Iguaria rara, caviar 'de ouro' da Moldávia pode custar R$ 108 mil o quilo
Os esturjões-beluga nadam nos tanques de uma piscicultura na Transnístria, região separatista da Moldávia, onde todos esperam que as fêmeas estejam dispostas a dar seu caviar dourado, uma iguaria extremamente rara.
A empresa Aquatir de Tiraspol, capital deste território pró-russo que se separou depois de uma guerra no início dos anos 1990 — embora a comunidade internacional não o reconheça —, planejou tudo para o feliz acontecimento que deve acontecer no próximo ano.
O caviar beluga será embalado em recipientes de ouro e vendido em leilão para satisfazer as papilas gustativas dos ricos deste mundo. O preço deve rondar os 17 mil euros (cerca de R$ 108 mil, em cotação de hoje) o quilo.
"Tivemos muita sorte", diz à AFP Viorica Grimakovskaya, gerente comercial da exploração.
Aquatir encontrou 20 esturjões-beluga — o mais raro do mundo — por acaso em 2006, quando a empresa foi fundada e adquiriu a primeira ninhada. "Assim que eclodiram, nós os trouxemos para cá imediatamente".
Eles então tiveram de ser criados. Estes peixes levam cerca de 15 anos para amadurecer e produzir caviar. A primeira colheita de ovas está prevista para 2022.
A empresa Aquatir já oferece uma infinidade de caviares pretos, graças à produção de suas 450 toneladas de esturjões russos, sacalinas e siberianos.
Vende sete toneladas por ano dessas ovas, a um preço que varia entre US$ 450 (R$ 2.483) e US$ 1.800 (R$ 9.932) o quilo.
O beluga, que não deve ser confundido com o cetáceo de mesmo nome, pode ter seis metros de comprimento e pesar uma tonelada, sendo a maior e mais apreciada espécie de esturjão.
Colher sem matar
Os peixes não são abatidos durante a colheita de ovas. Os funcionários de avental mostram a manipulação em uma fêmea: sua barriga é comprimida, um utensílio é inserido na abertura de saída das ovas, e elas brotam aos milhares.
A manipulação é repetida na próxima temporada de reprodução e assim por diante.
Com escritório na Alemanha, a Aquatir exporta para todo mundo, da Espanha à Indonésia, de Israel aos Estados Unidos, passando por Suíça e Japão.
Um grande sucesso para a Transnístria, um buraco negro legal no meio da Europa que foi, por muito tempo, um local de tráfico diversificado. Por quase 30 anos, esta área esteve sob o controle de um obscuro conglomerado chamado Sheriff.
Aquatir é uma de suas propriedades. O grupo também é dono do time de futebol Tiraspol, que acaba de derrotar o Real Madrid na Liga dos Campeões.
A fazenda de peixes de 12 hectares está localizada a apenas algumas centenas de metros do Estádio do FC Sheriff.
O sucesso da empresa se baseia na crescente popularidade do caviar de cultivo, que ganhou força com uma moratória, decidida no início dos anos 2000, sobre a pesca do beluga na região do Mar Cáspio. A espécie está ameaçada, após décadas de sobrepesca.
Na república separatista da Transnístria, onde o salário médio gira em torno de US$ 250 (R$ 1.380) por mês, poucos podem comprar a produção local desse produto de alta qualidade.
"Não é fácil vender caviar para o povo da Transnístria", diz Grimakovskaya.
Já no caso dos clientes estrangeiros, a procura não acaba. O caviar dourado do esturjão-albino deve prevalecer como um precioso maná.
A expectativa de vida dos esturjões-beluga pode passar dos 100 anos.
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