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Prada usa linguagens de cinema para desfile na Semana de Moda de Milão

Modelos apresentam criações da coleção Primavera/Verão 2023 da Prada  - REUTERS/Alessandro Garofalo ORG XMIT: GDN
Modelos apresentam criações da coleção Primavera/Verão 2023 da Prada Imagem: REUTERS/Alessandro Garofalo ORG XMIT: GDN

Ansa

26/09/2022 10h48

A coleção da grife italiana Prada para o próximo verão é de uma simplicidade crua, quase brutal, como a própria vida, desfilando em um cenário imersivo todo em papel preto, no qual se abrem rachaduras para mostrar os curtas criados para a ocasião pelo diretor de "Drive" Nicolas Winding Refn.

Miuccia Prada e Raf Simons colaboram com o cineasta, dinamarquês para a coleção feminina da Prada para a primavera-verão 2023, apresentada no último dia 22 de setembro durante a Milano Fashion Week (MFW).

O objetivo era contextualizar a nova coleção da maison com a ajuda de Refn, concebendo uma experiência única para a estação. O projeto intitulado "Touch of Crude" transformou o cenário do desfile de moda numa instalação imersiva, onde também foi exibida uma série de curtas-metragens interligadas.

"A linguagem usada na ambientação, o papel rasgado se reflete nas roupas. Ficamos emocionados pela sensação de fragilidade, pelos gestos errados e pela esfera da crueza. Cada peça traz consigo reflexos da vida, tem a sua própria experiência", explicou o estilista belga Raf Simons, co-diretor da marca.

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Modelos apresentam criações da coleção Primavera/Verão 2023 da Prada durante a Semana de Moda de Milão em Milão
Imagem: REUTERS/Alessandro Garofalo ORG XMIT: GDN

A simplicidade é o tema dominante da coleção e isso é entendido desde os primeiros lançamentos: uma série de ternos de uma peça com botões, gola e mangas compridas, que remetem à ideia do uniforme da Prada. Há também bodys e leggings ou macacões, assim como vestidos longos e transparentes que dão uma ideia de conforto.

"As roupas giram em torno do conceito de simplicidade, sem complicações desnecessárias. Muitas vezes voltamos a esse conceito que nos atrai do ponto de vista político, teórico e estético. Nesta coleção tentamos combiná-lo com a ideia de ornamento, de beleza, de como decorar e embelezar, mantendo-se simples", disse Miuccia Prada.

Segundo a designer, "não há espaço para o supérfluo ou para estruturas complicadas". "Nada tolo: o não trabalhado, a crueza representam a simplicidade absoluta. Queríamos criar algo usando um dos materiais mais humildes e modestos, o papel. Aplicamos esse sistema de simplificação e redução para gerar beleza".

"Nessa extrema simplicidade, são também os gestos que dão forma ao vestido, como casacos apertados no peito com uma mão, mas mesmo um simples detalhe é suficiente, como um laço nas costas do casaco que se transforma em cauda, para dar um novo sentido ao clássico", acrescentou.

Miuccia ressaltou ainda que "há um sentido de vida da mulher" e "as roupas ganham forma a partir das experiências e da humanidade -- não se trata de ornamentos superficiais, mas de vestígios de vida que deixam as suas marcas". "O que nos emociona é precisamente a ideia de que roupas são moldadas pela humanidade", concluiu.

Para Simons, "esta coleção, mais do que as anteriores, contém diferentes pontos de vista. Em certo sentido reflete o cinema, porque testemunha fragmentos de um todo maior, em que diferentes obras se movem dentro de um único corpo e entre vários códigos estilísticos".

"É um cruzamento entre bruto e sensual, delicadeza e aspereza, aquele que contamina o dia com a noite", concluiu ele.