Centro de tortura é candidato da Argentina à lista de patrimônios da Unesco
A Memória Argentina para o Mundo apresentou nesta terça (28) em Madri a candidatura à Lista do Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) em favor do antigo Centro Clandestino de Detenção, Tortura e Extermínio criado durante a ditadura dentro da Escola de Mecânica da Marinha e agora convertido no atual Museu e Sítio de Memória da Esma.
Durante a ditadura que a Argentina viveu entre 1976 e 1983, a Esma foi utilizada para prender, torturar e assassinar mais de 5 mil pessoas que se opuseram ao regime civil-militar vivido no país no período.
"Estamos todos aprendendo ao longo deste terrível caminho que a memória histórica é muito importante, fundamentalmente para contar a verdade sobre o que aconteceu e não para escondê-la. Vamos continuar", declarou Graciela Lois, do grupo de Familiares dos Desaparecidos e Detidos por Motivos Políticos, durante a reunião realizada na Casa América, localizada na capital espanhola.
O evento contou com a presença, entre outras personalidades, do ex-presidente do governo espanhol José Luís Rodríguez Zapatero, que manifestou "apoio e solidariedade à Argentina, onde, curiosamente, quase ao mesmo tempo que a Espanha, a democracia estava nascendo ansiosamente".
"Você não pode ser um verdadeiro democrata sem apoiar as exigências daqueles que sofreram a injustiça de uma ditadura", destacou o ex-chefe de governo.
Memoriais
Do Patrimônio da Humanidade da Unesco, 1% é dedicado a lugares onde os direitos humanos foram violados. Entre estes estão o campo de concentração nazista em Auswitzch e Robben Island, na África do Sul, que serviu como uma prisão durante o apartheid.
Durante a reunião, foi exibido um vídeo narrando as atrocidades ocorridas dentro da Esma, onde funcionava um centro de detenção clandestino no qual "muitas colegas mulheres foram sequestradas, torturadas e estupradas", conforme relatado pelo secretário de Direitos Humanos da Argentina, Horacio Pietragalla Corti.
"Daquele lugar, o extermínio foi planejado drogando os militantes sequestrados que foram lançados vivos dos aviões para o Rio da Prata", acrescentou.
O evento também contou com a presença da Secretária de Estado da Memória Democrática, Fernández Martínez López, e o embaixador argentino na Espanha, Ricardo Alfonsín. Em sua visão, a importância da memória histórica não deve existir pelo ódio ou rancor, mas para não esquecer o que a Esma representa e simboliza.
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