Topo

Cientistas criam almôndega de carne de mamute; você provaria?

A polêmica novidade mostrada no Museu de Ciências NEMO, em Amsterdã, em 28 de março de 2023 - PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS
A polêmica novidade mostrada no Museu de Ciências NEMO, em Amsterdã, em 28 de março de 2023 Imagem: PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS

da AFP

29/03/2023 09h46

Cientistas apresentaram, nesta terça-feira (28), em Amsterdã, uma almôndega de carne cultivada em laboratório de um mamute lanoso, uma espécie extinta, e afirmaram que esta "viagem" ao passado abre caminho para os alimentos do futuro.

A iguaria da empresa australiana de carne cultivada Vow foi exibida sob uma cúpula de vidro no museu de ciências NEMO, na capital holandesa. Mas esta carne de paquiderme ainda não está pronta para ser consumida: a proteína com milhares de anos ainda deve passar por testes de segurança antes de poder ser consumida pelos seres humanos da atualidade.

"Escolhemos a carne de mamute lanoso porque é um símbolo de perda, extinto pelas mudanças climáticas anteriores", disse à AFP Tim Noakesmith, cofundador da Vow.

"Enfrentamos um destino similar se não fizermos as coisas de forma distinta, como mudar as práticas da agricultura em larga escala e nossa forma de comer", acrescentou.

Tim Noakesmith, fundador da Vow, com a almôndega feita de carne produzida a partir do DNA de um mamute extinto - PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS - PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS
Tim Noakesmith, fundador da Vow, com a almôndega feita de carne produzida a partir do DNA de um mamute extinto
Imagem: PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS

Cultivada durante várias semanas, a almôndega foi criada por cientistas que haviam identificado anteriormente a sequência de DNA da mioglobina do mamute, a proteína que dá o sabor à carne.

Com algumas lacunas, a sequência de DNA foi completada com os genes do elefante africano, o parente vivo mais próximo desse paquiderme ancestral, e introduzida em células de cordeiro com ajuda de uma descarga elétrica.

"Não vou comê-la ainda porque não vemos esta proteína há 4 mil anos", declarou Ernst Wolvetang, do Instituto Australiano de Bioengenharia da Universidade de Queensland, que colaborou com a Vow.

A almôndega de carne de mamute "servida" em Amsterdã - PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS - PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS
A almôndega de carne de mamute "servida" em Amsterdã
Imagem: PIROSCHKA VAN DE WOUW/REUTERS

"Contudo, depois dos testes de segurança, estarei realmente curioso para ver com o que ela se parece", acrescentou. O consumo mundial de carne quase dobrou desde o início dos anos 1960, segundo números da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, na sigla em inglês).

De acordo com essa entidade, a pecuária representa 14,5% das emissões mundiais de gases do efeito estufa causadas pelo homem. Com a previsão de que esse consumo ainda aumente 70% até 2050, os cientistas buscam alternativas como a carne vegetal ou a cultivada em laboratório.

Com sede em Sydney, a empresa Vow não quer impedir as pessoas de comer carne, mas "oferecer algo melhor", afirmou Noakesmith, que se define como "um vegetariano frustrado". "Escolhemos fazer uma almôndega de carne de mamute para atrair a atenção de que o futuro da alimentação pode ser melhor e mais sustentável", concluiu.