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Não é hora de luxo: as ações de grandes grifes na luta contra o coronavírus

Marcas internacionais e brasileiras anunciaram ações em diversas frentes contra o coronavírus - iSTock
Marcas internacionais e brasileiras anunciaram ações em diversas frentes contra o coronavírus
Imagem: iSTock

Maria Carolina Gimenez

Colaboração para Nossa

26/03/2020 04h00

À medida que a situação da pandemia se desenrola de maneira alarmante, é inevitável que as grandes marcas de moda se posicionem frente a seus clientes e seguidores. Algumas grifes estão indo além e realizando doações fundamentais destinadas as necessidades urgentes de hospitais e sistema de saúde de seus respectivos países.

Com a China, Itália e França entre os principais países paralisados devido a propagação do coronavírus, as dificuldades do mercado de moda e luxo estão à frente do trivial, já que as fábricas e ateliês concentrados nessas regiões praticamente estagnaram as suas linhas de produção. Segundo o índice MSCI Europe Textiles, Apparel & Luxury Goods, responsável por medir as ações das grandes empresas nos 15 maiores mercados, o segmento de luxo sofreu uma queda de 23% e perdas de 152 bilhões de dólares.

A indústria da moda está sendo estimulada a agir de imediato, mesmo diante do forte prejuízo para o setor, em um momento em que a responsabilidade social é prioridade.

Marcas brasileiras

No Brasil, em uma iniciativa de solidariedade, o grupo Arezzo & Co, que reúne as marcas Alexandre Birman, Schutz, Arezzo, Fiever, Alme, Vans e Anacapri, realizou a ação intitulada "Passos das Heroínas", na qual foram doados, ao todo, 10 mil sapatos para profissionais da área da saúde.

Segundo Alexandre Birman, CEO da Arezzo & Co: "Teríamos muitos profissionais para agradecer e homenagear nesse momento, escolhemos algumas profissionais de saúde que representam toda a intenção. Foram 10 mil pares de tênis para mulheres de todo Brasil. É apenas um gesto de agradecimento."

A Natura & Co, conglomerado das marcas Avon, Natura, The Body Shop e Aesop, e o Grupo São Martinho, do setor sucroenergético, se uniram para produzir 15 mil quilos de álcool em gel e 150 mil litros de álcool em solução 70% para serem doados à Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo. A fábrica da Avon na capital paulista, além de movimentar sua força de trabalho em um momento de paralisação, vai processar o principal produto indicado na prevenção ao contágio pela covid-19,, que será distribuído em postos de saúde no Estado.

A Riachuello, assim como a Companhia Hering, colocaram suas fábricas à disposição do Governo para realizar a confecção de máscaras e aventais descartáveis para suprir a alta demanda de hospitais e profissionais da saúde. Ambas aguardam a liberação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para começar a produção.

Grifes internacionais

LVMH - Reprodução Instagram - Reprodução Instagram
A VMH colocou direcinou fábricas da Christian Dior, Guerlain e Givenchy para a produção de álcool em gel
Imagem: Reprodução Instagram
Na Europa, uma das maiores holdings especializadas em artigos de luxo, a LVMH, direcionou três de suas maiores fábricas de perfume, as instalações de fragrâncias e cosméticos da Christian Dior, Guerlain e Givenchy, à produção do máximo necessário de álcool em gel para ser entregue gratuitamente às autoridades sanitárias francesas. Em recente pronunciamento, o grupo informou o fornecimento de 40 milhões de máscaras para colaborar com a escassez do material na França. A empresa também destinou 2,2 milhões de dólares para a Sociedade da Cruz Vermelha chinesa.

Em um feito inédito, a Bulgari colaborou com o sucesso da equipe médica do Departamento de Pesquisa do Hospital Lazzaro Spallanzani, em Roma, para isolar a estrutura do vírus em menos de 48 horas. A marca entrou com os recursos que permitiram a compra de um sistema de aquisição de imagens microscópicas de última geração, fundamental para aperfeiçoar a pesquisa de prevenção e tratamento da covid-19. Além disso, a empresa doou 200 mil frascos de álcool em gel para médicos na Itália.

Prada - Divulgação - Divulgação
A grife Prada vai produzir 110 mil máscaras e 80 mil macacões médicos para os profissionais de saúde da Itália
Imagem: Divulgação

Miuccia Prada e Patrizio Bertelli, co-CEOs da Prada, anunciaram em comunicado emitido à imprensa, a doação de seis unidades de terapia intensiva para hospitais em Milão, na Itália. Na última semana, a grife iniciou a produção de 110 mil máscaras e 80 mil macacões médicos reservados aos profissionais de saúde.

O estilista Giorgio Armani comunicou a doação de 1,25 milhão de euros para três hospitais da mesma região italiana, além de converter fábricas para produzir macacões médicos. Assim como Donatella Versace, da grife italiana Versace, doou 200 mil euros para a UTI do hospital de San Raffaele, também em Milão.

Domenico Dolce e Stefano Gabbana, fundadores da Dolce&Gabbana, prestaram apoio ao desenvolvimento de pesquisas e estudos da Universidade Humanitas, localizada no município italiano de Rozzano, e afirmaram à imprensa: "Apoiar pesquisas científicas é um dever moral para nós. Esperamos que nossa contribuição ajude a resolver esse dramático problema".

A grife Valentino uniu forças com umas das maiores entidades de investimento do Catar, a Mayhoola, para doar 2 milhões de euros em apoio às unidades de tratamento intensivo do Hospital Sacco, em Milão, e para a Agência de Proteção Civil italiana, órgão nacional responsável pela prevenção e gerenciamento de eventos de emergência.

Com sede em Paris, o grupo Kering, composto por algumas das maiores empresas de luxo, tal como Gucci, Saint Lauren e Alexander McQueen, destinou US$ 1 milhão à Sociedade da Cruz Vermelha da China e US$ 2 milhões para a produção de suprimentos médicos na França.

Segundo comunicado, a multinacional Inditex, grupo espanhol dono da Zara, colocou suas cadeias produtivas e rede logística à disposição do governo da Espanha, e passou a produzir vestimentas hospitalares e máscaras descartáveis para distribuição em centros de saúde de todo o país.