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'Joia preciosa': iate de luxo de 120 m de Saddam Hussein atrai turistas no Iraque

Iate de Saddam Hussein está deitado em rio no Iraque e atrai turistas - AFP/Getty Images
Iate de Saddam Hussein está deitado em rio no Iraque e atrai turistas Imagem: AFP/Getty Images

17/03/2023 13h24Atualizada em 17/03/2023 15h49

Na confluência dos rios Tigre e Eufrates, no Iraque, uma imagem parece ter sido congelada no tempo: os destroços enferrujados de um iate que naufragou há 20 anos, quando a invasão do país liderada pelos Estados Unidos pôs fim a décadas do regime opressor de Saddam Hussein. Trata-se do Al-Mansur (Vitorioso), que pertenceu ao ex-ditador e hoje virou atração turística e ponto de encontro para piqueniques entre pescadores locais.

Medindo 120 metros de comprimento e pesando mais de 7 mil toneladas, o antigo iate presidencial foi montado na Finlândia e entregue ao Iraque em 1983, segundo o site do designer dinamarquês Knud E. Hansen, responsável pela obra. Hoje, o que um dia foi símbolo da riqueza e megalomania do ex-líder iraquiano jaz caído de lado, meio submerso, nada mais do que um frágil eco das falsas glórias do passado.

"Quando era propriedade do ex-presidente, ninguém chegava perto dele", disse à agência Reuters o pescador Hussein Sabahi, que gosta de terminar um longo dia no rio Shatt al-Arab com uma xícara de chá a bordo dos destroços. "Custo a acreditar que isso pertenceu a Saddam e agora sou eu que transito por aqui", completou.

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Em foto de 2003, iate de Saddam Hussein aparece ainda de pé em rio no Iraque
Imagem: AFP

Al-Mansur foi bombardeado em março de 2003

No período imediatamente anterior à invasão em 20 de março de 2003, o Al-Mansur estava atracado no Golfo. Algumas semanas depois, porém, Saddam emitiu ordens para que o iate, no qual ele nunca embarcou, deixasse seu ancoradouro em Umm Qasr.

A embarcação foi então levada até Basra, onde se encontra atualmente, "para protegê-la do bombardeio de aviões americanos", segundo o engenheiro marítimo Ali Mohamed. "Isso foi um fracasso", acrescentou.

De acordo com o ex-chefe de patrimônio de Basra, Qahtan al-Obeid, em março de 2003 "vários ataques" foram lançados no iate ao longo de vários dias. "Ele foi bombardeado pelo menos três vezes, mas nunca afundou", conta.

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Imagem: AFP

Em fotos tiradas por um fotógrafo da AFP em 2003, o Al-Mansur ainda pode ser visto flutuando na água, com seus andares superiores carbonizados por um incêndio que começou devido ao bombardeio. Mas em junho daquele ano, o barco já começava a se inclinar. O fator decisivo teria sido quando os motores foram roubados. "Isso criou aberturas e a água entrou, fazendo com que ele perdesse o equilíbrio", disse Obeid.

No tumulto que se seguiu à queda de Saddam, o iate foi saqueado. Quase tudo foi removido, desde lustres e móveis até partes de sua estrutura de metal. Desde então, ele entrou em decadência. Embora alguns iraquianos defendam a preservação dos destroços, sucessivos governos não conseguiram alocar fundos para recuperá-los.

"Este iate é como uma joia preciosa, como uma obra-prima rara que se guarda em casa", disse Zahi Moussa, capitão naval que atua no ministério iraquiano dos transportes. "Nos entristece que esteja assim."

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Interior do luxuoso iate que foi de Saddam Hussein
Imagem: Getty Images