'Mona Lisa' existiu e tem até certidão de batismo. Duvida? Veja online
A partir desta terça-feira (23), é possível consultar online os registros de batismo de personagens ilustres da Florença medieval, incluindo Lisa Gherardini, imortalizada por Leonardo da Vinci no quadro "Mona Lisa".
Os documentos cobrem um arco temporal entre 1450 e o início do século 20 e estão disponíveis no site da Opera di Santa Maria del Fiore, entidade responsável pela gestão da Catedral de Florença.
"Os registros são uma fonte preciosíssima e insubstituível de informações para estabelecer as datas de nascimento, as relações de parentesco e as zonas de residência de numerosas gerações de florentinos", disse a Opera.
Lisa Gherardini, nascida em 15 de junho de 1479, tornou-se aos 15 anos a terceira esposa do comerciante Francesco del Giocondo de Florença e tinha uma vida confortável e mundana na classe média florentina, mas se tornou o rosto mais famoso da história da arte pelas mãos de Da Vinci, que o pintou no início do século 16.
Ela teve cinco filhos com Francesco, que teria encomendado a Mona Lisa ao seu pintor. A relação entre o casal era próspera segundo Giuseppe Pallanti, autor de "Mona Lisa Revealed: The True Identity of Leonardo's Model".
Ele escreve: "Dada a afeição e amor do testador por Mona Lisa, sua amada esposa, em consideração do fato que Lisa sempre agiu com espírito nobre e como esposa fiel, deseja que ela tenha tudo o que precisar".
A Opera di Santa Maria del Fiore também disponibilizou os certificados de batismo de outras figuras célebres, como o navegador Américo Vespúcio (18 de março 1454), do filósofo Nicolau Maquiavel (4 de maio de 1469) e do escritor Carlo Lorenzini "Collodi" (25 de novembro de 1826), criador do personagem "Pinóquio".
A mulher por trás da Mona Lisa
Com seu sorriso enigmático, a mulher retratada por Da Vinci é a epítome de mistério. Isto porque sua identidade despertou — e ainda suscita — teorias diferentes por parte de historiadores da arte.
Lisa Gherardini é mesmo o nome mais comumente aceito. O próprio Museu do Louvre, que hoje abriga a pintura de Leonardo, a reconhece como a Mona Lisa. A teoria é a de maior força graças aos relatos do historiador renascentista Giorgio Vasari, que publicou uma biografia do artista em 1550, 31 anos após a sua morte.
De acordo com o material por ele obtido, o assistente de Da Vinci, Salaì, possuía documentos pessoais em 1524, quando morreu, que citavam a posse de uma pintura de Leonardo batizada de "La Gioconda". O relato foi confirmado em 2005 por pesquisadores da Universidade de Heidelberg.
Eles descobriram uma anotação em um livro do filósofo Cicero de 1503 escrita por Agostino Vespucci, contemporâneo do mestre renascentista, que relata que à época Leonardo trabalhava em um retrato de Lisa del Giocondo. O apelido da obra, Monna Lisa (em italiano), seria uma forma de tratamento abreviada de "Senhora Lisa".
Apesar da certeza de que Da Vinci de fato pintou Lisa Gherardini, nunca foi confirmado acima de dúvida de que é ela a retratada no quadro conhecido mundialmente. Diversos outros nomes já foram especulados, entre eles, a alternativa de maior credibilidade é a de que ela seria Isabella d'Este, marquesa de Mantua.
Segundo o livro "Isabella and Leonardo", do historiador Francis Ames-Lewis, o desenho "Isabella d'Este" de 1499 feito pelo próprio Da Vinci guardaria grande semelhança com a Mona Lisa. Suas cartas de 1501 a 1506 cobrando a o retrato que ele havia prometido a ela também coincidem com o período em que ele pintou sua obra-prima.
O Louvre, no entanto, não reconhece que Isabella possa ser a Mona Lisa porque ela seria loira. A prova seria uma pintura de Ticiano — "Isabella in Black" — cuja identidade da retratada também é incerta, mas que é frequentemente ligada à Isabella d'Este. Assim, o enigma da Mona Lisa segue tão certeiro quanto seu sorriso.
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