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Turistas russos não conseguem deixar a Turquia devido à guerra na Ucrânia

Antália, na Turquia: balneário é um dos destinos de férias favoritos de russos e ucranianos - Xantana/Getty Images/iStockphoto
Antália, na Turquia: balneário é um dos destinos de férias favoritos de russos e ucranianos Imagem: Xantana/Getty Images/iStockphoto

da AFP, em Antália, na Turquia

16/03/2022 10h27

Anton Gavrilov estava de férias em Antália, no sul da Turquia, quando seu país, a Rússia, invadiu a Ucrânia. Desde então, não conseguiu mais usar seus cartões de crédito e não sabe quando poderá voltar para casa.

Logo após o início da ofensiva, dezenas de países fecharam seu espaço aéreo para aviões russos. Não é o caso da Turquia, que mantém voos para Moscou por enquanto. Apenas a transportadora turca de baixo custo, Pegasus, anunciou que suspenderá os voos para a Rússia "até 27 de março".

Mas a União Europeia e o Canadá proibiram a exportação de peças e equipamentos aeronáuticos e os principais fabricantes, Airbus e Boeing, suspenderam a manutenção dos aviões.

Sistema Mir

Anton também está preocupado com suas despesas, já que Visa e Mastercard suspenderam o uso no exterior de cartões de crédito emitidos na Rússia.

O sistema Mir, uma estrutura russa de transferência eletrônica de dinheiro, continua funcionando.

Mas por quanto tempo? O rublo entrou em colapso — assim como as economias de Anton — sob o efeito das sanções ocidentais e o jovem pai de família teme que essas férias em Antália sejam as últimas por muito tempo.

Mesmo no inverno, Antália nunca recebe menos de 100 mil turistas russos, seu destino favorito na Turquia.

Em um saguão de hotel, Margarita Sabatnikaya, de 31 anos, compartilha a mesma incerteza de Anton.

Não sabemos como vamos nos sustentar." Queixou-se Margarita.

O preço das passagens aéreas explodiu, chegando a 400 euros (R$ 2.260) para o voo de volta à Rússia, mais que o dobro da média antes da guerra.

Nestas condições, os hoteleiros de Antália temem uma avalanche de cancelamentos para a temporada de verão que começa em maio.

Alguns especialistas do setor esperam que, entre os milhares de russos que fugiram da Turquia desde o início do conflito, alguns optem por se estabelecer temporariamente na costa.

Já os turistas ucranianos — 2 milhões no ano passado em toda a Turquia — provavelmente não estarão nas praias de Antália neste verão.

Olga também ficou presa no balneário. "Chegamos no início de fevereiro para férias. Deveríamos ter voltado dois dias depois do início da guerra, mas não há mais voos", conta a ucraniana que viajou em família e pediu para não revelar seu sobrenome.

"Não temos muito dinheiro. Não sabemos o que fazer", suspira.

Barbaros Duzgun, um agente de viagens e guia de língua russa em Antália, se pergunta se russos e ucranianos poderão frequentar os mesmos locais de férias.

"No passado, acolhíamos turistas russos e ucranianos que chegavam nos mesmos barcos, nos mesmos ônibus. Como faremos agora se eles reservarem uma viagem no mesmo ônibus?", pergunta ele.