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Museu do Ipiranga trará inovações de acessibilidade sensorial e mobilidade

O novo Museu do Ipiranga, em São Paulo, deve abrir ao público em 2022 - Pedro Dias
O novo Museu do Ipiranga, em São Paulo, deve abrir ao público em 2022 Imagem: Pedro Dias

Especial para o jornal O Estado de S. Paulo, em São Paulo

23/11/2021 11h19

O projeto de acessibilidade do Museu do Ipiranga, em São Paulo, prevê uma oferta ampla e inovadora de recursos para o público. Com as modificações propostas para o Edifício-Monumento e seus arredores, a área de visitação terá 5.456 m², novo piso no subsolo e mirante no alto do prédio. Serão 49 salas onde estarão expostas 3,5 mil obras. A previsão de reabertura é para o ano que vem.

"Estamos dentro da reforma desde o começo. A ideia sempre foi incluir os recursos no núcleo do projeto, ao invés de adaptar depois que tudo estiver pronto", explica Denise Peixoto, responsável pelo trabalho de acessibilidade. "(Os recursos) serão inseridos na narrativa e muitos estarão nos centros das exposições, mas nenhum será exclusivo para pessoas com deficiência."

Um ponto fundamental vem sendo a participação efetiva de pessoas com deficiência auditiva, física, intelectual e visual na validação de cada etapa do trabalho. "As premissas de acessibilidade e preservação do patrimônio estavam no concurso (que escolheu o projeto de reformas)", afirma Isabela Ribeiro de Arruda, supervisora de Educação, Museografia e Ação Cultural do Museu do Ipiranga.

Obras de restauro do Museu do Ipiranga - Helio Nobre/ Museu Paulista - Helio Nobre/ Museu Paulista
Obras de restauro do Museu do Ipiranga estão na fase final
Imagem: Helio Nobre/ Museu Paulista

O Concurso Nacional de Arquitetura para o Restauro e Modernização do Edifício-Monumento do Museu Paulista da Universidade de São Paulo (USP) foi aberto para inscrições em 2017 e teve o resultado divulgado em 2018. "É um projeto que considera de fato as necessidades dos visitantes e não fica limitado à norma, que não tem capítulo específico para exposições", ressalta Denise Peixoto, referindo-se à NBR 9050 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Mobilidade

O museu terá duas entradas a partir do jardim. Nos lados esquerdo e direito, serão grandes portas de acesso a um piso novo, escavado no subsolo, onde antes havia asfalto. Esse andar terá janela para o jardim em altura acessível.

Outra novidade é a instalação de três elevadores customizados para o museu pela Atlas Schindler, que vão garantir acesso a todos os pisos e serão abertos ao público em geral, além de duas escadas rolantes.

O acesso ao mirante, acima do 3º andar, será feito por escada comum e por plataforma elevatória vertical. No piso a céu aberto, visitantes poderão observar uma extensa área da cidade. Também será instalada no local uma tela tátil que reproduz a paisagem ao redor.

O museu deve ser reaberto em 2022 - Helio Nobre/ Museu Paulista - Helio Nobre/ Museu Paulista
O museu deve ser reaberto em 2022
Imagem: Helio Nobre/ Museu Paulista

Os caminhos terão piso podotátil, plantas táteis do museu e de cada ambiente, com texto em linguagem acessível e apresentação simplificada. Várias paredes foram abertas para formar um corredor entre as salas e dar fluidez à movimentação dos visitantes.

"A instalação do piso tátil é um grande desafio, desde a escolha da cor até a maneira de colocar sem agredir o ladrilho hidráulico, original do prédio", conta Denise. "Estamos avaliando o melhor método de aplicação."

O Edifício-Monumento que abriga o museu foi construído entre 1885 e 1890, e inaugurado oficialmente em 1895.

Sensorial

A oferta de recursos de acessibilidade prevê 379 peças já disponíveis na reinauguração, entre telas táteis, reproduções de metal e dioramas (maquetes tridimensionais feitas a partir das obras). "Tudo será colorido, acessível. São peças produzidas pensando nas pessoas com deficiência visual, mas livres para todos", diz Denise.

Ela cita como exemplo a reprodução de moedas em peças de 25 centímetros de diâmetro, feitas em metal, além de dioramas (versões tridimensionais) de fotos e telas.

São materiais com boa robustez, resina, madeira, com proteção específica, objetos tridimensionais para toque, inclusive os originais, texturas de tecidos, papéis de parede, couro, livros e catálogos táteis, reproduções de imagens com texturas para acesso visutátil, maquetes táteis e também alguns dispositivos olfativos, com aromas de flores e cheiro de tabaco conta Denise Peixoto, responsável pelo projeto de acessibilidade do museu.

A localização dos recursos táteis será semelhante em todas as salas, no centro do cômodo. Haverá também um sistema com vídeos em Libras, a Língua Brasileira de Sinais, e legendas em português e inglês, além de audioguia com audiodescrição, inclusive das trilhas, que poderá ser acessado por equipamentos do museu ou por um webaplicativo, diretamente pelo smartphone do visitante, sem precisar instalar.

A educadora garante que ninguém será esquecido. "Na sala de conforto para pais e mães, vamos instalar trocadores (para bebês) com diversas alturas, inclusive para pessoas com nanismo", exemplifica. "Será na vivência que vamos aprimorar e evoluir para mergulhar em todos os públicos e situações."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.