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Arqueólogos descobrem quarto de família de escravos em Pompeia

O pequeno quarto foi encontrado em ótimo estado de conservação - Ansa
O pequeno quarto foi encontrado em ótimo estado de conservação Imagem: Ansa

06/11/2021 14h26

Um pequeno quarto, no qual viviam pelo menos três escravos, foi encontrado durante novas escavações no Parque Arqueológico de Pompeia, no sul da Itália, informou o Ministério de Bens Culturais da Itália neste sábado (6).

A descoberta ocorreu na área da cidade de Civita Giuliana, localizada no norte de Pompeia e que já evidenciou nos últimos meses outras descobertas, como uma carruagem quase intacta e um estábulo com restos de três cavalos.

O novo achado, agora, é uma modesta sala, encontrada "em excepcional estado de conservação", que enriquecerá "ainda mais o conhecimento da vida cotidiana" da época, especificamente, de uma parte da sociedade, cujo estilo de vida muito pouco se conhece, além de permitir dar "passos significativos na pesquisa científica", disse o ministro de Bens Culturais da Itália, Dario Franceschini, em comunicado.

Os arqueólogos, que trabalham desde 2017 em uma área ao norte de Pompeia, cidade soterrada em 79 d.C devido à erupção do vulcão Vesúvio, identificaram três camas de cordas e madeira com os sinais evidentes das esteiras que as cobriam e um "mictório" perto das camas.

No quarto, foram encontradas três camas de corda e madeira - Ansa - Ansa
No quarto, foram encontradas três camas de corda e madeira
Imagem: Ansa

Todo espaço é ocupado também por ferramentas de trabalho, além de ser possível ver o leme de uma carroça que estava do lado de fora, o arreio de cavalos e grandes ânforas empilhadas.

"Uma descoberta excepcional, porque é realmente muito raro que a história devolva os detalhes dessas vidas", explica o diretor do Parque Arqueológico, Gabriel Zuchtriegel.

O alojamento reduzido, de cerca de 16 metros quadrados, está localizado próximo ao pórtico da vila onde, em janeiro de 2021, foi localizada a carruagem, que atualmente está sendo restaurada.

A descoberta foi possível graças ao refinamento da técnica inventada por Giuseppe Fiorelli no século 19. As três camas e os outro objetos, provavelmente, pertenciam a empregados que cuidavam de uma vila romana, incluindo as obras de manutenção e preparação da charrete.

Segundo Zuchtriegel, "as três camas estão dispostas em forma de ferradura e têm tamanhos diferentes, sendo uma mais pequena, não superior a um metro e quarenta, destinada a uma criança. A aparência é de móveis essenciais, muito simples".

As camas eram tábuas de madeira grosseiramente trabalhadas, que podiam ser montadas de acordo com a altura de quem as utilizava.

Duas delas têm cerca de 1,70m de comprimento, enquanto a outra tem apenas 1,40m, portanto os especialistas deduzem que poderia ser para uma criança.

Embaixo eram guardados objetos pessoais, como ânforas para guardar coisas, e jarras de cerâmica. O quarto tinha também uma janelinha na parte superior e faltava decoração nas paredes.

"Além de servir de quarto para um grupo de escravos, talvez uma pequena família, como sugere o berço infantil, o ambiente servia de depósito, conforme evidenciado por oito ânforas agrupadas nos cantos deixados livres para esse fim", explicou o ministério italiano.

Para o diretor-geral do Parque, Massimo Osanna, a descoberta é "mais um motivo para continuar as escavações e "investigar a villa como um todo".