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Moda masculina volta às passarelas em Milão com público

Serão presenciais apenas três dos 47 desfiles da temporada Primavera-Verão 2022 programados para acontecer em Milão durante cinco dias - Getty Images
Serão presenciais apenas três dos 47 desfiles da temporada Primavera-Verão 2022 programados para acontecer em Milão durante cinco dias Imagem: Getty Images

19/06/2021 11h50

Como sempre foi ou quase. A Câmara Italiana de Moda deu início nesta sexta-feira (18), em Milão, aos desfiles masculinos da Semana de Moda, alguns deles com público, deixando de lado assim o formato virtual imposto pela pandemia.

"É um teste geral para uma volta à normalidade", disse Federica Trotta Mureau, editora-chefe da revista de moda italiana Mia Le Journal, à AFP.

A fórmula "híbrida" simboliza um primeiro retorno às sensações despertadas pelos desfiles ao vivo: "As luzes que tiveram que ser apagadas voltam a ser acendidas, a música volta a acompanhar a entrada das primeiras modelos (...) é uma emoção que o digital não pode transmitir", afirma Mureau.

A famosa marca italiana Armani foi a primeira a anunciar em maio o retorno do público aos desfiles depois de ter sido a primeira a abrir mão das passarelas em fevereiro do último ano, quando o coronavírus começou a se espalhar pela Itália.

"Me dá medo, como acredito que dê em todo mundo", confessou na época o estilista Giorgio Armani, de 86 anos.

Na esteira dos desfiles presenciais estão as grifes Dolce & Gabbana e Etro. Por enquanto, serão presenciais apenas três dos 47 desfiles da temporada Primavera-Verão 2022 programados para acontecer em Milão durante cinco dias.

A grande maioria optou pelo formato virtual, com desfiles gravados ou curtas na plataforma da Câmara Nacional de Moda Italiana, apresentados nos próprios canais de comunicação ou nas redes sociais.

Liberdade de movimento

Ermenegildo Zegna - Divulgação - Divulgação
Ermenegildo Zegna
Imagem: Divulgação

Foi o caso de Ermenegildo Zegna nesta sexta-feira.

Num cenário que passeava entre o ecológico e o urbano, a marca mostrou preferência por materiais e volumes fluidos. Tecidos leves associados a cortes simples, jaquetas quimono, jaquetas sem gola, sobretudos e bermudas soltos, chinelos de couro entrelaçados...

"É o renascimento do luxo artesanal, um movimento que liberta o homem preservando sua singularidade", explica o diretor artístico da marca, Alessandro Sartori.

Para essa coleção, Zegna trabalhou com fibras vegetais, como cânhamo ou linho, cores naturais, jogando com as nuances das matizes do branco, tons de marrom e verde mineral.

Depois do período sombrio da pandemia, trata-se de homenagear a natureza e suas cores, "sua capacidade de renascer e florescer após um inverno frio", explicou Federica Trotta Mureau.

Essas tonalidades "duradouras" passam uma mensagem de "admiração pela resiliência da natureza, capaz de renascer e florescer após o inverno frio", explicou a especialista em moda que vê nela "uma mensagem de esperança" após tempos difíceis.

"Adeus às cores sóbrias e castigadas! O verão de 2022 para a moda masculina será marcado por cores e exageros", disse.

"A retomada"

O mercado italiano da moda recuperou-se e prevê um aumento de 17% no volume de negócios para este ano, perto de 80 bilhões de euros (95 bilhões de dólares), impulsionado principalmente pela China, segundo a entidade responsável.

Estima-se que as exportações de moda "Made in Italy" aumentem 13%.

"O fato do governo nos ter ouvido e dar um sinal verde ao nosso pedido de autorização da presença do público a partir de 15 de junho constitui um sinal importante para a retomada do setor", garantiu com otimismo o presidente da Câmara Nacional de Moda, Carlo Capasa.

No entanto, a indústria da moda italiana estima que retornará aos níveis pré-pandêmicos apenas em 2022, porque os pedidos durante os primeiros meses de 2021 não registraram mudanças e, ao contrário, continuaram abaixo das expectativas.

O ano de 2020 foi calamitoso para a moda desse país, com queda de 26% nos lucros, por conta do confinamento, fechamento de lojas e conexões internacionais, além do colapso do turismo.