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Vendas de carne enlatada disparam em vários países em pandemia

Nos Estados Unidos, as vendas subiram mais de 70% nas 15 semanas encerradas em 13 de junho - Getty Images/iStockphoto
Nos Estados Unidos, as vendas subiram mais de 70% nas 15 semanas encerradas em 13 de junho Imagem: Getty Images/iStockphoto

Ken Parks, Jackie Davalos, Greg Ritchie e Heesu Lee

Da Bloomberg

22/06/2020 16h19

A demanda por carne enlatada está em alta no mundo todo. Nos Estados Unidos, as vendas subiram mais de 70% nas 15 semanas encerradas em 13 de junho. No Reino Unido, o consumo de carne enlatada disparou. Mesmo na Coreia do Sul, onde esse tipo de produto sempre foi popular, as vendas crescem no ritmo mais rápido em anos.

No início, consumidores estocavam a despensa com produtos com maior prazo de validade durante as medidas de isolamento social. Depois, a falta de alguns tipos de carne in natura, especialmente nos EUA, também ajudou a impulsionar as vendas. Agora, a crise econômica sustenta a demanda.

O fator renda é óbvio para explicar parte da tendência. Com milhões de pessoas desempregadas nos últimos meses, consumidores buscam uma maneira de reduzir as contas dos supermercados e estão trocando carne in natura por variedades enlatadas. Mas há também algo mais profundo - um retorno à comida caseira e à nostalgia em tempos difíceis.

Ray Herras, estudante de pós-graduação da Universidade Columbia, é filipino-americano. A carne enlatada ganhou popularidade na culinária do sudeste asiático, depois que as Forças Armadas dos EUA trouxeram o presunto em lata. Para Herras, a carne enlatada tem sabor de infância.

"Eu cresci comendo carne enlatada. Está profundamente arraigado na cultura filipina, mas eu realmente não comia carne enlatada até a quarentena", disse Herras, que começou a acrescentar o produto às compras de supermercado pelo menos a cada duas semanas. Ele não tem certeza por quanto tempo vai continuar comprando, mas é sempre um item básico quando "sente saudades de casa", disse.

A Marfrig Global Foods observa um salto semelhante em seus negócios no Uruguai, que fornece carne enlatada para os EUA. As vendas do produto devem atingir 3,5 mil toneladas neste ano, disse Marcelo Secco, CEO da unidade. O volume seria quase o dobro em comparação com 2019, quando foram vendidas cerca de 1,8 mil toneladas, disse.

Secco aponta para o recente aumento dos preços da carne nos Estados Unidos, o que atrai consumidores para alternativas enlatadas. Algumas das maiores unidades de abate dos EUA foram obrigadas a fechar no início deste ano, depois que surtos de coronavírus infectaram milhares de trabalhadores. Isso fez com que os preços da carne bovina no atacado dobrassem em cerca de um mês. Embora o mercado tenha se normalizado, a carne enlatada ajudou a preencher a falta de produtos.

Embora as vendas de carne enlatada nos EUA tenham desacelerado desde o salto inicial quando as quarentenas começaram em meados de março, ainda estão bem acima dos níveis de 2019. Na semana encerrada em 13 de junho, as vendas aumentaram 17%, segundo dados da Nielsen.