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Arepas venezuelanas conquistam o mundo; entenda a popularidade da receita

Arepas servidas em Ichikawa, periferia de Tóquio - PHILIP FONG/AFP
Arepas servidas em Ichikawa, periferia de Tóquio
Imagem: PHILIP FONG/AFP

12/06/2023 15h34

De Caracas à Tóquio, passando por Nova York, Paris e Hong Kong, em barracas de ruas ou restaurantes gourmet... O crescimento do mercado "sem glúten" e o êxodo dos venezuelanos promoveram as arepas - um prato à base de milho que "conquista o mundo".

O preparo da arepa começa com a mistura do fubá pré-cozido, sal e água. Em seguida, é manualmente moldado no formato circular e cozinhado por poucos minutos em uma chapa ou frigideira.

Os recheios são um convite à criatividade. Desde sobras de geladeira até preparos mais elaborados, como a "reina pepiada" — com frango, abacate e maionese —, a preferida de muitos venezuelanos.

"Onde tem um venezuelano, tem uma arepa", garante o crítico gastronômico venezuelano Ricardo Estrada Cuevas, autor do livro "Arepólogo: o pão nosso de cada dia".

Venezuelanos saboreiam arepas vendidas por um food truck no bairro de Santa Rosalia, no centro histórico de Caracas - YURI CORTEZ/AFP - YURI CORTEZ/AFP
Venezuelanos saboreiam arepas vendidas por um food truck no bairro de Santa Rosalia, no centro histórico de Caracas
Imagem: YURI CORTEZ/AFP

"Eles comem todos os dias, todas as noites", diz Patrick Ribas, tradutor do livro. As arepas podem ser recheadas "com muitas coisas deliciosas, a qualquer momento (...) mas também pode ser comida sem nada, quando não tem muito dinheiro".

Com cerca de 30 milhões de habitantes estimados na Venezuela, mais de 7 milhões deixaram o país devido a uma crise que começou em 2014 e que afetou 80% da economia. As arepas foram colocadas nas malas.

Raul Marquez prepara arepas em um mercado de rua de Ichikawa, no subúrbio de Tóquio; receita venezuelana também é sucesso no Japão - PHILIP FONG/AFP - PHILIP FONG/AFP
Raul Marquez prepara arepas em um mercado de rua de Ichikawa, no subúrbio de Tóquio; receita venezuelana também é sucesso no Japão
Imagem: PHILIP FONG/AFP

"Uma pequena viagem ao Caribe"

A advogada Marlyn Quiroga, de 47 anos, imigrou para Nova York há cinco anos. Lá, começou "fazendo de tudo, como todos os imigrantes que chegam", mas agora se dedica à culinária.

A massa das arepas, à base de milho, em cozimento - PHILIP FONG/AFP - PHILIP FONG/AFP
A massa das arepas, à base de milho, em cozimento
Imagem: PHILIP FONG/AFP

Ela garante que eles preferem arepas ao pão nas festas em Nova York, já que são "sem glúten".

Em Paris, Jean-François Lamaison vê a arepa como "uma mudança em relação aos hambúrgueres, que estão por toda parte". Este homem de 63 anos é o designer digital do restaurante "Ajidulce - Le goût du Venezuela" (o sabor da Venezuela, em tradução livre) e promove o "Arepa Power" com um cartaz.

Alfredo Lopez preparando arepas na cozinha do restaurante 'Arepa Lady' em Queens, Nova York - ANGELA WEISS/AFP - ANGELA WEISS/AFP
Alfredo Lopez preparando arepas na cozinha do restaurante 'Arepa Lady' em Queens, Nova York
Imagem: ANGELA WEISS/AFP

"Tem o mérito de ser uma panqueca de milho com recheios muito bons (...) Gosto da diversidade de sabores", diz.

O proprietário do restaurante Ajidulce, Luis Fernando Machado, engenheiro de petróleo venezuelano vindo de Punto Fijo (no noroeste da Venezuela), diz que eles oferecem "recheios caseiros com produtos frescos".

As arepas são um clássico da comida de rua venezuelana e fazem sucesso em Caracas - YURI CORTEZ/AFP - YURI CORTEZ/AFP
As arepas são um clássico da comida de rua venezuelana e fazem sucesso em Caracas
Imagem: YURI CORTEZ/AFP

Luis Fernando saiu da Venezuela em 2011, quando largou o emprego no setor petrolífero, e lançou em 2014 um "food truck" com gastronomia venezuelana.

Impulsionado pelo sucesso, ele também tem um pequeno restaurante no distrito 9 de Paris que emprega cerca de dez pessoas.

Comerciante prepara arepas em seu food truck em Santa Rosalia, em Caracas - YURI CORTEZ/AFP - YURI CORTEZ/AFP
Comerciante prepara arepas em seu food truck em Santa Rosalia, em Caracas
Imagem: YURI CORTEZ/AFP

Paixão e amor

Machado diz que o crescente desejo por produtos sem glúten o ajudou. "Os clientes estão interessados em ter uma refeição completa sem glúten. Muitos turistas vêm (...) porque somos bem referenciados entre os restaurantes sem glúten".

Ao lado de Miho, sua esposa, o venezuelano Raúl Márquez, de 42 anos, atrai os consumidores destacando a arepa como "comida de rua saudável e sem glúten" em seu food truck.

O venezuelano Raul Marquez com sua esposa, a japonesa Miho Marquez, no food truck onde comercializam a tradicional receita venezuelana no Japão - PHILIP FONG/AFP - PHILIP FONG/AFP
O venezuelano Raúl Márquez com sua esposa, a japonesa Miho Márquez, no food truck onde comercializam a tradicional receita venezuelana no Japão
Imagem: PHILIP FONG/AFP

"A Venezuela passou por um momento difícil (...) há uma forte emigração. Trazemos conosco parte do que nos pertence. As arepas fazem parte disso. Para mim, uma arepa é minha mãe. É comer de manhã antes de ir para a escola (...) é o que eu coloco hoje quando vendo arepas: essa paixão, esse amor que vem de casa", diz.

O venezuelano Raul Marquez mostra sua arepa finalizada - PHILIP FONG/AFP - PHILIP FONG/AFP
O venezuelano Raúl Márquez mostra sua arepa finalizada
Imagem: PHILIP FONG/AFP

A barraca de rua de Lisbeth Márquez, em Caracas, prepara 1.300 refeições diárias.

Antes de ir trabalhar, sua refeição é... uma potente arepa pabellón: feijão preto, carne desfiada, um ovo, queijo ralado e manteiga derretida em cima de uma tortilha fumegante.

Arepas preparadas pelo casal - PHILIP FONG/AFP - PHILIP FONG/AFP
Arepas preparadas pelo casal
Imagem: PHILIP FONG/AFP

"Não canso de comer arepas. A melhor é a arepita da casa", destaca Márquez.