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Alemanha devolve objetos e esculturas maias descobertos em um porão

As 13 peças incluem estatuetas e pratos esculpidos pelo povo maia entre 250 e 850 d.C  - AFP/Arquivos
As 13 peças incluem estatuetas e pratos esculpidos pelo povo maia entre 250 e 850 d.C Imagem: AFP/Arquivos

06/11/2021 11h16

A Alemanha entregou ao México e à Guatemala, nesta sexta-feira (5), vários objetos e esculturas da era maia, enterrados em 2007 em um porão e descobertos no ano passado pela polícia.

As 13 peças, cuja autenticidade foi atestada, são compostas por estatuetas, placas e cristais esculpidos entre 250 e 850 d.C pelo povo maia.

A cerimônia aconteceu em Berlim, representando a região da Saxônia Anhalt, onde foram descobertos no ano passado. O presidente regional, Reiner Haseloff, os apresentou aos embaixadores guatemalteco Jorge Lemcke Arevalo e mexicano Francisco Quiroga.

Onze das peças foram fabricadas no que hoje é a Guatemala e duas figuras vêm de Teotihuacán, a maior cidade da América pré-colombiana, localizada a cerca de 40 quilômetros da Cidade do México.

"Confiamos que outros proprietários de objetos semelhantes seguirão o mesmo caminho", disse Lemcke Arevalo em coletiva de imprensa.

Seu colega mexicano falou de um gesto "exemplar".

"O comércio ilegal de bens culturais deve ser prevenido e combatido", acrescentou Haseloff.

Objetos roubados por saqueadores de tumbas ou ex-colônias não estão apenas em museus, mas também podem ser encontrados em nossos porões ou celeiros"

Objetos e esculturas da era Maia foram devolvidos ao México e à Guatemala - John MacDougal / AFP  - John MacDougal / AFP
Objetos e esculturas da era Maia foram devolvidos ao México e à Guatemala
Imagem: John MacDougal / AFP

A polícia encontrou as 13 peças em uma fazenda em Klötze, Saxônia Anhalt, uma região no leste do país. Em 2007, seu ex-proprietário havia enterrado dois fuzis da Segunda Guerra Mundial, que pertenciam a seu avô, e os objetos em uma caixa.

Afirmando que pretendia entregar as armas, cuja posse é ilegal, o novo proprietário contatou as autoridades em 2020 e indicou o local onde elas estavam enterradas.

A polícia encontrou os fuzis e, para seu espanto e do novo proprietário, também os objetos embrulhados em jornal, informou a Promotoria.

De acordo com o estado da Saxônia Anhalt, as esculturas provavelmente foram roubadas por ladrões de túmulos na Guatemala e no México antes de serem vendidas no mercado clandestino.

Nenhum procedimento judicial foi iniciado, uma vez que os fatos prescreveram.

O antigo dono alegou não ter ideia de sua origem ou de seu valor real. Ele afirmou que os comprou por cerca de US $ 100 em um mercado de pulgas de Leipzig em 2003, de acordo com vários meios de comunicação alemães.

No mercado de arte, as pequenas figuras custam entre US $ 1.700 e US $ 2.300 cada, de acordo com especialistas. Leilões de objetos dessa época não são incomuns na Alemanha.

Em setembro, uma casa em Munique colocou à venda mais de 300, todos acompanhados de um certificado comprovando que estavam legalmente na Alemanha.

A operação gerou protestos de vários países da América Latina e do Caribe por se tratar de um patrimônio cultural, segundo carta conjunta de seus respectivos embaixadores na Alemanha.

"O patrimônio cultural de um país não deve ser colocado à venda", reiterou o embaixador mexicano nesta sexta-feira.