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Met devolve à Nigéria obras de arte saqueadas sob domínio colonial

"Guerreiro chefe", uma das obras devolvidas, é uma placa em bronze do século 16 - Divulgação/The Metropolitan Museum of Art
"Guerreiro chefe", uma das obras devolvidas, é uma placa em bronze do século 16 Imagem: Divulgação/The Metropolitan Museum of Art

da AFP, em Nova York

23/11/2021 12h37

O Metropolitan Museum de Nova York devolveu à Nigéria, na segunda-feira (22), três obras de arte que foram saqueadas no século 19, em um momento em que os museus estão fazendo esforços crescentes para repatriar tesouros estrangeiros.

Duas placas de bronze do século 16 e uma cabeça de bronze do século 14 do Reino de Benin, parte da atual Nigéria, foram retiradas do Palácio Real durante a ocupação militar britânica em 1897 e transferidas para o Museu Britânico em Londres até 1950, quando o Reino Unido repatriou as obras.

Em seu retorno ao Museu Nacional de Lagos, as peças reingressaram no mercado de arte e acabaram nas mãos de um investidor privado que as doou ao Met em 1991. Ficaram expostas neste museu durante anos.

Seu retorno às Coleções Nigerianas na segunda-feira, que já havia sido anunciado em junho, foi assinado em Nova York pelo diretor do Met, Max Hollein, e pelo diretor-geral da Comissão Nacional de Museus e Monumentos da Nigéria, Abba Isa Tijani.

Citado em um comunicado, Tijani parabenizou o Met "pela transparência que mostrou", enquanto o ministro nigeriano da Informação e Cultura, Alhaji Lai Mohammed, pediu "que outros museus façam o mesmo".

"O Met tem o prazer de ter iniciado a devolução dessas obras e está comprometido com a transparência e com a arrecadação responsável de bens culturais", disse Hollein.

O museu também assinou um acordo com o país africano para formalizar seu "compromisso comum com as futuras trocas de experiência e arte", segundo o comunicado.

O Met disse que vai "emprestar obras do Benin" a museus nigerianos e, em troca, o país africano fará "empréstimos" do museu de Nova York, que planeja criar uma nova ala até 2024.

A restituição de obras de arte roubadas na África pelos exércitos coloniais afeta instituições em todo mundo ocidental.

No início de novembro, Paris devolveu 26 tesouros que foram saqueados do Benin durante a época colonial, cumprindo uma promessa feita pelo presidente Emmanuel Macron de restaurar a parte perdida do patrimônio de África.

E os museus alemães concordaram em trabalhar com as autoridades nigerianas em um plano para repatriar peças saqueadas de Benin, enquanto o Museu Horniman, de Londres, disse em abril que consideraria a repatriação de tesouros obtidos pela "violência colonial" para a Nigéria.

O Museu Britânico, que enfrenta crescentes críticas por se recusar a devolver peças para a Nigéria, o Egito e outros lugares, ajudou a devolver mais de 150 tesouros antigos saqueados no Iraque e no Afeganistão em 2019.