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Veterano de guerra nepalês amputado de ambas as pernas escalará o Everest

Hari Budha Magar em abril de 2023 - PRAKASH MATHEMA/AFP
Hari Budha Magar em abril de 2023 Imagem: PRAKASH MATHEMA/AFP

da AFP

18/04/2023 14h24

"Nem pernas nem limites", esse é o lema de um veterano nepalês da brigada Gurkha, que teve suas duas pernas amputadas no Afeganistão. Ele se prepara para realizar seu "sonho de infância": chegar ao topo do Everest.

Hari Budha Magar, de 43 anos, foi amputado de ambas as pernas na altura dos joelhos após ser ferido em 2010 por uma bomba caseira no Afeganistão, durante uma missão da brigada dos Gurkhas — unidade de soldados nepaleses pertencentes ao Exército britânico.

Após anos de reabilitação e treinamento, ele planeja escalar o Everest no próximo mês, um projeto apresentado em sua página online como "Nem pernas nem limites".

O nepalês estabeleceu uma meta para ver o que poderia fazer "fisicamente", disse à AFP antes de partir para o acampamento-base do Everest.

Hari Budha Magar em abril de 2023 - PRAKASH MATHEMA/AFP - PRAKASH MATHEMA/AFP
Imagem: PRAKASH MATHEMA/AFP

Ele experimentou paraquedismo, canoagem e esqui. "Meu espírito se abriu e tentei de tudo", lembra ele, que poderá se tornar, em breve, o primeiro amputado acima do joelho a alcançar o "Teto do Mundo" a 8.849 metros de altitude.

Hari Budha Magar Himalaya cresceu no Himalaia, então, escalar o Everest era seu "sonho de infância".

O alpinista carrega uma bagagem especialmente projetada, revestida de silicone na região da coxa para protegê-la do congelamento. Ele também usa travas em suas próteses, que são mais curtas que o habitual.

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Imagem: PRAKASH MATHEMA/AFP

Antes do Everest, ele já alcançou o topo do Pico Mera, no Nepal, com 6.476 metros de altitude, e do Mont Blanc, na França com 4.808 metros.

Apenas dois amputados abaixo dos joelhos escalaram o Everest: Mark Inglis, da Nova Zelândia, em 2006, e Xia Boyu, da China, em 2018.

Hari Budha Magar se preparou em 2018 para esta aventura. Teve, no entanto, de adiar o projeto para enfrentar uma lei adotada em dezembro de 2017 no Nepal que impedia que duplos amputados, ou cegos, escalassem o Everest por questões de segurança.

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Imagem: PRAKASH MATHEMA/AFP

"Tive muitos obstáculos, mas finalmente tudo conseguiu ser ordenado para realizar meu sonho. Estou feliz", diz ele. A lei foi posteriormente revogada.

"Achei que minha vida tinha acabado, pensei que passaria o resto da vida em uma cadeira de rodas", Hari desabafou, ao contar sobre os dois anos que teve pensamentos suicidas. Conseguiu se recuperar, graças ao amor por seus três filhos.

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Imagem: PRAKASH MATHEMA/AFP

As pessoas com deficiência não estão condenadas à paralisia, "apenas têm uma maneira diferente de fazer as coisas", continua ele.

"Se você conseguir adaptar a vida ao tempo e à situação, tudo é possível, não há limite, o céu é o limite", diz com otimismo.

Seu guia, Krishna Thapa, acredita que eles vão enfrentar o desafio do Everest: "Ele é um grande escalador, está se preparando há seis anos e quebrou vários recordes. Nenhum outro conseguiu isso".