Holanda, Mônaco e Malta. Desde o final de julho, a medida havia sido reintroduzida sem aviso prévio para os passageiros da Espanha, destino turístico preferido dos britânicos.
As autoridades britânicas também impuseram este isolamento na semana passada para todos os viajantes da Bélgica, Andorra e Bahamas.
"Fizemos tantos esforços neste país para baixar os níveis (de transmissão da COVID-19) que a última coisa que queremos é que as pessoas voltem e tragam o vírus", argumentou o ministro de Transportes britânico, Grant Shapps, na BBC.
Aviação mais uma vez prejudicada
O Reino Unido é o país europeu mais afetado pelo coronavírus com mais de 41.000 mortos e seu primeiro-ministro, Boris Johnson, foi duramente criticado por sua gestão da crise de saúde.
A obrigação da quarentena fará com que algumas crianças não possam comparecer ao retorno do ano letivo, como aqueles que voltarem na segunda metade de agosto.
A medida também é uma má notícia para o setor da aviação, já muito castigado pela pandemia.
"Infelizmente este é mais um golpe para os turistas britânicos e não deixará de impactar a já conturbada indústria da aviação", reagiu em nota o IAG, proprietário da British Airways, hostil às medidas de quarentena.
A decisão britânica coincide com um preocupante aumento dos casos de coronavírus na França, onde foram registrados por exemplo 2.669 novos casos nesta quinta-feira, um número que não era visto desde maio.
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