Topo

Bento 16 enviou carta para seu restaurante favorito em Roma

Fotos de Bento 16 e as cartas que ele enviou para o restaurante hoje decoram a Cantina Tirolese, em Roma, pertinho do Vaticano - Reprodução
Fotos de Bento 16 e as cartas que ele enviou para o restaurante hoje decoram a Cantina Tirolese, em Roma, pertinho do Vaticano Imagem: Reprodução

Emanuela De Crescenzo

da ANSA, na Cidade do Vaticano

03/01/2023 09h59

O papa emérito Joseph Ratzinger, que morreu no último dia 31 de dezembro, aos 95 anos, enviou uma carta aos gerentes de seu restaurante preferido em Roma, na capital da Itália, imediatamente após assumir o comando da Igreja Católica com o nome de Bento 16, em 2005.

"Obrigado por me fazer sentir em casa", declarou o alemão, que naturalmente, como Pontífice, teve que parar de frequentar a "Cantina Tirolese", na via Vitelleschi, no bairro de Borgo, restaurante a poucos minutos a pé do Vaticano.

O local recebeu Bento 16 diversas vezes na época em que ainda era apenas um cardeal. Lá, ele se sentia à vontade, tinha "seu lugar" naquela mesa quadrada para oito, de madeira maciça, assim como os bancos.

Agora, uma placa, suas cartas de agradecimento e duas fotos — uma delas com João Paulo 2º — recordam o religioso bem na parede ao lado de onde sentava. Neste lugar íntimo, ele pôde saborear os sabores da sua terra natal.

Entre seus pratos favoritos estava o strudel da casa, feito com base na antiga receita tirolesa. Os gerentes do restaurante sabiam bem o quão fiel ele era como cliente, para não deixá-lo sem a sobremesa mesmo depois de se tornar Papa.

"Todo dia 16 de abril, seu aniversário, Ratzinger recebia um strudel, sua sobremesa favorita. Levamos direto ao Vaticano: passou por várias sessões e verificações, mas definitivamente chegou alguma coisa porque recebemos regularmente sua carta de agradecimento", conta Alessandra D'Amico, que dirige o restaurante junto com os proprietários.

A "Cantina Tirolese", inaugurada em 1971 por Gertrude Macher, natural de Graz, uma cidade no sul da Áustria, sempre procurou preservar as tradições culinárias austríacas e também garantir a confidencialidade tão apreciada por muitos dos seus clientes, muitas vezes ilustres e residentes dentro das Muralhas do Vaticano ou perto.

Depois foi sua filha Manuela quem cuidou do lugar. "Foi ela quem acolheu Ratzinger por anos. O cardeal vinha aqui pelo menos uma vez a cada duas semanas ou na companhia de prelados, cardeais, mas também sozinho. Não era um grande bebedor de cerveja, pelo contrário, preferia o suco de laranja. Comia todos os nossos pratos tiroleses, como goulash, mas ele gostava especialmente de bolinhos, ou Knödel", acrescentou ela.

O prato é feito de pão branco amanhecido, temperado com cebolinha, ovos, grão e cebola, imersos em caldo de carne.

"Amava a nossa cozinha porque era a sua, a das origens", lembra D'Amico.

Agora, a "Cantina Tirolese" é gerida pelo filho de Manuela, Riccardo. Ele faz questão de recordar que o restaurante era frequentado por Bento 16 com uma coleção de artigos dedicados às comidas preferidas que Ratzinger adorava comer ali, a poucos passos do Vaticano, mas como se ainda estivesse na Baviera.