Veneza implementará teste para entrar na cidade só com reserva
A partir do verão europeu, a cidade de Veneza passará a fazer um teste do sistema de reserva para entrar no centro histórico da famosa localidade italiana, anunciou o prefeito, Luigi Brugnaro, nesta terça-feira (19).
Neste semestre, o cadastramento não terá nenhum custo e servirá para verificar eventuais problemas da plataforma. Mas, a partir do início de 2023, as taxas para entrar na cidade começarão a ser aplicadas.
A data exata de entrada em vigor do sistema ainda não foi anunciada, mas é certo que a medida entrará em vigor já no verão europeu, que começa em 21 de junho.
"Seremos os primeiros do mundo a realizar esse difícil experimento. É esse o caminho certo e hoje muitos já entendem isso", disse Brugnaro.
A fala vem após Veneza registrar um fim de semana de Páscoa semelhante ao que era visto antes da pandemia de covid-19. Foram mais de 240 mil turistas entre sábado (16) e segunda-feira (18).
E se os números voltam a mostrar que o turismo se reaquece na cidade tão afetada pela crise sanitária, a grande quantidade de pessoas ao mesmo tempo torna a localidade quase impossível de administrar, segundo as autoridades.
"Começaremos com uma fase de testes nos turistas diários [que não estão em hotéis do centro histórico] que serão convidados a fazer a reserva em um site ligado à Prefeitura que estamos finalizando. Quem fizer a reserva, vai ganhar incentivos que podem ser uma redução no valor de algum ingresso de museus ou outras formas que ainda estamos aperfeiçoando e que serão publicadas nas próximas semanas. Quem não reservar, não ganhará nenhum benefício", disse o assessor de Turismo, Simone Venturini, ao jornal "La Repubblica".
O sistema Smart Control Room de Veneza, que já está instalado, mas não em funcionamento, consegue identificar as pessoas através do chip dos celulares. Assim, é possível saber quantas pessoas estão circulando na cidade de maneira precisa.
Já as taxas que serão implementadas a partir de 2023 vão variar de preço de acordo com a quantidade de pessoas que estão em Veneza e terão valores de três a 10 euros. Ou seja, se a cidade tiver com a lotação mínima — entre 40 mil e 50 mil visitantes, em número a ser definido —, o turista paga três euros. O número máximo ainda será fixado.
Além disso, haverá diferenciação entre aqueles que pernoitam nos hotéis do centro histórico — que já pagam uma taxa turística — e os que só passam o dia na cidade.
Há anos Veneza discute o que fazer com a quantidade cada vez maior de turistas que vão à cidade de maneira simultânea e, até hoje, nada ainda saiu do papel. A ideia de catracas para controlar o fluxo até já havia sido aprovada, mas a pandemia de covid-19 adiou os planos de implementar a taxa turística.
Agora, que os visitantes voltam cada vez mais à cidade, o assunto voltou à pauta, com debates acalorados entre governo e opositores.
Após o anúncio de Brugnaro, o governador da região do Vêneto, Luca Zaia, afirmou que "os turistas serão sempre bem aceitos por todos nós e não são um problema, mas em Veneza o debate é reaberto, como acontece em toda a primavera, sobre a gestão no acesso".
"Se discute há muito tempo e é preciso intervir, não podemos ter efeitos negativos para a cidade. A cidade está sob pressão. Nós hoje podemos reservar para tudo... dos lugares em restaurantes aos bilhetes para o transporte públicos ou para exposições.
Precisamos fazer isso também para a cidade. A visita a Veneza deve ser garantida para todos, independentemente de classificações ou do censo, mas a reserva deve existir", acrescentou Zaia em coletiva.
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