Mercados de Natal reabrem na Alemanha sob o signo da pandemia
No ano passado, as tradicionais feiras de Natal foram canceladas para ajudar a conter a pandemia do coronavírus. Agora, a maioria está de volta, com alterações e acompanhadas de regras de distanciamento.
O Christkindlesmarkt de Nurembergue, ou "Mercado do Menino Jesus", é uma das feiras mais conhecidas e populares de seu tipo. Este ano, no entanto, ela renunciará à sua tradicional cerimônia de abertura -- normalmente conduzida por uma menina vestida de forma angelical representando o Menino Jesus, recitando um prólogo festivo da sacada da Igreja de Nossa Senhora de Nurembergue -- de acordo com as normas de segurança do coronavírus. Em vez disso, a cidade vai fazer uma cerimônia de abertura online no dia 26 de novembro.
Normalmente, milhares de pessoas se reúnem na praça para assistir à abertura da feira natalina. Hoje em dia, isso representa um risco desnecessário de infecção, que ninguém está disposto a correr. "Seria um sinal errado", disse Thomas Meiler, da agência de marketing da cidade de Nurembergue, à DW. Assim, embora a Alemanha permita que os mercados de Natal reabram neste período de férias, eles serão diferentes dos de tempos pré-pandemia.
Tradição e negócios
Os mercados de Natal são muito importantes na Alemanha. E são também um grande negócio. Em 2018, abriram cerca de 3 mil mercados natalinos em toda a Alemanha, atraindo um total de 160 milhões de visitantes, de acordo com um estudo da consultoria de turismo alemã IFT. Em conjunto, eles geraram cerca de 2,9 bilhões de euros em receitas.
Antes da pandemia, o mercado de Natal junto à catedral de Colônia atraía em média a cada ano cerca de 4 milhões de pessoas, das quais quase 20% vinham do exterior — superando de longe a média alemã de visitantes estrangeiros. A feira natalina de Stuttgart foi a segunda mais visitada, com cerca de 3,5 milhões de pessoas, seguida pelo mercado de Natal de Munique, com cerca de 3 milhões de visitantes ao ano. O Christkindlesmarkt de Nurembergue, por sua vez, registrou uma média de 2 milhões de visitantes.
Tempos difíceis para vendedores e fornecedores
Os mercados natalinos alemães normalmente abrem a partir de meados ou final de novembro e permanecem até o Natal. No ano passado, no entanto, com a pandemia e devido aos riscos de contaminação, as feiras foram canceladas. Isso trouxe problemas financeiros tanto aos vendedores nas barracas, como aos seus fornecedores. Albert Ritter, chefe da Associação alemã de Expositores em Feiras, diz que os tempos têm sido difíceis para o setor. Com os mercados de Natal do ano passado cancelados, muitos vendedores tiveram que recorrer às suas reservas para a aposentadoria, ou procurar empregos em outros lugares.
A época natalina é um momento crucial para os operadores de barracas gerarem renda, pois é seguida de uma longa pausa até a retomada dos negócios na Páscoa. Com a ajuda financeira de emergência da Alemanha se esgotando no final de 2021,eles contam com o sucesso dos mercados deste ano, acrescentou Ritter.
Regras diferenciadas
As regras de higiene para visitar os mercados de Natal variam de estado para estado e até de cidade para cidade, o que levou a muitos cancelamentos.
O Mercado das Luzes Natalinas, em Dortmund, por exemplo, foi suspenso porque devido às exigências sanitárias ele não seria financeiramente viável. Os milhares de visitantes teriam que ser controlados para verificar se estão vacinados, se se recuperaram de covid-19 ou se possuem testes negativos para a doença. Isso causaria uma despesa imensa para a organização.
O mesmo acontece com o mercado de Natal junto ao Palácio Charlottenburg, em Berlim, também cancelado pelo organizador. "Os políticos falharam, mais uma vez, ao não criar condições claras e realizáveis para os organizadores a tempo", explicou o organizador Thommy Erbe.
Uma portaria de proteção contra infecções em Berlim não permite o consumo de álcool em espaços verdes. Isto inclui a área do mercado natalino. Além disso, o organizador teria que impor uma exigência de máscara e controlar vacinados e recuperados na entrada. De acordo com os organizadores, isto implicaria custos adicionais de 250 mil euros. Daí o cancelamento.
A maioria dos mercados de Natal nos centros urbanos vai precisar de controles pontuais para evitar riscos de infecção. A segunda maior feira natalina da Alemanha, em Stuttgart, distribuirá pulseiras para quem pode entrar, ou seja, imunizados, recuperados ou testados negativos.
A Baviera, conhecida por suas duras regras para minimizar o risco de contágio do coronavírus, está adotando uma abordagem surpreendentemente relaxada para os mercados de Natal deste ano. Os visitantes não precisam usar máscaras, nem provar que foram vacinados, ou que se recuperaram de covid-19 ou mostrar teste negativo. A organização, no entanto, quer limitar o número de visitantes e evitar a formação de multidões.
Modificações estruturais
O Christkindlesmarkt de Nurembergue, por exemplo, reduzirá o número de barracas. Em vez dos habituais 140 estandes, este ano haverá apenas cerca de 100. E em vez de oito corredores entre as barracas, desta vez serão cinco, com seis metros de largura em vez dos três metros dos anos passados.
No lugar do palco em frente à igreja de Nossa Senhora, será colocado um presépio, anteriormente localizado no centro da praça. As barracas de comida muito frequentadas serão movidas do centro para as bordas do mercado, e as de vinho quente ficarão apenas na praça da prefeitura. A intenção é espalhar as barracas por quatro praças.
Christine Beeck, chefe do departamento que coordena as feiras em Munique, diz que foram elaborados planos de emergência para o caso de precisar ampliar as regras de segurança. Segundo ela, se necessário, as barracas de vinho quente na praça da prefeitura podem ser fechadas. Além disso, as vias de acesso podem ser restritas a um sentido único.
Parece que os fãs de castanhas assadas, pão de mel, vinho quente e outras guloseimas natalinas este ano terão seus mercados de Natal. Mas antes de sair de casa é aconselhável ver que regras de segurança devem ser observadas.
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