Lágrimas e emoção em Paris em homenagem a estilista da Louis Vuitton
A empresa de luxo francesa Louis Vuitton desfilou nesta quinta-feira (20) em homenagem a Virgil Abloh, diretor artístico de sua linha masculina, que morreu em novembro, aos 41 anos, quando finalizava sua coleção.
Em uma "casa dos sonhos" azul-celeste construída no Carreau du Temple, um dos grandes espaços públicos parisienses, os modelos desfilaram com criações em branco cintilante, preto austero, cores fluorescentes, para uma coleção que estava pronta "95%" quando Abloh morreu de câncer, explicou a empresa.
Ao final do desfile, momento em que o criador sai para cumprimentar, cerca de trinta colaboradores do estilista apareceram com camisetas exibindo as cores de um pôr do sol. O público respondeu com aplausos e lágrimas.
Virgin Abloh, designer, arquiteto e DJ negro, concebeu uma passarela que remixou ousadamente streetwear e cortes clássicos, kaftans e peças de inspiração oriental.
Silhuetas unissex, e até uma modelo vestida de véu, como se fosse uma noiva vestida de branco, cruzaram a passarela.
"Não tentaremos copiar Virgil"
A morte de Abloh, que quebrou os padrões ao assumir a direção artística da emblemática casa Vuitton em 2018, chocou o mundo da moda, onde circulam rumores sobre sua substituição.
"Não tentaremos copiar Virgil", disse o diretor da Louis Vuitton, Michael Burke, em entrevista ao jornal Le Figaro, que deve aparecer na sexta-feira, na qual ele levantou a questão pela primeira vez.
"Precisamos de alguém com a coragem dele, mas também com a coragem da Louis Vuitton(...) Alguém que não necessariamente seja da elite da moda, que seja fascinado por este mundo e queira conquistá-lo", disse.
O que é preciso é uma personalidade com "sensibilidade ao prêt-à-porter, que é muito importante em nosso negócio. Um estilista que sinta os tempos, entenda seu espírito e saiba sintetizar tudo o que acontece em um momento contando belas histórias", adicionou.
Um desfile de homenagem foi realizado em 30 de novembro em Miami, dois dias após a morte do estilista americano em decorrência de um câncer.
Abloh fascinou as gerações mais jovens do mundo da música e da arte, especialmente nos Estados Unidos. Rihanna, Kanye West, Kim Kardashian, Bella Hadid e Pharrell Williams estiveram presentes em Miami.
Para atender à enorme expectativa por esta apresentação, a Vuitton contou com duas passarelas, também devido às regras anticovid, que obrigam a reduzir a capacidade.
"Ele planejou tudo cuidadosamente até o último minuto", disse à AFP Kim Jones, que foi designer da Louis Vuitton até 2018, quando Abloh o substituiu. "(Virgil e eu) viajamos pelo mundo juntos. Me sinto muito sortudo por tê-lo conhecido", disse ele.
Após a morte deste criador, apenas um outro designer negro permanece no horizonte da moda, Olivier Rousteing, da Balmain.
A escolha de Virgin Abloh foi "ousada", e a escolha de seu sucessor "exigirá também audácia", explicou Serge Carreira, professor de ciência política em Paris.
Abloh não hesitou em colaborar com a Nike e outras marcas esportivas para quebrar barreiras.
"Virgil mostrou como você pode ser multidisciplinar e destemido. Ele era realmente poderoso. Ele teve um impacto na vida de tantas pessoas", disse à AFP Bianca Saunders, uma estilista londrina com raízes afro-caribenhas.
Entre os potenciais candidatos negros para substituir Abloh estão seus colaboradores Samuel Ross e Heron Preston, o diretor artístico da Reebok, Kerby Jean-Raymond, a estilista britânica Grace Wales Bonner e ainda o rapper e designer Kanye West, amigo de Abloh.
Também são mencionados Kris van Assche, que deixou a Berluti, e Daniel Lee, que não trabalha mais na Bottega Veneta, além de Riccardo Tisci (Burberry, ex-Givenchy).
"Virgil Abloh encarnou a diversidade, foi uma figura na promoção do talento entre os estilistas negros. É uma questão simbólica, mas a questão afeta a indústria da moda globalmente", explicou Serge Carreira.
A Louis Vuitton fez uma parceria com a casa de leilões Sotheby's para colocar 200 pares do tênis Nike "Air Force 1" projetados por Virgil Abloh à venda para caridade. O preço inicial é de US$ 2 mil.
Os lucros irão para a sua fundação "Post-Modern", que apoia a formação de designers de origem afro-americana e africana.
A Semana de Moda Masculina segue em Paris com novas promessas, como a britânica Bianca Saunders, que estreou com uma coleção que remete ao século 20, e a francesa Y/Project, que ignorou convenções e desfilou com homens e mulheres.
Para o Y/Project, os homens usarão ternos enormes e grandes no outono, protegendo seus rostos com suéteres de gola extra longa, enquanto as mulheres usarão camisetas ajustadas, estampadas para imitar seus corpos.
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