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Estudo mostra dieta de romanos antes da erupção do Vesúvio

Reprodução de uma venda de alimentos na antiga cidade de Pompeia, na Itália - Getty Images
Reprodução de uma venda de alimentos na antiga cidade de Pompeia, na Itália Imagem: Getty Images

da ANSA, em Milão

31/08/2021 09h12

Um estudo realizado pela Universidade de Nova York, em colaboração com os parques arqueológicos de Herculano e Pompeia e do Museu da Civilização Romana na Itália, mostrou como era a dieta dos romanos antes da erupção do Vesúvio em 79 d.C.

A pesquisa foi divulgada nesta quarta-feira (25) na revista "Science Advances" e revelou que havia diferenças consideráveis na alimentação de homens e mulheres de Herculano: enquanto eles comiam mais peixes e cereais, elas consumiam mais produtos de origem animal e hortifrúti.

A descoberta foi feita com base nos aminoácidos conservados nos ossos de 17 indivíduos adultos encontrados no sítio arqueológico.

"Os restos daqueles que morreram em Herculano em 79 d.C. oferecem uma oportunidade única para examinar os estilos de vida das pessoas de uma antiga comunidade e que viveram e morreram juntos", destacou o arqueólogo biomolecular Oliver Craig, um dos líderes do estudo pela universidade nova-iorquina.

O sítio arqueológico de Herculano, na Itália, cidade vizinha da famosa Pompeia, ambas afetadas pela erupção do Vesúvio - Getty Images - Getty Images
O sítio arqueológico de Herculano, na Itália, cidade vizinha da famosa Pompeia, ambas afetadas pela erupção do Vesúvio
Imagem: Getty Images

Conforme Craig, "as fontes históricas destacavam frequentemente que havia um acesso diferente aos recursos alimentares na sociedade romana, mas raramente forneciam informações diretas ou quantitativas".

Os pesquisadores, então, usaram uma nova abordagem na análise dos aminoácidos, em particular, dos seus isótopos de carbono e nitrogênio, e assim "encontraram diferenças significativas nas proporções dos alimentos de origem marinha e terrestre consumidos por homens e mulheres".

"Isso significa que o acesso à comida também era diferenciado com base no gênero", destaca Craig.

Outra autora do estudo, Silvia Soncin, ressaltou que essa diferenciação entre gêneros também era vista em outras partes do Império Romano na Itália.

"Os homens estavam mais diretamente envolvidos na pesca e nas atividades marítimas, geralmente ocupavam posições mais privilegiadas na sociedade e eram libertados da escravidão em uma idade mais precoce, o que permitia que eles tivessem um maior acesso a bens mais caros, como no caso dos peixes frescos", destaca Soncin.

A análise dos isótopos também permitiu quantificar os alimentos incluídos na dieta dos antigos habitantes de Herculano. Dos resultados, emerge que os peixes e os frutos do mar eram mais abundantes na comparação com a atual dieta mediterrânea, enquanto a proporção de cereais ficou igual ou um pouco menor.

Menos famosa que a vizinha Pompeia, Herculano também foi devastada na erupção do Vesúvio e vem realizando, ao longo dos últimos anos, diversos projetos de escavação em seu sítio arqueológico.