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A palestina cervejeira que se destacou em festival na Cisjordânia ocupada

Visitantes mostram suas canecas em evento realizado em Taybeh  - ABBAS MOMANI/AFP
Visitantes mostram suas canecas em evento realizado em Taybeh Imagem: ABBAS MOMANI/AFP

03/09/2022 11h52

A Oktoberfest anual, que acontece neste fim de semana na Cervejaria Taybeh, na Cisjordânia ocupada, é um festival de cerveja como nenhum outro.

Desde 1994, opera em circunstâncias difíceis. A cervejaria palestina agora é administrada por uma mulher, Madees Khury, o que adiciona uma camada extra de complicação.

Khury afirma ser a primeira, e talvez a única, mulher cervejeira no Oriente Médio, liderando uma dinastia cervejeira que transformou a pequena cidade cristã de Taybeh, na Cisjordânia ocupada por Israel, em uma marca global de cerveja.

Não foi uma infância normal para Khury, que passou seus primeiros anos em torno das enormes cubas da cervejaria Taybeh.

"Cresci na cervejaria desde os nove anos de idade. Andava por aí causando problemas", disse ela à AFP.

A cervejaria palestina agora é administrada por uma mulher, Madees Khury - -/AFP - -/AFP
A cervejaria palestina agora é administrada por uma mulher, Madees Khury
Imagem: -/AFP

Depois de se formar na Universidade de Boston, nos Estados Unidos, em 2007, voltou a Taybeh para aprender sobre os negócios da família.

Ela agora chegou a COO e é o rosto da elogiada Oktoberfest da empresa, lançada em 2005.

Realizada na sexta e no sábado, a Oktoberfest de Taybeh é tanto sobre a identidade palestina quanto sobre o consumo de cerveja. É uma combinação de dabke, uma dança tradicional, cervejas e política.

"Para construir um Estado da Palestina, temos que investir nosso próprio dinheiro, educação e trabalho duro no país, abrindo negócios, sem depender de ajuda externa que pode ser cortada a qualquer momento", continua Khury.

Fazer cerveja sob a ocupação

Fabricar cerveja como um negócio viável não é tarefa fácil na Cisjordânia.

"Além de estar sob ocupação, há escassez de água. Não há fronteiras. O deslocamento e o transporte são muito difíceis", detalha.

Além disso, Khury é uma mulher em uma indústria dominada por homens. "As mulheres da indústria cervejeira em geral têm muita dificuldade", diz ela.

"Mas acho que é mais difícil para mim porque estou em um país dominado por homens, um país árabe e sob ocupação, então é quatro ou cinco vezes mais difícil do que em qualquer outro lugar", ressalta.

A bartender serves visitors on September 2, 2022, during the annual annual Oktoberfest beer festival in the village of Taybeh, east of the occupied West Bank city of Ramallah, home of the Palestinian Taybeh brewery founded in 1994. - Ever since 2005, the Taybeh brewery has been brewing beer under challenging circumstances. Now the brewery is run by a woman, Madees Khoury, adding an extra layer of complication. Run as a two-day weekend event, Oktoberfest at Taybeh is as much about Palestinian identity as it is about drinking beer. (Photo by Abbas MOMANI / AFP) - ABBAS MOMANI/AFP - ABBAS MOMANI/AFP
Bartender enche caneca de cerveja Oktoberfest de Taybeh em registro feito na sexta (2)
Imagem: ABBAS MOMANI/AFP

Com apenas nove cidades e vilas cristãs na Cisjordânia, a família Khury foi forçada a vender no exterior.

Hoje, a marca é vendida em todo o mundo, do Japão aos Estados Unidos, e a cervejaria produz cerca de 1,8 milhão de garrafas por ano.

Os organizadores afirmam que até 16.000 pessoas participarão da Oktoberfest neste fim de semana.

Para Basam Basem, morador de Taybeh, a cerveja desenhou uma cidade adormecida no mapa.

"Esta cerveja tornou nossa cidade conhecida em todo o mundo", diz ele.