Conheça Gili T., a ilha dos cogumelos alucinógenos na Indonésia
Gili Trawangan (ou Gili T., para os íntimos) é uma das mais de 17 mil ilhas que compõem a Indonésia, país que pune o tráfico de drogas com a pena de morte por fuzilamento.
Apesar da lei severa, que condenou e executou os brasileiros Marco Archer Cardoso Moreira e Rodrigo Gularte, nesta pequena ilha o comércio de cogumelos alucinógenos (que também são proibidos) não é reprimido.
A poucos metros da única delegacia - que passa mais tempo fechada do que aberta -, os quiosques à beira-mar ostentam placas anunciando o "ticket para a lua" e o "shake mágico": cogumelos alucinógenos batidos com fruta, geralmente abacaxi.
Ironicamente, os policiais que fazem rondas eventuais em Gili T. (com vista grossa para o comércio ilegal) e os cogumelos vêm do mesmo lugar - Lombok, a maior ilha vizinha.
Assim, grupos de turistas podem degustar tranquilamente a bebida no balcão dos quiosques durante o dia, aproveitando a praia de areias brancas e água azul-turquesa.
À noite, o consumo dos cogumelos também é popular - no coquetel ou in natura - e ajuda a embalar a diversão nos bares com reggae ao vivo e nas festas de música eletrônica a céu aberto. Por essas opções de entretenimento noturno, Gili T. também é conhecida como a ilha das festas na Indonésia, superando a fervida Bali.
Loucos pelas ruas, mas sem perigo no trânsito
Se o consumo de alucinógenos é alto, também deveria ser o risco de acidentes - exceto por um detalhe: não há veículos motorizados em Gili T. O meio de transporte principal é a bicicleta, que pode ser alugada por 50.000 rúpias indonésias (cerca de R$ 16) por dia, ou até menos, dependendo da sua capacidade de negociação.
O pedal não exige muito esforço nem dos sedentários, já que o relevo local é plano. Uma hora e meia é o tempo necessário para dar a volta completa na ilha. Outra opção de transporte é a charrete, usada para cargas e pessoas com muita bagagem.
Apesar de estar a menos de duas horas de distância de Bali, onde a religião predominante é o hinduísmo balinês, Gili T. tem a maioria da população muçulmana. Ou seja, é comum ver as mulheres cobertas pelo hijab e há placas pelas ruas pedindo para que as turistas não circulem de biquíni em respeito à cultura local. Além disso, as duas mesquitas da ilha entoam as orações à Allah no alto-falante cinco vezes por dia e você vai ouvi-las onde quer que esteja - seja na praia ou no conforto da sua cama, já que a primeira é durante a madrugada, antes das 5 horas da manhã.
Água salgada 24 horas por dia
Falando em conforto, há um aviso que vale ser dado: não há fonte de água doce em Gili T. A maioria dos lugares (incluindo hotéis, bares, restaurantes, lavanderias) tem água salgada nas torneiras e chuveiros. Isso significa que, para ter água doce no seu quarto de hotel, você terá que procurar uma acomodação de nível superior e, claro, pagar um pouco mais. As opções de hospedagem vão desde os baratos hostels e homestays até luxuosos resorts com piscinas de borda infinita e beach clubs à beira-mar.
Apesar da beleza das praias de água morna, cristalinas e calmas, pode ser doloroso entrar no mar ou caminhar na areia sem sapatos aquáticos. Isso porque há muitos pequenos pedaços de corais que machucam os pés.
São muitas as paisagens deslumbrantes em Gili T., como a praia do pôr do sol e seus balanços instragramáveis na água, mas foi a rica vida marinha que me fez apelidar a ilha de "Gili Extravagante", um trocadilho com o Trawangan. Não por acaso, há muitas escolas de mergulho e passeios para fazer snorkel.
Um tour com cerca de quatro horas de duração leva ao ponto das tartarugas, aos recifes de corais e à incrível escultura submersa do artista inglês Jason deCaires Taylor, com estátuas humanas em tamanho real formando um ninho circular em referência ao ciclo da vida. Feita com concreto inofensivo ao meio ambiente, é uma obra para facilitar o crescimento dos corais.
O mesmo tour leva às irmãs menores de Gili T.: Gili Meno e Gili Air, que podem ter o nome parecido, mas têm estilos bem diferentes. Gili Meno é a menor de todas e a mais pacata, onde ainda se vê locais destruídos e abandonados após uma série de fortes terremotos que atingiram a região em 2018. Gili Air já se reconstruiu, assim como Trawangan, e o turismo avança a passos largos. O passeio de barco custa 100.000 rúpias indonésias, cerca de R$ 32, e vale muito a pena.
Outra curiosidade é que não há cachorros na ilha. Os gatos, em compensação, estão por toda parte. Alguns estabelecimentos deixam água na entrada para os bichanos e outros disponibilizam uma caixa para os turistas fazerem doações de dinheiro para ajudar a alimentá-los. A Cats of Gili é uma loja que arrecada recursos para essa finalidade.
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