Fica... a bordo! Família Schurmann relata rotina de isolamento em veleiro
Como muitos outros apaixonados pelo mar, a Família Schurmann, que há 36 anos trocou a terra pela vida a bordo, tem enfrentado a pandemia do coronavírus em suas embarcações - e garantem que não há local mais seguro.
Em viagem às Ilhas Falklands/Malvinas, Vilfredo Schurmann, seu filho Wilhelm e a sua nora, Erika, estão totalmente isolados do vírus que assola o mundo. Em 30 dias de jornada, desde a saída de Itajaí, os três tripulantes tiveram contato apenas com dois fazendeiros.
"Há mais ou menos um mês, soubemos das notícias e medidas adotadas por meio do rádio e da internet a bordo. Estávamos prontos para zarpar para o Brasil, rumo a Itajaí. Seriam 10 dias de navegação. Mas as notícias não eram boas e, por isso, resolvemos estender nossa estadia", conta Vilfredo.
Coronavírus nas Ilhas Falklands/Malvinas
Ele conta que é possível desembarcar no local, uma vez que houve somente dois casos de covid-19, que já estão fora de perigo.
Mesmo assim, na maior cidade (Porto Stanley com cerca de 2 mil habitantes), no supermercado só podem entrar 15 pessoas por vez, mantendo a distância de 2 metros entre elas e usando máscaras, entre outras medidas de segurança.
"Apesar de controlável e aparentemente seguro, preferimos não ficar na cidade e sim permanecer no meio do mar", conta.
Contato com o mundo
Dependendo da localização do veleiro, eles mantêm a comunicação com os demais integrantes da família (Heloisa e David Schurmann, estão isolados em São Paulo) por satélite, e-mail ou telefone.
"Eu estou escrevendo o livro sobre a nossa Expedição U-513 - Em Busca do Lobo Solitário, que resultou na descoberta do primeiro submarino alemão naufragado, durante a Segunda Guerra Mundial, na costa catarinense. Além do trabalho, também lemos muito, Erika pinta, jogamos cartas, caminhamos nos pastos no meio de carneiros e ovelhas (uma média de 6 km por dia), subimos montanhas de 450 metros de altura. Em 30 dias, andamos 80 km. À noite assistimos a filmes no telão que temos a bordo", afirma.
"Isso também vai passar"
Vilfredo aproveita de sua experiência do mar para passar uma mensagem de otimismo diante do isolamento do coronavírus:
"Na próxima terça, 14 de abril, completamos 36 anos de aventuras. Durante esse período, demos três voltas ao mundo, navegamos cerca de 400 mil milhas náuticas e enfrentamos muitas tempestades. Em uma delas, perdemos os mastros e ficamos à deriva. Mas as tempestades passam. E essa também vai passar! Temos que ter serenidade para enfrentá-las com competência e preparados para desfrutar o pós-tempestade", conclui.
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